terça-feira, 31 de maio de 2011

Poema sobre a "Veíce"... É pra sorrir xD









Vô contá como é triste, vê a veíce chegá,
Vê os cabelo caíno, vê as vista encurtá
Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá
Vê "aquilo" esmoreceno, sem força pra levantá.

As carne vão sumíno, vai pareceno as vêia
As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia
As oiça vão encurtando, vão aumentano as orêia
Os ovo dipindurano e diminuíno a pêia.

A veíce é uma doença que dá em todo cristão
Dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão
Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão
Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece
Vai passano pelas ruas e as "minina" se oferece
A gente óia tudo, benza Deus e agradece,
Correno ligeiro pra casa, ou procurano o INSS.

No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava
Eu tinha mil namorada, tudo de bão me sobrava
As minina mais bonita da cidade eu bolinava
Eu fazia todo dia, chega o bichim desbotava.

Mas tudo isso passô, faz tempo, ficô pra tráis
As coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz
O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz
Pra falá mermo a verdade, nem trepá eu trepo mais.

Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça
Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beija e abraça
Porém só faiz duas coisa: sorta peido e acha graça.

Hannah & Sullen - Capítulo 07


Arlan e Sullen chegaram ao cativeiro, um barraco de madeira no alto do Morro Santo. O lugar era tão ermo, que a única companhia dos dois era uma enorme mangueira e muito capim. Sullen tentava esconder as dores, mas Arlan já dizia a ela:

- Não adianta, cunhadinha... Minha sobrinha linda já está nascendo. Aqui tem uma estrutura simples, mas que dá para você ter a neném em segurança.

- Espera, Marie-Ange... Só um pouquinho...

Mas agora, Sullen sangrava forte e gritava de dor. Se sentia derrotada, pois sabia que a filha seria mais uma vítima de Arlan. Só restava a ela ceder. No barraco havia um colchão velho, uma tesoura e uma garrafa de álcool gel. Arlan ajudou Sullen a se deitar e à maneira dele, tentava ajudar no parto.

De repente, os dois ouviram um barulho. Um tiro que arrombou a porta do barraco. E de repente, Santiago, Fernando e Hannah entram no local.

- Você não vai dominar minha filha, cabra safado! - Santiago puxou Arlan pela camisa.

Mas Arlan reagiu e atirou no braço de Santiago e em meio à luta, Fernando e Hannah ajudavam Sullen no parto:

- Santiago, tire Arlan daqui! - gritava Hannah

Nem precisou pedir, pois Arlan e Santiago brigaram até o lado de fora do barraco. Coronhadas, socos, pontapés, cada um que tentasse se sobressair. Até que os dois ouviram um choro de criança e a briga parou.

Arlan reviu sua vida como em um filme, pensou nas suas vítimas, olhou nos olhos de Santiago e disse:

- Essa criança está livre a partir de agora.

E com o revólver, atirou contra a própria cabeça, morrendo instantaneamente.

Hannah, que havia ouvido o tiro e temia por Santiago, viu o corpo do ex-marido:

- Obrigada, Santiago...
- ...Mas foi ele que se matou, quando ouviu o choro da menina.
- Ai, que alívio. Ele não viu a menina nascer e se curou da psicose, mas ele percebeu que tinha feito tanto mal que não suportou a culpa.
- E Sullen?
- Na medida do possível, está bem. Arlan teve o cuidado de trazer uma tesoura e uma garrafa de álcool para desinfetá-la. Fernando cortou o cordão umbilical e... Marie-Ange está amamentando!!!
- Ai, meu Deus, sou pai a partir de agora. - E correu pra ver a filha recém-nascida.

Fernando desinfetou as mãos com o restante do álcool e verificou a ferida de Santiago. Chamou a polícia e uma ambulância e todos foram para o hospital. O corpo de Arlan foi para o Instituto de Medicina Legal e foi enterrado como indigente.


***

Meses depois, a Igreja Matriz estava em festa e não faltou chuva de pétalas de rosas brancas. Todos na Igreja estavam vestidos de branco e dourado, desejando paz e prosperidade para a família que batizava três crianças. Os padrinhos, claro, seriam Pai Francisco e Mãe Rita. Quando o Padre perguntou a Santiago e Sullen qual seria o nome da menina, eles responderam:

- Marie-Ange Benjamin Santiago.

