Entre os números divulgados em relação à edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), chama a atenção que mais de meio milhão (529.374) de participantes obtiveram nota zero na redação. Entre eles, 244.471 tiveram o texto anulado e 284.903 entregaram a prova em branco.
No Enem 2013 foram corrigidos 5.049.248 textos. Destes, 33.991 foram entregues em branco e 73.751 foram anulados, totalizando 106.742 redações com nota zero. No Enem 2014 as redações com nota zero representam 8,54% do total (foram 6.193.565 participantes), enquanto na edição de 2013 o índice foi de 2,11%.
Segundo o Edital do Enem 2014, as redações podem ser zeradas por sete motivos: 1) fuga ao tema; 2) texto em branco; 3) cópia de texto motivador; 4) texto com menos de sete linhas; 5) não atendimento ao tipo textual; 6) parte desconectada com o restante do texto; 7) ferir os direitos humanos. Veja a tabela abaixo:
Tabela divulgada pelo Inep com as redações anuladas
A tabela divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que a maioria das redações foi anulada por fuga ao tema. No entanto, a tabela não considera as redações em branco. Essa informação foi repassada pela Assessoria de Comunicação do Inep, em contato feito pelo Brasil Escola.
Em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem, 13 de janeiro, o ministro da Educação, Cid Gomes, comentou que o tema da redação do Enem 2014 pode ter influenciado no aumento dos textos com nota zero. “O tema de 2014, publicidade infantil, não teve um grande processo de discussão. Não diria que foi mais difícil, pois é relativo. Não teve um grau de discussão nacional com o tema de 2013", afirmou o ministro. No Enem 2013 o tema foi “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”.
Os participantes que tiraram zero na redação do Enem não poderão participar do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) 2014, cujas inscrições abrem na próxima segunda-feira, dia 19 de janeiro. Eles não poderão concorrer nem as vagas das universidades que não consideram a redação do Enem para o cálculo da pontuação.
Nota 1.000
O balanço do Enem 2014 também mostrou que apenas 250 participantes alcançaram a nota máxima na redação, ou seja, pontuação 1.000. Na edição de 2013 foram 481 estudantes. Além do tema, outro motivo que pode ter levado a diminuição desse número foi o encaminhamento das redações nota máxima para uma banca avaliadora. Essa medida foi uma novidade da edição.
Até o Enem 2013 a banca só era acionada se o terceiro corretor não chegasse a um acordo com os dois avaliadores que corrigem a redação inicialmente. A banca é composta por três corretores especialistas e presidida por um doutor, o que confere um maior rigor na correção.
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró só prestará depoimento à Polícia Federal quando tiver acesso a todas as denúncias contra ele. A pedido da Justiça, a PF abrirá um novo inquérito contra Cerveró por ocultação patrimonial. O ex-diretor da Petrobras foi preso na madrugada desta quarta-feira ao desembarcar no Rio de Janeiro, em voo que partiu de Londres. Levado a Curitiba, ele já fez exame de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) e encontra-se na carceragem da PF na capital paranaense.
A ordem de prisão do ex-diretor foi expedida pela Justiça Federal no dia 1º de janeiro, segundo revelou o advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Edson Ribeiro. O advogado afirmou ainda que considerou ‘risível’ a justificativa para a detenção de seu cliente.
- É ilação do Ministério Público contra o meu cliente - afirmou Ribeiro que negou que Cerveró tenha tentado sacar o dinheiro do fundo de previdência:
- Ele fez apenas uma consulta.
A ordem de prisão do ex-diretor foi expedida pela Justiça Federal no dia 1º de janeiro, segundo revelou o advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Edson Ribeiro. O advogado afirmou ainda que considerou ‘risível’ a justificativa para a detenção de seu cliente.
Segundo o MPF, a prisão preventiva foi requerida porque há fortes indícios de que Cerveró continua a praticar crimes, como a ocultação de bens e proveito do crime no exterior, além da transferência de dinheiro e imóveis para familiares. O MPF diz que há evidências de que ele tenta frustrar penalidades futuras. A prisão e buscas em apartamentos de Cerveró foram autorizadas pela Justiça.
