segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Lula: "Somos um mesmo povo e um só País"

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou em pronunciamento de Natal na noite deste domingo (24) os feitos do primeiro ano de seu terceiro mandato e defendeu que a paz e a união entre amigos e familiares seja restaurada. Lula afirmou que "o ódio de alguns contra a democracia deixou cicatrizes profundas e dividiu o País".

"Ao final daquele triste 8 de janeiro, a democracia saiu vitoriosa e fortalecida. Fomos capazes de restaurar as vidraças em tempo recorde, mas falta restaurar a paz e a união entre amigos e familiares. Meu desejo neste fim de ano é que o Brasil abrace o Brasil. Somos um mesmo povo e um só país", disse.

O presidente prometeu combate às fake news, à desinformação e ao discurso de ódio, além da valorização do diálogo. "Que no ano que vem sigamos unidos, caminhando juntos rumo à construção de um país cada vez mais desenvolvido, mais fraterno e mais justo para todas as famílias".

Colheita generosa - Lula voltou a dizer que 2023 foi um ano de reconstruir e de plantar, e afirmou que foram criadas condições para uma colheita generosa em 2024, destacando o retorno de políticas sociais como o Bolsa Família; o crescimento do Produto Interno Bruto, acima do esperado por economistas; e a geração de 2 milhões de empregos com carteira assinada.

"O salário mínimo voltou a subir acima da inflação e mais de 80% das categorias profissionais também tiveram aumento real. Aprovamos a igualdade salarial entre homens e mulheres. Trabalho igual, salário igual", lembrou.

O presidente também exaltou a aprovação da reforma tributária e a taxação dos super ricos e descreveu que o novo sistema corrige uma injustiça, fazendo quem ganha mais pagar mais imposto, e quem ganha menos pagar menos.

Nona economia mundial - A projeção internacional do Brasil no cenário internacional também foi ressaltada no pronunciamento de Natal. Segundo Lula, o país voltou a ser ouvido nos mais importantes fóruns internacionais, em temas como o combate à fome, à desigualdade, a busca pela paz e o enfrentamento da emergência climática.

Com o crescimento da economia, ele lembrou que o PIB brasileiro se tornou o nono maior do mundo, saindo da 12ª posição. 

No pronunciamento, o presidente também defendeu que seu governo consolidou o papel do Brasil como potência mundial na produção de energia renovável e promoveu redução do desmatamento na Amazônia.

"Em 2024, vamos trabalhar fortemente para superar, mais uma vez, todas as expectativas", disse Lula, que afirmou que o Plano Safra 2023/2-24 é o maior da história, e que a Nova Política Industrial e o novo PAC vão gerar mais empregos e melhores salários.

Agência Brasil

Veja a seguir o pronunciamento do Presidente Lula:



Em noite de celebração, governadora Raquel Lyra deixa mensagem aos pernambucanos durante Missa de Natal no Recife

 

A governadora Raquel Lyra participou, neste domingo (24), da tradicional celebração natalina no Quartel do Derby, área central do Recife. A gestora acompanhou a Missa de Natal, que foi conduzida pela primeira vez pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, e também assistiu à apresentação da Banda da Polícia Militar de Pernambuco. A Missa de Natal acontece há 71 anos.

“Tenho a honra de poder estar aqui como a governadora de Pernambuco e aproveitar esta noite de hoje que é o Natal, o nascimento de Cristo. É tempo de celebrar com a família, onde nos reunimos para agradecer pelas bençãos que tivemos durante este ano. Quero desejar a todas as famílias pernambucanas um bom Natal e um ano novo de muita luz com a esperança renovada na construção de um futuro melhor para o nosso Estado”, desejou a governadora Raquel Lyra, nesta véspera de Natal.

O arcebispo de Olinda e Recife também passou uma mensagem de Natal. “Que o Natal deste ano nos inspire verdadeiramente a olharmos para Cristo e, juntos, olharmos para uma humanidade nova e próxima do desejo de Deus”, registrou dom Paulo Jackson.

Também acompanhou a celebração de Natal o ex-governador João Lyra Neto; os secretários estaduais Ivaneide Dantas (Educação e Esportes), Ana Luiza Ferreira (Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha), Zilda Cavalcanti (Saúde), Mariana Melo (Mulher) e o coronel Hercílio Mamede (Casa Militar); além do comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Tibério César, e os executivos de Defesa Social, Dominique Oliveira, e da Casa Militar, coronel Manoel de Jesus.

