quarta-feira, 28 de maio de 2025

#EntrevistasInéditas Serginho da Vassoura, um Poeta das Ruas e dos instrumentos inusitados

 


Pelotas, RS – Serginho da Vassoura, músico gaúcho conhecido por sua originalidade e performances nas ruas de Pelotas, se prepara para o lançamento de um novo trabalho, "Brasil Mad Max", gravado durante a pandemia. O artista, que celebra seu aniversário em 24 de junho, dia de São João e Xangô, em sua cidade natal, Pelotas, onde nasceu em 1980, revela detalhes sobre sua trajetória, a criação de seus instrumentos únicos e o processo criativo por trás de suas letras irônicas e críticas.

A marca registrada de Serginho são seus instrumentos peculiares, como o "Vassorolão", que ele descreve como uma "trilogia da vassoura". A ideia de transformar uma vassoura em guitarra surgiu há mais de 20 anos, após um violão seu quebrar. A inspiração veio de filmes, onde pessoas dançavam com vassouras ou as usavam como guitarras, e da necessidade de chamar a atenção em suas apresentações de rua.

A vassoura atual, a segunda que ele produziu (a primeira foi em Pelotas e a segunda no Rio de Janeiro), carrega pedaços de outros violões e até mesmo um "braço" adquirido na Inglaterra, de um irlandês. A terceira vassoura já está em produção, pois a atual não está mais afinando bem. Ele também menciona um "tonel" que seria um "companheiro" para a vassoura.

As músicas de Serginho da Vassoura, que ele não costuma escrever as letras, permanecem em constante transformação, adaptando-se às realidades de cada cidade onde se apresenta. Essa abordagem resultou em canções que "estão sempre vivas". "Agora F*deu", uma de suas músicas mais conhecidas, nasceu dessa forma. A canção, que aborda uma crise de fé e a busca por respostas em diversas fontes espirituais e religiosas, é marcada pela repetição da frase "Agora fodeu, aquele Deus virou ateu", uma metáfora poderosa que reflete a perda total de fé e a sensação de abandono. A letra explora a busca por respostas em fontes não convencionais, como livros e discos, criticando a superficialidade de instituições tradicionais.

O videoclipe de "Agora F*deu" foi um "cinema de guerrilha", produzido em Pelotas com o apoio de uma equipe talentosa da cena de cinema e audiovisual local. O roteiro foi feito de forma improvisada, de acordo com a letra, e contou com a participação de parceiros do artista. A direção e produção ficaram a cargo, em grande parte, de Cinthia, uma professora de cinema renomada em Pelotas. Serginho destaca que este foi seu primeiro videoclipe e que o resultado foi "muito mágico" e "muito legal".

Atualmente, Serginho da Vassoura está focado em um novo projeto e na necessidade de conseguir um telefone para retomar suas atividades nas redes sociais, após ter perdido o seu. Apesar dos desafios, o músico continua a cativar o público com seu estilo único, letras irônicas e críticas subliminares que refletem a realidade social e cultural do Brasil. Ele expressa seu apreço pela música brasileira, especialmente pelos poetas das regiões Norte e Nordeste, e por artistas como Raulzito, Luiz Gonzaga, Belchior e Mateus Aleluia

Vamos saber mais da entrevista que fizemos com ele?

Você acabou sendo muito conhecido porque sua música “Agora F*deu” acabou virando meme no Instagram. Como você vê sua música virar trend da internet?

Então, começaram a me mandar músicas “Agora Fudeu” que estão usando. Achei maneiro. Estou usando tudo que é vídeo. Quando dá uma merda, quando dá uma sacanagem. Então, bem legal, bem legal.

Como surgiu a ideia de transformar uma vassoura na sua guitarra? E o tonel que virou contrabaixo?