De acordo com informações fornecidas pelo COAF logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso forense, o ex-diretor tentou transferir para sua filha meio milhão de reais - mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. Cerveró também transferiu recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil.
O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula afirma que a partir do fim de dezembro a PF passou a receber informações online sobre as movimentações financeiras de Cerveró, que foram observadas como fora do padrão e indicavam que o dinheiro em espécie poderia ser usado numa fuga ou em operações destinadas a "blindar o patrimônio", que tem "origem ilícita, de negócios na diretoria da Petrobras".
Para o MPF, a prisão é necessária também para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso.
Cerveró foi preso à 0h30m no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Após ser retirado de dentro de uma aeronave, antes mesmo de desembarcar, ele foi encaminhado para uma sala da PF no aeroporto e, logo depois, encaminhado para a delegacia da PF de Curitiba, onde estão presos os outros investigados na Operação Lava Jato.
Segundo o advogado Edson Ribeiro, Cerveró tentou de fato transferir R$ 500 mil para sua filha, que sofre de uma doença, e o dinheiro poderia ser necessário para alguma emergência enquanto estivesse fora do pais. Mas não o fez, disse o advogado. Sobre a outra justificativa para a ordem de prisão de Cerveró - transferência de imóveis para familiares - , o advogado diz não acreditar que o magistrado responsável pelo processo tenha considerado isso um crime.
- Me recuso a acreditar que um juiz tenha considerado isso crime. Não existem elementos para essa prisão. Doutor Sergio Moro jamais faria isso. Foi um juiz de plantão - disse o advogado, que acrescentou:
- Se isso fosse crime, tranferir bens antes de qualquer denúncia, então por que não mandaram prender a presidente da Petrobras, Graça Foster, que também transferiu imóveis para familiares? Isso não é crime.
O advogado afima que nem ele, nem Cerveró, tinham conhecimento sobre o fato de que a ordem de prisão já estava expedida desde o início de janeiro. Ribeiro afirmou ainda que seu cliente não era um foragido, e que informou à Justiça que Cerveró viajaria para a Inglaterra.
- Meu cliente estava em Cambridge, voltou e prestaria depoimento na quinta ao MP do Rio sobre vazamento de informações sobre Pasadena e seria citado, em casa, na sexta-feira, sobre a denúncia que corre no Paraná. Ele sempre colaborou com a Justiça
Cerveró também transferiu recentemente, conforme noticiou o GLOBO, três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil. A operação de transferência também foi apontada pelos procuradores no pedido de prisão.
Cerveró voltava ao Brasil num voo que vinha de Londres, onde fora passar o Natal e o réveillon com a família da mulher. Segundo o advogado Edson Ribeiro, o MPF e a PF foram avisados e a viagem foi monitorada todo o tempo.
O ex-diretor da estatal é reu em um dos processos em curso na Justiça Federal de Curitiba e responde por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. São réus no mesmo processo o consultor Júlio Gerin de Almeida Camargo, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Fernando Antonio Falcão Soares. Tanto Camargo quanto Youssef assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal - ambos já homologados pela Justiça.
O endereço de Cerveró, que consta na denúncia do MPF, é o da Rua Nascimento e Silva, onde o oficial de Justiça não conseguiu localizá-lo. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, marcou audiência do processo para o dia 11 de fevereiro, quando serão ouvidas duas testemunhas de acusação - Carlos Alberto Pereira da Costa, que atuava para o doleiro Youssef, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
Ao aceitar a denúncia, o juiz ressaltou que o MPF reuniu um número significativo de documentos que amparam as denúncias, "especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro".
Todos os três países mais atingidos pela epidemia de Ebola registraram o menor número semanal de novos casos em vários meses, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira, enquanto que o número global de mortes chegou a 8.429 entre 21.296 casos notificados até o momento.
