O ator Roberto Bolaños, criador de personagens como Chaves e Chapolin, morreu aos 85 anos nesta sexta-feira (28), em sua casa em Cancún, no México.
A causa da morte não foi divulgada. Segundo Edgar Vivar, intérprete de Seu Barriga, o corpo será transportado para a Cidade do México, onde será velado.
Com problemas respiratórios, dificuldades para se locomover e se mexer, o ator e comediante havia se isolado com a família em Cancún em busca de ar puro, segundo informações divulgadas em abril. Em suas últimas aparições públicas, Bolaños se deslocava com o auxílio de uma cadeira de rodas.
Bolaños era casado com Florinda Meza, a atriz que interpretava a maioria dos personagens femininos, inclusive a Dona Florinda, desde 2004. Ele era pai de Roberto, Paulina, Graciela, Marcela, Teresa e Cecília, frutos do primeiro casamento, com Graciela Fernández Pierre.
"El Chavo del Ocho", nome original da série "Chaves", foi exibida pela primeira vez em 20 de junho de 1971 no México. No Brasil, "Chaves" é o seriado infantil de maior longevidade da TV. No ar no SBT desde 1984, o programa conta a história de um menino órfão que vive dentro de um barril, em um cortiço.
O personagem e seus amigos Quico, Chiquinha, Nhonho, seu Barriga, seu Madruga, dona Florinda, professor Girafales e dona Clotilde, conhecida como "a bruxa do 71", conquistaram crianças e adultos de todas as gerações no país com seu humor ingênuo, cheio de bordões e sem qualquer palavrão. As histórias de Chaves e sua turma ganharam adaptações em desenho animado, videogames e peças de teatro.
Lágrimas e Comoção - Intérprete do Seu Barriga, Edgar Vivar despediu-se aos prantos de Roberto Gómez Bolaños, o criador do Chaves, morto nesta sexta-feira (28) em Cancún, no México. O ator foi entrevistado por telefone pela Televisa, mas estava muito emocionado e não pôde terminar o adeus ao amigo. Outros atores de Chaves e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, também lamentaram a morte do comediante.
"Recordo [Roberto Gómez Bolaños] sempre com um sorriso e um brilho nos olhos. Agradeço a Deus pelo trabalho que fez", disse na Televisa Edgar Vivar, ofegante e sem conseguir conter as lágrimas. No Twitter, o ator disse que Chaves continuará em seu coração. "Roberto, não se vá, permanece em meu coração e em todos os corações de tantos que nos fizeram felizes. Adeus, Chaves, até sempre", escreveu na rede social.
Maria Antonieta de las Nieves, a Chiquinha, também publicou no Twitter uma mensagem de despedida a Roberto Gómez Bolaños. "Obrigado por ter feito tanta gente feliz e pelos maravilhosos momentos que compartilhamos no grupo. Descanse em paz, Roberto", escreveu.
Ricardo de Pascual, que interpretou Senhor Calvillo, Senhor Furtado e outros personagens secundários de Chaves, escreveu em sua página no Facebook que a memória de Chespirito, como Bolaños é conhecido, estará viva: "Aqui vamos sentir sua falta. Enquanto te recordemos, viverá, amigo".
Graciela Gómez, filha de Roberto Gómez Bolaños, publicou no Instagram uma faixa preta de luto. O comediante deixa seis filhos, todos do primeiro casamento com Graciela Fernández, morta em 2013.
Presidente do México, Enrique Peña Nieto lamentou no Twitter a morte de Roberto Gómez Bolaños e reconheceu a importância do comediante para a cultura mexicana: "Lamento profundamente o falecimento de Don Roberto Gómez Bolaños, Chespirito. Minhas condolências à sua família. México perdeu um ícone, cujo trabalho transcendeu gerações e fronteiras".
Compartilhando Post - "Fica aqui o nosso carinho. Vai deixar saudades." Com estas duas simples frases a Globo prestou sua homenagem no Facebook ao humorista Roberto Bolãnos, conhecido como Chespirito, intérprete dos lendários Chaves e Chapolim. Ele morreu nesta sexta (28) no México.
A mensagem por si só já seria um momento único, quando uma concorrente lembra de uns principais programas da outra, mas além disso esta foi a primeira vez que a página oficial do plim-plim compartilhou sua maior rival nas redes sociais.
O Jornal Nacional também falou sobre o assunto na TV. Direto de Nova York, o jornalista Jorge Pontual deu as informações sobre a morte do humorista. Ele lembrou a comoção que Bolãnos despertou com seus personagens nos mais de 100 países em que foram transmitidos os programas criados por ele.