O Padre perguntou a Fernando e Hannah qual seria o nome do casal de gêmeos, nascidos três dias antes:

- Klein Benjamin Neto e Sarah Benjamin Bravio.

Pai Francisco e Mãe Rita se entreolharam e se lembraram da profecia proferida 35 anos antes:

“Duas irmãs benjamitas estão separadas por um mal e só a união delas irá quebrar o encanto da serpente. E elas procriarão, dando a seu pai e suas mães, um novo sopro de vida. Pais se tornam filhos e filhos se tornam pais”.

Como tudo na Vila Mãe África terminava sempre em festa, já havia um palco armado na praça em frente à igreja. Uma banda formada por alunos de Sullen e Santiago já estava tocando e depois da cerimônia, eles subiram para cantar músicas que falavam de amor e paz.


***FIM***




Hannah & Sullen - Capítulo 06


A reunião de família estava completa. Hannah estava mais calma, já comia e não parava de fazer carinhos na barriga da irmã. Fernando sugere que Sullen cante novamente a música:

-Mas de novo? Já cantei umas três vezes, acho...
-A homenageada não tava aqui pra ouvir.
-Pára tudo! Você fez uma música pra mim, Sullen? - Perguntou Hannah
-Assim, eu fiz a letra e Santiago colocou a melodia.

Hannah deu um beijo no cunhado:

- Você deveria receber o dobro, aliás, o triplo, em vez de devolver o dinheiro. Contratei-o pra tomar conta da minha irmã e fizeste o serviço direitinho...
-Ô... - Respondeu Sullen e todos riram, ao olhar a barriga dela. - Mas peraí, como foi isso? Contratou você? Vocês já se conheciam?

Santiago teve que se explicar que trabalhava como detetive em Serra Floriana quando foi contratado por Hannah e conversa vai, conversa vem, amanheceu o dia e a chuva estiou. Na casa, embora todos estivessem cansados, ninguém conseguia dormir. Santiago e Fernando levou Pai Francisco e Mãe Rita para casa e voltariam em instantes. Foi o tempo em que Hannah confidenciou à irmã:

- Estudamos na mesma faculdade. Éramos apaixonados. Mas você sabe... Casada...
- Aquele doido do seu marido sabe bem estragar a vida de qualquer um.
- Não entendo por que ele não me reconheceu. Eu o reconheci na hora! E que ótimo vocês serem amigos.
- Mulher, ele é gente fina demais, todo mundo aqui na comunidade gosta dele. E detalhe: continua solteiro... Hahahahahaha...
-Hahahahahaha... Faz anos que eu não dava uma risada dessas...

Nisso, os dois chegam e perguntam o motivo de tanto riso. Sullen não perdeu tempo:

- Seus dias de solteirice vão acabar, Dr. Fernando! O mundo, além de ser pequeno, dá muitas voltas...
- Como assim? - Fernando não havia entendido nada.
- Você acha que conheceu minha irmã agora?

Fernando esfregou os olhos de brincadeira, como se estivesse vendo uma miragem e olhou bem para Hannah, que sorria. Paralisou por alguns segundos e reconheceu a colega de faculdade. Nada mais precisava ser dito. Santiago e Sullen se ligaram e saíram de cena, deixando Fernando e Hannah sozinhos. O sol nascia e o canto dos pássaros e cheiro de terra molhada anunciavam um novo dia e um dia novo:

- Você fugiu do seu marido...?
- Ou era isso ou eu morreria. Já são mais de 20 anos longe da minha irmã. Ela tinha poucas horas de nascida quando fomos separadas. Quero uma vida nova. Já, agora, nesse momento!!!
- Eu faço parte dessa vida nova? Me diz, por favor...

Hannah respondeu com um beijo caloroso. Sullen e Santiago espiavam da porta da cozinha e a grávida não perdeu tempo:

-Aê, cunhadão!!! Finalmente minha irmã vai ficar com um homem que preste!!