Serra Leoa e Guiné registraram o menor número total semanal de casos confirmados de Ebola desde agosto do ano passado. A Libéria, que não registrou nenhum caso novo da doença por dois dias na semana passada, teve o menor índice semanal desde junho, segundo a OMS.
O surto de Ebola, uma febre hemorrágica, apareceu pela primeira vez na África Ocidental há pouco mais de um ano, quando um menino de dois anos morreu no sul da Guiné em 28 de dezembro, mas a epidemia só veio à tona em março do ano passado, quando a doença já havia se espalhado amplamente.
A crise de Ebola na África Ocidental deve durar até o fim de 2015, de acordo com o cientista Peter Piot que ajudou a descobrir o vírus em 1976 no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo.
Na sexta-feira (9), a Anistia Internacional divulgou um comunicado sobre o que seria o maior e mais mortal ataque do grupo Boko Haram desde o seu surgimento, em 2009. Segundo a entidade, seriam aproximadamente 2 mil mortos na cidade de Baga, na Nigéria, e em diversas vilas ao seu redor. O governo do país, por sua vez, disse nesta segunda (13) que são 150 vítimas. O número exato dificilmente será conhecido, já que ainda não é considerado seguro ir ao local para contar ou recolher os corpos espalhados pelas ruas.
Veículos de imprensa e analistas internacionais agora questionam como um caso desse porte teve uma repercussão tão pequena, especialmente em comparação ao ataque terrorista na França, ocorrido menos de uma semana depois.
O grupo radical islâmico nasceu de uma seita que atrai jovens do norte da Nigéria. Seus líderes são críticos em relação ao governo nigeriano e querem estabelecer a lei do Islâ no país. Além disso, condenam a educação ocidental e são contra mulheres frequentarem a escola.
Para Mohammed Yusuf, fundador da seita, os valores ocidentais, instaurados pelos colonizadores britânicos, são a fonte de todos os males sofridos pelo país. Segundo informações da agência AFP, o grupo recruta novos membros principalmente entre os "almajirai", estudantes islâmicos itinerantes, que não tiveram acesso a uma educação de qualidade. Também recebe apoio de intelectuais que consideram que a educação ocidental corrompe o Islã tradicional.
Desde 2009, o Boko Haram já invadiu centenas de vilas na Nigéria, onde proclamou um califado em agosto de 2014. Em alguns casos eles sequestram meninas e mulheres, para se casarem e servirem aos seus combatentes, em outros levam toda a população masculina de crianças e adolescentes para serem treinados como seus combatentes. A estimativa é de que nestes cinco anos eles já tenham matado mais de 15 mil pessoas no país.
O arcebispo da cidade nigeriana de Jos, Ignatius Kaigama, ouvido pela BBC, disse que a luta contra o extremismo no país requer o mesmo apoio internacional e espírito de unidade que foram demonstrados após os ataques de militantes na França. "Precisamos que esse espírito se multiplique, não apenas quando isso ocorre na Europa, mas também na Nigéria, no Níger ou em Camarões".
Diversos fatores, porém, ampliam as diferenças entre os dois casos. A ação do Boko Haram, que começou no dia 3 e possivelmente durou mais alguns dias, aconteceu em um lugar onde, segundo " The Guardian", praticamente não existe acesso à internet, jornalistas dificilmente circulam por medo de serem capturados e as informações costumam demorar um bom tempo para serem transmitidas, muitas vezes graças aos relatos imprecisos de sobreviventes. Por isso, quase dez dias depois, não há sequer uma foto ou vídeo que registre o massacre. Somado a tudo isso, o próprio governo nigeriano, a pouco mais de um mês das eleições presidenciais, parece preferir evitar o assunto.
A posição do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, tem sido especialmente criticada por analistas internacionais. Assim como o ministro da Economia da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, Jonathan usou seu perfil no Twitter no último dia 8 para se solidarizar com a população francesa e lamentar o atentado em Paris, mas não publicou uma única palavra sobre o ataque que aconteceu dentro de seu próprio país. No domingo (11), o presidente apareceu sorridente em fotos que circularam nas redes sociais celebrando o casamento de sua filha, Ine, realizado na véspera.