Em 2005, 'Chaves' quase foi para Globo. Na tentativa de combater a audiência fiel do programa, uma oferta milionária foi feita à Televisa, informou a Folha na época. A especulação era de a emissora carioca colocaria o seriado nas madrugadas.
Biografia - Bolaños nasceu na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929. Estudou engenharia, mas nunca exerceu a profissão. Praticou boxe e era um fanático torcedor do clube de futebol América. Começou sua carreira profissional na publicidade, onde começou a trabalhar em roteiros.
Casou-se pela primeira vez com a escritora Graciela Fernández, com quem teve seis filhos. Só em 2004 oficializaria seu casamento com a atriz Florinda Meza, a Dona Florinda, com quem começou a viver em 1977. Aos 80 anos, perguntaram a ele sobre a sua relação de décadas com a atriz Florinda Meza. "Já estamos há 30 anos casados", respondeu. "Temos um casamento sólido que só a morte acabará com ele... ou a Shakira!". Ganhou o apelido de Chesperito do diretor de cinema Agustín P. Delgado por causa do 1,60 de altura.
Foi só em 1968 que começou sua carreira de ator, na emissora TIM, em séries como “Los Supergenios de la Mesa Cuadrada” e “El Ciudadano Gómez”, em espaços de 30 minutos de duração aos sábados.
Foi só na década de 1970 que começaram a ser exibidos as séries que fizeram de Bolaños um gigante do humor: "Chespirito", "Chapolin" e "Chaves". A partir de 1973, quase todos os países da América Latina tinha na programação de TV episódios dos programas.
O jornal mexicano "Excelsior" cita a seguinte declaração de Bolaños a um TV espanhola sobre seu personagem mais famoso no Brasil: "Chaves, ainda que carecendo de quase tudo, é otimista, aproveita a vida, brinca, se emociona e tem o maravilhoso dom que é a vida"
No começo da década de 1990, Bolaños decidiu aposentar "Chaves" e "Chapolin" e resolveu apostar em "Los Caquitos", em que interpretava o ladrão Chómpiras (que ganhou no Brasil o nome de Chaveco).
Chaves era um dos personagens e segmentos do programa "Chespirito" que começou a ser exibido no México em 1971. O primeiro capítulo de "El Chavo del Ocho" (como era conhecido o personagem nos outros países de língua espanhola) foi transmitido em 20 de junho de 1971.
O sucesso das histórias do menino sardento de 8 anos que vive dentro de um barril foi tanto que seu programa era transmitido para quase todos os países da América Latina já em 1973. Chaves foi dublado para mais de 50 idiomas e transmitido em países distantes como Tailândia, China, Japão e Grécia.
A série foi produzida originalmente entre 1971 e 1980, como programa independente, e entre 1980 e 1992 como esquete do programa de variedades "Chespirito", que Bolaños estrelou na rede de TV Televisa. Foram mais de 300 episódios, segundo a rede Televisa. A série "Os Simpsons" homenageou Bolaños com o personagem Pedro Chespirito, que aparece sempre vestido de abelha e fala frases em espanhol.
Valores - Apesar de ter vivido em concubinato com Florinda por 27 anos, os valores de Bolaños eram conservadores. Inclusive, chegou a participar de uma campanha contra a legalização do aborto na Cidade do México.
Nunca escondeu suas convicções políticas e apoiou a campanha do conservador Vicente Fox, cuja eleição em 2000 rompeu com mais de 70 anos de governo do Partido da Revolução Institucional.
Apaixonado por futebol, Bolaños chegou a se encontrar com o astro argentino Diego Maradona, que o agradeceu por tê-lo divertido com os seus personagens e ele aproveitou para retribuir por tê-lo deleitado com suas proezas dentro do campo.
Carinho de fã - O jornalista e professor Adriano Portela escreveu o seguinte texto no Facebook, resumindo o sentimento dos fãs em meio à perda do ídolo: Uma piada repetida vai perdendo a graça, mas não quando essa piada é escrita, produzida, dirigida e contada por Chespirito, um verdadeiro pequeno-grande Shakespeare do humor. Lá se foi o meu preferido; o melhor de todos os humoristas. Esse sim, um verdadeiro fenômeno. Milhares e milhares ainda darão boas gargalhadas dos seus tão nossos textos. E sem querer querendo ele chega ao plano superior, de lá vai solicitar ao poderoso que o mundo continue a sorrir, mesmo sem a presença do menino do barril na terra. Adeus Bolaños e vida longa aos imortais Chaves e Chapolin.
Para matar as saudades, assistam o episódio Chaves em Acapulco:
Com informações do Portal UOL, Brasil Post, G1, Agência Reuters e do jornalista Adriano Portela