Imprensa PE

“Baile do Menino Deus” ganha nova data na terça (26)

 

A 20ª edição do “Baile do Menino Deus: Uma brincadeira de Natal” terá uma sessão extra na terça-feira, no Marco Zero do Recife. O anúncio foi feito pela produção em decorrência do cancelamento da apresentação no sábado, devido às chuvas. Assim, a temporada de 2023 será nos dias 24, 25 e 26 de dezembro, sempre a partir das 20h, de graça, com audiodescrição, intérprete de Libras e área reservada para usuários de cadeiras de rodas.

Este ano é de comemoração para o “Baile do Menino Deus”, nascido em 1983 a partir do desejo dos amigos Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima e Antonio Madureira de ver surgir um auto de Natal entremeado pelas tradições universais e brasileiras, sem reproduzir o formato importado de celebração repleto de elementos inexistentes no clima tropical. São quatro décadas da versão com sotaque brasileiro para uma das histórias mais contadas do mundo.


Dirigido pelo renomado escritor Ronaldo Correia de Brito, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura pelo romance “Galileia”, com direção de produção de Carla Valença, da Relicário Produções, tem expectativa de atrair cerca de 75 mil pessoas. No dia 25, será transmitido ao vivo através do YouTube. O público pode ainda ouvir as canções nas plataformas de streaming. Canções da adaptação para o cinema chegaram ao streaming nesta semana.

Neste ano, o Baile escala como José um ator indígena pela primeira vez. Caique Ferraz é do grupo fulni-ô, aldeado em Águas Belas, no Agreste de Pernambuco, um dos únicos do país a conservar o idioma nativo. Nascido em Flores, no Sertão, ele vive com a família e participa ativamente de rituais secretos e sagrados promovidos pela população originária. Integra o grupo de teatro Resta1 e fez participação recente na série Cangaço Novo (Prime Video). A pernambucana Laís Senna é uma atriz, cantora e compositora negra com trânsito e reconhecimento em manifestações artísticas do Litoral ao Sertão do Estado.

“A dramaturgia do espetáculo toca o coração das pessoas. Há uma casa que precisa ser achada e uma porta a ser aberta. São símbolos importantes para homens, mulheres, jovens e crianças. Precisamos fazer essa passagem e o espetáculo gira em torno disso. As músicas são de tradição antiga, melodias que todos memorizam facilmente, porque parecem conhecer desde sempre”, opina Ronaldo.

O espetáculo é costurado entre a tradição religiosa milenar do nascimento de Jesus, filho de Maria e José, e características incorporadas de folguedos e brincadeiras populares, como o ritual de abertura da porta do reisado. A plateia acompanha a saga por essa porta, onde moram os pais do menino, em busca de autorização para celebrar o nascimento dele.

A saga ocorre sob música e dança, conduzida por dois Mateus, interpretados há 20 edições por Arilson Lopes e Sóstenes Vidal - que atualmente contam com os suplentes Daniel Barros e Paulo de Pontes. Pastoris, presépios, lapinhas, cantigas e danças tradicionais se encontram com passos de frevo, maracatu, cavalo marinho, boi para bordar uma versão extremamente brasileira da história universal.

NOVIDADES

O cantor Almério, sensação da música pernambucana, é novidade entre os cantores. Outra mudança, cênica, é a ampliação de uma passagem para celebrar os Reis Magos, com participação inédita e especial do Maestro Forró e ocupação do palco por 63 artistas - o maior número simultâneo desde a estreia da montagem. Terá também figurino afrofuturista e os bailarinos do Pe Original Style, liderados por Okado do Canal, com hip hop e break, e o percussionista Luan Riann, de apenas 10 anos.

Como numa orquestra popular, os ensaios são divididos por grupos (atores, bailarinos, coro infantil, coro adulto, orquestra e cantores), que se unem ao fim para cerzir essa colcha cultural. Silvério Pessoa, Carlos Filho, Elon, Surama Ramos, Cláudia Rabeca, Isadora Melo, Sarah Leandro, Cláudio Rabeca, Sue Ramos, Lucas dos Prazeres e Carlos Ferreira são os cantores escalados. A orquestra é formada por Alexandre Rodrigues, Aristide Rosa, Emerson Coelho, Henrique Albino, Jerimum de Olinda, João Pimenta, José Emerson, Karol Maciel e Laila Campelo, sob regência de Rafael Marques.