Os EUA, que, por meio de sua autoridade máxima, Barack Obama, condenaram prontamente o ataque na França, demoraram uma semana para se manifestar sobre o massacre na Nigéria. "Nós nos comprometemos a trabalhar com a Nigéria e os países vizinhos para pôr fim à praga do Boko Haram e solicitamos que tomem medidas para conter a milícia", afirmou o Departamento de Estado americano, em nota.
Sobreviventes O ataque nas imediações de Baga teria começado na madrugada do dia 3, quando centenas de membros do Boko Haram chegaram já atirando à cidade. Segundo relatos, eles estavam em caminhonetes, nas quais carregavam diversas motos, que foram usadas para perseguir os moradores que tentaram fugir correndo ou se escondendo entre a vegetação. Muitos dos que se abrigaram em suas casas morreram queimados quando as construções foram incendiadas.
Algumas pessoas tentaram atravessar a nado o lago Chade para chegar ao Chade, país vizinho. A maioria se afogou, mas mais de mil delas estariam presas na Ilha Kangala, de acordo com a rede americana CNN, que diz que autoridades do Chade estão pedindo ajuda às Nações Unidas para resgatar esses sobreviventes, que enfrentam a falta de comida, frio e o risco de malária em um ambiente infestado por mosquitos.
Ainda segundo a CNN, foram feitas vítimas em 16 vilas, mas como a região está sob o poder do Boko Haram, ninguém pode ir aos locais para recolher os corpos ou tentar confirmar o número de mortos, com relatos que variam de centenas aos mais de dois mil. Cerca de 30 mil moradores dessas vilas teriam sido deslocados, com 20 mil acampados na cidade de Maiduguri e outros 10 mil levados a Monguno, a aproximadamente 60 quilômetros de Baga.
Em tempo: o nome Boko Haram significa "A Educação Não-Islâmica é um grave pecado"
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu nesta quarta-feira (14) retirar o canabidiol da lista de substâncias de uso proscrito.
A medida foi aprovada pela Diretoria Colegiada da agência durante reunião em Brasília. Com ela, abre-se o caminho para que a comercialização de medicamentos com a substância seja facilitada no país. Antes, a venda do produto com a substância classificada como proibida era vetada.
Agora, as empresas interessadas poderão produzir e vender derivados de canabidiol após a obtenção de um registro da Anvisa. Há menos de um mês, uma empresa europeia entrou com um pedido para vender medicamentos com a substância, mas ele ainda está em análise e não há prazo para ser concluído. A aquisição do produto deverá ocorer de forma controlada, com a exigência de receita médica de duas vias.
A agência também vai criar uma ordem de serviço em regime especial para regulamentar a importação dos remédios com a substância, que continuará pecisando de autorização para ser feita. A resolução ainda não está pronta. Com ela, deve haver uma flexibilização da importação. Segundo Jaime Oliveira, medicamentos já conhecidos pela Anvisa que contêm a substância serão autorizados mais rapidamente do que medicamentos desconhecidos, que precisarão de uma maior análise.
O canabidiol é uma substância química encontrada na maconha e que, segundo estudos científicos, tem utilidade médica para tratar diversas doenças, entre elas, neurológicas.
O diretor-presidente da Anvisa, Jaime Oliveira, votou pela liberação do uso do canabidiol, mas com controle e com a permanência da necessidade de autorização de importação pela Anvisa. "A reclassificação, por si só, em nada altera o quadro de necessidade excepcional de autorização da Anvisa. Os produtos importados não são só compostos de canabidiol", disse.
De acordo com o diretor-presidente, estudos científicos mostraram que o canabidiol não traz dependência. "Portanto não há razões para que ela [a substância] permaneça proibida. Apesar dos relatos bibliográficos, a avaliação nao teve objetivo de comprovar a eficácia do canabidiol e sim o risco de desvios e seu potencial para causar dependência."