Já que ninguém iria dormir mesmo, os dois casais passaram o dia circulando pela cidade, que não parava de festejar, agora ao ar livre. Claro, foram na casa de Pai Francisco e Mãe Rita, que abençoaram o amor de Fernando e Hannah e tudo foi comemorado com um belo almoço. Dezenas de pessoas entravam na casa e também comiam e compartilhavam da alegria.

Francisco e Rita não tinham filhos biológicos, mas cuidavam da comunidade como pais. Quando foram escolhidos para serem os sacerdotes do terreiro, adotaram os moradores da Vila. Inclusive gente de fora, como Sullen, Santiago, Fernando e agora, Hannah.

A noite cai novamente na cidade e dessa vez é hora de descanso. No outro dia haveria trabalho, escola, Posto de Saúde, e tudo o mais. Hannah já se dirigia para a casa de Sullen quando Fernando a pegou pelo braço:

- Nem pense que você vai dormir na casa de sua irmã hoje.

Se bem que dormir foi a última coisa que eles fizeram. Anos de paixão reprimida e o desejo aceso foram suficientes. Agora estavam juntos e dessa vez seria pra valer. E os primeiros raios de sol da Vila Mãe África iluminavam os dois. Abraçados e adormecidos.

E a escola estava alegre e agitada como sempre. Os jovens levavam seus instrumentos musicais pra tocar com Santiago e Sullen, às vésperas de ter o bebê, desobedeceu a recomendação de Fernando e foi trabalhar. Ela foi para a sala de leitura dos voluntários quando um homem tranquilo e simpático abordou-a:

- Bom dia, professora.
- Bom dia. Em que posso ajudá-lo?
- Sou pesquisador e gostaria de conhecer os pontos turísticos da Vila Mãe África, para fazer uma tese sobre sincretismo religioso.
- Interessante... Aqui temos alguns livros que podem ajudá-lo na pesquisa e o senhor pode ir nas igrejas e terreiros da cidade.
- A senhora deveria ir comigo, professora.
- Infelizmente não posso. Eu estou em horário de trabalho, além do mais, faltam dias ou mesmo horas, pra eu ter minha filha.

O rosto do homem estranho se iluminou. E ele aponta uma arma para Sullen:

- Mas o que é isso????
- Sullen Benjamin... Há anos espero rever esses olhos castanhos e esse rostinho de criança e ainda com esse bônus. Mais uma pérola vai nascer. E a minha mulher, onde ela está? Vocês três voltam comigo!
- Ar...
Antes que ela falasse mais alguma coisa, Arlan tapou sua boca. E, pegando-a pelo braço e com a arma sutilmente apontada para as costas de Sullen, ele a leva da escola.

Uma menina que estava na sala de leitura testemunhou tudo e correu para a sala de música avisar a Santiago:

- Tio, um homem armado chegou e levou a Tia Sullen!!!

Santiago não teve dúvidas: correu atrás e conseguiu ver o homem estranho que levava sua mulher e o reconheceu na hora. Não teve dúvidas e ligou para Fernando, que ainda estava com Hannah. O médico atendeu o celular e viu que era Santiago:

- Fernando, homem, o doido chegou e levou a minha mulher!!!
- O doido? Que doido?
- O tal do Arlan!!!
- O quê?????

Hannah acordou com o grito de Fernando e pressentiu que a irmã estava em perigo.

Enquanto isso, Arlan levava Sullen em um carro e dirigia o volante com uma única mão. A outra apontava a arma para a gestante. Pelo retrovisor, ela viu que outro automóvel os perseguia e reconheceu Santiago ao volante, junto com Fernando e Hannah. De repente, sentiu uma dor no baixo ventre e um pouco de água escorria entre suas pernas. A bolsa estourou.

- Agora não, Marie-Ange, agora não... Espera um pouco...

Arlan ria, com a certeza de que teria mais uma criança sob seu domínio

E agora? Será que Santiago e seus amigos vão conseguir salvar a Sullen antes que o bebê nasça? Será que a pequena Marie-Ange vai ser a próxima vítima de Arlan? Não percam o último capítulo.