Entremezes são inseridos a cada ano, a partir da vivência do criador, de inspirações externas ou mesmo de questões importantes para a sociedade. “Por exemplo, surgem questões urgentes sobre indígenas, religiões de matriz africana e aí nós criamos cenas novas, trazemos essas urgências ao palco”, explica Ronaldo. As 12 músicas originais foram estendidas para cerca de 30 na versão atual. Algumas chegam para ficar, outras são temporárias e logo dão vez a outras composições.

O Baile se mantém vivo pela relevância do tema, pela íntima relação com a nossa cultura e pela constante busca pelo diálogo com o público, sobretudo com os mais jovens. “É importante salientar que a única pessoa velha no Baile sou eu”, brinca o diretor. À encenação no palco do Marco Zero, já foram convidados o grupo Bongar, da Nação Xambá, e vários artistas da cena local, em um intencional e regular rodízio de atores.

O “Baile do Menino Deus” sempre muda, esse é um dos grandes mistérios para o sucesso da montagem. É cheio de vida sobre o palco, nos bastidores e na plateia, que acompanha fielmente desde as sessões disputadas no Teatro Valdemar de Oliveira até as temporadas cheias no Marco Zero, com público estimado em 75 mil atualmente.

SOCIAL

No clima de solidariedade, haverá um ponto de arrecadação de alimentos não perecíveis para o programa Sesc Mesa Brasil. O volume arrecadado com a ação será destinado a instituições sociais que atendem famílias em situação de vulnerabilidade social em Pernambuco.

HISTÓRIA

Tudo começou com um esboço de representação teatral idealizada por Francisco Assis Lima e enviada para Ronaldo. Junto com Antonio Madureira, eles o transformaram em nove composições musicais inspiradas em ritmos pernambucanos, nordestinos, brasileiros e ibéricos, germinadas entre cartas trocadas e algumas caras ligações telefônicas pelos parceiros, à época com 30 e poucos anos. Foram somadas a três clássicos do reisado (“Jaraguá”, “Burrinha” e “Boi”) e materializadas em um disco gravado na extinta Rozenblit e lançado pelo selo Eldorado em 1983.

Estreou no mesmo ano, para uma plateia lotada no Teatro Valdemar de Oliveira. Foram oito anos naquele tradicional palco, atualmente sem pauta e agonizante, com sinais de destruição do piso ao teto. De lá para cá, foi encenada em centenas de escolas, ruas, pátios, teatros, terreiros, ONGs, assentamentos, quilombos, comunidades indígenas. A disseminação foi impulsionada pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), através do qual cerca de 700 mil exemplares já foram impressos - e o Baile inspirou dezenas de montagens natalinas Brasil afora.

A primeira edição no Marco Zero foi em 2004, em arrojada iniciativa de levar o auto de Natal a palco a céu aberto, com acesso gratuito. “Tornar real o sonho de um Natal brasileiro para um público tão grande, ao ar livre, exige de nós o envolvimento de um ano inteiro. O convite de Ronaldo, há 20 anos, foi desafiador e instigante. Gosto das grandes causas! Tenho orgulho de ver o encanto nos olhos de cada criança, adulto ou idoso, a felicidade de quem vem de longe, quer ver mais de uma vez. É, também, um aprendizado anual, mesmo depois de tanto tempo de experiência, pois são muitos os desafios de trabalhar com arte neste país”, conta Carla Valença.

O projeto se avolumou em cenário, participantes, quantidade de músicas, público, impacto social e fãs. Já se somam algumas gerações entre os participantes e admiradores do “Baile do Menino Deus”, idealizado para as crianças brasileiras, mas capaz de emocionar pessoas de qualquer idade. O lançamento do filme, disponível no YouTube, catapultou o alcance, a partir de 2020, agora sem limitações geográficas.

APOIO

O Baile do Menino Deus: Uma brincadeira de Natal conta com o incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura, é apresentado pela Prefeitura do Recife e pelo Itaú, com o patrocínio master do Grupo Parvi, da Sherwin-Williams, Uninassau, Copergás e Sesc-PE, com apoio do Governo de Pernambuco e realização da Relicário Produções Culturais e Ministério da Cultura.


SERVIÇO
Baile do Menino Deus: Uma brincadeira de Natal
Quando: 24 a 26 de dezembro, às 20h
Onde: Praça do Marco Zero do Recife (Recife Antigo, Recife)
Acesso gratuito | Classificação: Livre | Duração: 60 minutos
Acessibilidade: Cadeirante, Audiodescrição e Intérprete em Libras
Transmissão ao vivo no dia 25 de dezembro, em https://youtube.com/BailedoMeninoDeus

Maior presença de negros no país reflete reconhecimento racial

 

A população brasileira está tendo mais orgulho em se reconhecer mais “escurecida”. Essa é uma constatação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil após os mais recentes resultados do Censo 2022, que revelaram que 55,5% da população se identifica como preta ou parda.