Ivo Bucaresky, membro da diretoria colegiada, disse que, em curto prazo, pode parecer que a decisão não mudará muita coisa, mas há um efeito simbólico e prático. "Além de mostrar que não é algo ilegal que está sendo feito, que o médico não está impedido de prescrever, vai permitir que saia essa tarja de ilegalidade, que está sendo feito algo proibido", afirmou.
Segundo Bucaresky, a decisão também será importante para as pesquisas científicas no Brasil. "O efeito prático primeiro é na academia. Vai facilitar as pesquisas e os debates na academia. Outro ponto que vi muito é o acesso. Hoje consegue trazer [o remédio] quem tem estrutura econômica e muitas famílias têm dificuldades de ter acesso."
De acordo com a Anvisa, o órgão recebeu até esta terça-feira 374 pedidos de importação da substância para uso pessoal, por meio do pedido excepcional de importação de medicamentos de controle especial e sem registro no Brasil. Desse total, 336 foram autorizados, 20 aguardam o cumprimento de exigência pelos interessados e 11 estão em análise pela área técnica.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou uma nota na qual elogiou a decisão da Anvisa, considerando-a como um "reconhecimento ao pedido de inúmeras famílias que buscaram na Justiça o direito ao tratamento".
Apelo de pais
Durante a reunião, Katiele Fischer e Norberto Fischer, pais de Anny, de 6 anos, portadora da rara síndrome CDKL5, fizeram um apelo aos membros da diretoria colegiada. Anny tem uma doença genética que provoca deficiência neurológica grave e grande quantidade de convulsões. Em 3 de abril do ano passado, o casal obteve, na Justiça, autorização para importar o canabidiol.
"A reclassificação é fruto de um apelo social. Não é uma decisão política. Isso é uma decisão técnica da equipe da Anvisa com esse apoio popular", afirmou Norberto Fischer. "Com a reclassificação o aspecto sociológico da sociedade vai mudar. A sociedade começa a acreditar que essa substância não é algo ruim."
Conselho Federal de Medicina
Em dezembro do ano passado, o Conselho Federal de Medicina autorizou o uso do canabidiol no tratamento de crianças e adolescentes que sejam resistentes aos tratamentos convencionais. A prescrição é restrita a neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras.
Segundo a entidade, os médicos autorizados a prescrever a substância deverão ser previamente cadastrados em uma plataforma online. Já os pacientes serão acompanhados por meio de relatórios frequentes feitos pelos profissionais.
Pela norma, pacientes ou os responsáveis legais deverão ser informados sobre os riscos e benefícios do uso do canabidiol e, então, assinar o termo de consentimento. Além disso, a decisão do conselho deverá ser revista no prazo de dois anos.
O canabidiol deve ser prescrito a pacientes de epilepsia ou que sofram de convulsões que não tiveram melhoras no quadro clínico após passar por tratamentos convencionais.
De acordo com o conselho, o uso da substância deve ser restrito a crianças e adolescentes menores de 18 anos – mas quem eventualmente use o medicamento antes dessa idade pode continuar o tratamento mesmo após ficar maior de idade.
As doses variam de 2,5 miligramas diários por quilo de peso do paciente a até 25 miligramas, dependendo do caso. A estimativa do conselho é que o limite diário total fique entre 200 miligramas e 300 miligramas por paciente.
A demanda acima do esperado pela primeira edição da revista de sátira política Charlie Hebdo após o ataque de semana passada em Paris fez com que a já recorde tiragem da publicação fosse ampliada de três para cinco milhões de exemplares, número mais de 80 vezes maior que a circulação normal de 60 mil.
Segundo relatos da mídia francesa, os exemplares disponíveis no país se esgotaram numa questão de minutos. Desde a madrugada, longas filas se formaram em frente a bancas de jornais em busca de um exemplar. Ainda estava escuro em Paris quando muitas bancas exibiam cartazes dizendo "Não temos a Charlie Hebdo".