A vassoura, essa vassoura que eu estou tocando agora, já é a segunda que eu fiz. Estou produzindo a terceira agora. A primeira eu fiz aqui em Pelotas. E a segunda eu fiz lá no Rio de Janeiro. E agora eu estou fazendo a terceira trilogia da vassoura. E o tonel veio na ideia de fazer um par, né? Um companheiro pra vassoura ali. Veio um contronel (contrabaixo e tonel). Ela é um pedaço de cada coisa. A ideia da vassoura veio quando quebrou um violão meu, há muitos anos, mais de 20 anos. Mas eu sempre tive na cabeça a exigência, principalmente dos filmes, da pessoa dançar com a vassoura ou fazer uma cena de guitarra e ver essa ideia de... de fazer a guitarra mesmo de vassoura, até porque eu já tocava com violão na rua, vendo meus trampos, fazendo som. Então, a rua, fazer algum show de rua assim, ela pede isso, que seja uma coisa diferente, né? Chama mais atenção também. Pra gente apresentar, pra chamar atenção na rua, né? No trampo é melhor que fazer um instrumento diferente, assim, pra chamar mais atenção. tem pedaços de cada violão, o braço do violão, aquela mão que é o que traz a vassoura ali, aquela mão aí eu peguei lá na Inglaterra, o tempo que eu estive lá também, peguei de um irlandês lá, um brechó que é o mineiro. Então, por onde eu fui passando, essa vassoura tem mais história do que a primeira. Eu vivi em um monte de lugar também no Brasil, dormia comigo na rua...

Quem na música brasileira te inspira?

A música brasileira eu gosto toda. Mas tem muita música aqui, músicas que eu gosto muito dos Poetas. Acho que da região do Norte, Nordeste, do Brasil, sabe? É muito forte a poesia. Gosto muito do Raulzito, sim. Gosto da Luz, da Amar, Belchior, do Mateus Aleluia, sabe? E quando eu paro pra ouvir música, eu não paro muito assim pra ficar ouvindo disco, sentado, mas quando eu quero ouvir um som mesmo, só eu e esse tipo de música que eu boto pra tocar, que é a calma, a gente acalma os bichos e tudo. A gente fica tranquilo, é uma poesia muito forte pra gente refletir e dar sentido, dar as coisas, né? Eu acho que muito maneira esse tipo de som brasileiro.

Voltando a “Agora F*deu”, como foi a produção do videoclipe?

O clipe do Agora Fudeu Foi uma coisa muito legal o que aconteceu. Uma galera massa aqui de Pelotas, uma galera forte mesmo dessa cena de cinema, do visual. Essa produção era um cinema de guerrilha. E foi tudo na raça, tudo na raça. Uma galera que apoiou do início ao fim. Não tive custo nenhum de presente essa produção, o maior presente no trabalho foi esse clipe aí. E o roteiro foi feito meio na hora. Conforme a letra, eu falando e a galera trabalhando de cima. A maioria das pessoas que aparecem aí, todas praticamente, são parceiras minhas que aparecem no clipe. Ficou muito legal. a direção e produção, uma grande parte do projeto foi dirigido pela Cinthia, que é uma professora de cinema aqui em Pelotas, bem conhecida, o trabalho dela. Então, foi uma galera profissional trabalhando, foi muito máximo, até porque foi um tipo de trabalho de audiovisual Primeiro, eu não tinha feito outro clipe, nem tem outro até agora. Vídeo tinha vários, mas clipe não. Então foi tudo massa, tudo novo, ficou muito legal. Essa produção do clipe ficou bem massa.

 Tem algum lançamento previsto de música nova?

Tem um trabalho novo que eu vou lançar aí. Tá botando na plataforma do Spotify. Que foi gravado na pandemia, como eu não podia... Tocar na rua, voltar na rua. Tem uns meses aí que não dá pra fazer nada na rua, né? A gente fez uma gravação. A gente entrou na casa de um amigo meu, o David, que toca bateria comigo. Tem umas gravações aqui em casa também. O trabalho só é Brasil Mad Max. Foi gravado naquela... Naquele tempo de pandemia, né? É um trabalho normal, mas a gente quer passar por música própria também. Brasil, Mad Max. As músicas, eu não tenho muita... Eu não gosto muito de escrever as letras, então elas vão ficando na cabeça. Algumas eu vou esquecendo e outras estão sempre em transformação, em mutação. Então elas estão sempre vivas, porque nesse negócio de eu tocar na rua, o meu esquema era sempre das tocadas da rua, sempre era... cada cidade que eu chegava, eu via as coisas que estavam acontecendo ali no local para adaptar a música para as pessoas se identificarem. Queria ficar livre para conhecer o que estava fazendo, o que estava cantando. E algumas letras vão ficando. Realmente sempre é uma frase, algumas três frases, que dali vai sendo uma letra, vai nascendo como nasceu o Agora Fudeu.

Vamos agora conhecer a música que ficou conhecida no Instagram