Com um peso importante na nota final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos próximos dias 5 e 12 deste mês, a redação é um momento temido por muitos alunos. No primeiro dia de provas aplicadas, os vestibulandos já vão enfrentar a produção de texto, no grupo de questões de Linguagens e de Ciências Humanas. “Está na hora de o aluno desacelerar e confiar em toda trajetória que ele construiu ao longo do ano, focando no projeto de texto estratégico que atenda ao critério da banca avaliativa”, comenta a professora de Redação e de Língua Portuguesa do Colégio CBV, Maria Pereira.
De acordo com Maria, o melhor caminho para se sair bem na redação do Enem é manter-se atualizado sobre o que acontece no Brasil e no mundo para desenvolver um posicionamento crítico acerca da temática solicitada. A professora ressalta a importância do planejamento textual para construir a prática, escrevendo textos semanalmente, além do hábito de ler e de escrever – práticas indissociáveis. “O aluno, que estuda e pratica, vai fazer uma boa redação. A prática contribui para dar vida ao texto”, comenta a professora. Na hora de escrever a redação, é preciso planejar de forma estratégica, se adequando aos elementos e aos critérios exigidos no texto dissertativo-argumentativo.
“Dentro do prazo estipulado de 1h30, é preciso interpretar o tema, analisar as palavras-chave, selecionar as ideias dos textos motivadores presentes na prova e buscar neles a melhor estratégia para a construção do texto. O aluno deve pensar: o que essas ideias vão trazer de conhecimento para me ajudar a fazer o texto?”, detalha Maria. Com esses pontos iniciais levantados, o segundo passo é pensar no problema trazido através do tema da redação. “A partir daí, o aluno vai selecionar quais estratégias argumentativas são mais pertinentes para defender o seu ponto de vista. É bom sempre lembrar que, na proposta de intervenção, o aluno não pode ferir os Direitos Humanos e deve apresentar uma solução prática e executável”, ressalta a professora.
Na redação do Enem, os textos são avaliados a partir de cinco competências, cada uma valendo de 0 a 200 pontos. A proposta de intervenção construída pelo aluno deve trazer os seguintes elementos obrigatórios: que tipo de ação resolveria o problema apresentado; quem seria o responsável para executar a ação; de que modo essa ação será colocada em prática; que detalhes contribuirão para que a ação tenha sucesso e qual será a finalidade dessa ação.
Outra orientação é não se esquecer dos mecanismos coesivos necessários para a construção da argumentação e também conectar corretamente todas as partes do texto. Na opinião de Maria Pereira, é importante que o aluno, para garantir a nota máxima na redação, estude bem os eixos temáticos, selecionando repertórios socioculturais que se adequem ao seu projeto de texto autoral, como direitos humanos, justiça social, meio ambiente, cultura, ciência e também estabeleça, por exemplo, conexão com a tecnologia e a educação – com foco ao uso da inteligência artificial. “Os alunos não devem esquecer que o tema da redação sempre traz uma discussão atual e, geralmente, é selecionado durante o primeiro semestre do ano”, adverte Maria.
ATUALIDADES – Os estudantes também precisam estar atentos para questões geopolíticas que são cobradas com recorrência e que são fundamentais para compreensão do mundo contemporâneo. Num plano mais local, as questões que afetam o Brasil e que são tratadas com recorrência na mídia, como a questão ambiental, são elementos fundamentais. Temáticas consagradas também merecem atenção, como é o caso dos Movimentos Sociais, as transformações e permanências das culturas preconceitos como o racismo, o sexismo, o etarismo etc.
O Professor de História do Colégio CBV, Wellington Estima, reflete sobre a importância dos conflitos do tempo presente que dialogam com o passado, como as guerras que foram germinadas em meio a Guerra Fria ou que tem ela como antecedente importante; o conflito árabe-israelense, a Guerra da Rússia na Ucrânia, e as questões que envolvem China e Taiwan. “É preciso também ter atenção com a questão dos refugiados, muitos oriundos do continente africano em decorrência de um passado de exploração imperialistas por parte, especialmente, de nações europeias”.
O professor adverte, também, para questões que envolvem a reativação, nos últimos anos, de um nacionalismo mais exacerbado em vários lugares do mundo; fato que desencadeou cenários como o Brexit e questões envolvendo xenofobia e conflitos, em vários países, com refugiados.
Outro aspecto fundamental que é recorrente no Exame é a questão Palestina, que foi reacendida devido ao conflito que teve início nas últimas semanas, mas que tem uma importância histórica que antecede o início do século passado e ganha uma configuração complexa desde 1948, com a Criação do Estado de Israel. “O Oriente Médio, para além da questão envolvendo Israel e Palestina, é igualmente importante quando se pensa a questão energética, especialmente o petróleo e os sistemas de alianças que foram sendo estabelecidos desde a Guerra Fria e que são sensíveis até os dias atuais” finaliza Estima.
Dicas para escrever uma boa redação:
- Cuidado com a estrutura sintática dos períodos do texto;
- Jamais esquecer as regras de ortografia e gramática;
- Fique de olho nas escolhas vocabulares e preze por um nível de linguagem formal;
- Utilize no texto as palavras-chave do tema;
- Construa a estrutura do texto na forma dissertativa argumentativa;
- Acione suas áreas de conhecimento e traga para o texto um bom repertório sociocultural;
- Tenha estratégias argumentativas para defender as ideias apresentadas;
- Sempre use elementos coesivos diversificados.
Temas de atualidades que merecem atenção:
- A Segunda Guerra Mundial;
- As marcas da Guerra Fria;
- As guerras no Oriente Médio;
- Guerra da Rússia e Ucrânia
- Relações diplomáticas dos EUA no Oriente Médio;
- O papel da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
- As diferenças entre os dois grupos mulçumanos: xiitas e sunitas;
- A ascensão do nacionalismo no mundo;
- Refugiados e imigrantes;
- A relação da China com os Estados Unidos.
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