Diversas cópias apareceram no site de vendas eBay e algumas tinham atingido a casa de R$ 3 mil - o preço de capa normalmente é cerca de R$ 10.
Autoria - Num vídeo divulgado na internet, o braço da organização terrorista Al Qaeda no Iêmen reivindicou nesta quarta-feira 14 o ataque terrorista contra o semanário satírico francês Charlie Hebdo.
No vídeo postado no YouTube, a Al Qaeda na Península Árabe (Aqap) usou os insultos contra o profeta Maomé feitos pelo jornal como justificativa para o atentado.
"Na abençoada Batalha de Paris, nós, a Organização da Al Qaeda na Península Árabe, reivindicamos a responsabilidade por essa operação como vingança pelo Mensageiro de Deus", disse Nasser bin Ali al-Ansi, da Aqap na gravação.
O atentado ao Charlie Hebdo, ocorrido há uma semana, foi realizado pelos irmãos Said e Cherif Kouachi e deixou 12 mortos. No ataque, os atiradores gritaram "vingamos o profeta" e Allahu Akbar (Deus é grande).
Cherif Kouachi estudou no Iêmen, onde frequentou campos de treinamento da Aqap, segundo fontes de segurança iemenitas e um colega de classe.
Críticas - Clérigos muçulmanos no Oriente Médio que condenaram o ataque da semana passada ao Charlie Hebdo criticaram o jornal francês nesta quarta-feira por publicar um cartum do profeta Maomé na sua primeira edição depois da ação extremista.
Na capa da sua “edição dos sobreviventes”, cujas milhões de cópias rapidamente se esgotaram na França, o jornal estampou o desenho de um choroso Maomé com uma placa e a mensagem “Je suis Charlie”, abaixo da manchete “Tudo é perdoado”.
Enquanto líderes muçulmanos ao redor do mundo condenaram com veemência o ataque que matou 12 pessoas, muitos disseram que a decisão de imprimir o novo cartum de Maomé era uma provocação que poderia causar mais tensão.
Esses cartuns “alimentam sentimentos de ódio e ressentimento entre as pessoas”, e publicá-los “mostra desprezo” pelos sentimentos muçulmanos, disse o grande mufti de Jerusalém e territórios palestinos, Mohammed Hussein, em comunicado.
O diário independente da Argélia Echoruk respondeu com um cartum próprio na primeira página, que mostrava um homem carregando a placa “Je suis Charlie” perto de um tanque militar esmagando placas da Palestina, Mali, Gaza, Iraque e Síria.
Sobre o desenho, a manchete: “Somos todos Maomé”.
Enquanto o Charlie Hebdo era denunciado em boa parte do Oriente Médio, houve notáveis exceções na Turquia, o país com a tradição mais forte de secularismo na região. O jornal de oposição Cumhuriyet imprimiu uma seção especial com trechos da edição do Charlie Hebdo.
O jornal imprimiu versões pequenas e em preto e branco da capa em duas de suas colunas, mas não usou a imagem na seção especial, depois de “muitas consultas”, disse o editor-chefe no Twitter.
A polícia isolou a sede do jornal em Istambul por causa das preocupações com segurança. No escritório do jornal em Ancara, manifestantes colocaram cartazes num muro perto que diziam: “A provocação do Charlie continua”.
Uma corte turca ordenou o bloqueio de alguns sites que reproduziram a capa do Charlie Hebdo.
O site de notícias T24, no entanto, publicou a imagem
"Isso se tornou um tema de liberdade de expressão, e não mais sobre sentimentos religiosos. Publicamos para defender os valores da expressão livre”, disse o editor Hazal Ozvaris
Choro - "Eu escrevi 'tudo está perdoado' e chorei", disse Renald “Luz” Luzier, que criou a capa, a jornalistas na terça-feira.
"Essa é a nossa primeira página. Não é a que os terroristas queriam que desenhássemos”, disse ele. “Não estou nem um pouco preocupado. Confio na inteligência das pessoas, na inteligência do humor.”
Com informações do Estadão, Agência Reuters, Portal R7 e BBC