O levantamento divulgado na sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que os pardos são 45,3% da população e superaram a quantidade de brancos pela primeira vez desde 1872, quando foi realizado o primeiro recenseamento do país. Além disso, a proporção de pretos mais que dobrou entre 1991 e 2022, alcançando 10,2% da população.

O IBGE explica que a mudança no perfil étnico-racial do país não reflete apenas a questão demográfica, ou seja, nascimento ou morte de pessoas, mas também outros fenômenos sociais.

“Essas variações têm a ver com a percepção. Cor ou raça é uma percepção que as pessoas têm de si mesmas. Tem a ver com contexto socioeconômicos, contextos das relações interraciais”, disse o pesquisador Leonardo Athias.
 
Reconhecimento
 

Arte Agência Brasil

Para a historiadora Wania Sant’Anna, conselheira do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdade Raciais (Cedra), o Brasil passa por “um momento de reconhecimento de pertencimento étnico-racial no terreno da negritude e da afrodescendência”.

Segundo ela, o resultado consolida uma trajetória que já vinha desde o recenseamento de 1991 e que “não tem volta”.

“O que comprova isso [reconhecimento com a afrodescendência] é essa mudança expressiva dos pretos, que mais que dobraram entre os anos 80 e os dias atuais”, aponta Wania, que também é presidente de governança do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e integrante da Coalizão Negra por Direitos.

A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Tatiana Dias Silva converge com a explicação de que não é apenas a questão demográfica que causou o aumento de negros na população.

“Tem alguns estudos da composição de componentes demográficos para identificar se tem mais taxa de natalidade e fecundidade da comunidade negra, e não conseguem justificar demograficamente essa mudança”, explica.


Conselheira do Cedra Wania Sant'Anna - Foto: Arquivo Pessoal

DebatesWania Sant’Anna cita dois grandes fatores que explicam, na visão dela, o reconhecimento das pessoas com a negritude. Um são os debates públicos mais abertos sobre desigualdades raciais, racismo e preconceito.

“As pessoas são discriminadas por causa da sua cor. À medida que esse debate se torna público, os sujeitos pensam ‘isso poderia ter acontecido comigo porque essa é a minha cor, esse é o meu cabelo, esse é o meu território’. Então o debate sobre racismo tem contribuído muito”, avalia.

Outro fator, aponta Wania, são as manifestações culturais populares que falam sobre racismo, como música e literatura.

“A gente não pode esquecer o impacto que o hip-hop e o funk estão produzindo na população jovem e não tão jovem também. Esse debate fala de raça, racismo e cor de pele. Isso informa as pessoas. As pessoas não estão sendo informadas apenas pela branquitude”, disse.

O efeito dessa conscientização, acredita Wania Sant’Anna, aparece quando o recenseador pergunta às pessoas com qual raça se identificam.

A integrante da Coalizão Negra por Direitos ressalta que esses debates públicos não existiam com a mesma força décadas atrás.

Visão compartilhada com Tatiana, do Ipea. “A gente está tendo ao longo dessas últimas duas décadas muito mais discussão sobre a questão racial. Isso deixa de ser encarado como um tabu, e as pessoas falam sobre isso e acabam também se reconhecendo mais a partir das suas origens como negras”, diz a pesquisadora cedida ao Ministério da Igualdade Racial (MIR).
 
Cor e raça

Arte Agência Brasil

O IBGE explica que o Censo 2022 colhe as respostas com base na autodeclaração dos indivíduos. Além disso, utiliza o conceito de raça como categoria socialmente construída na interação social e não como conceito biológico. As classificações do instituto são branca, preta, parda, amarela (origem asiática) e indígena.

Apesar de o IBGE não agrupar oficialmente, ativistas e o Estatuto da Igualdade Racial consideram negros o conjunto de pessoas pretas e pardas.
 
Campanha em 1980 - Os resultados vistos no Censo 2022 são, segundo Wania Sant’Anna, uma tendência também de uma campanha organizada no começo da década de 80, da qual ela foi uma das coordenadoras. Foi um chamamento público para as pessoas se reconhecerem com pretas ou pardas. “Sabíamos que tinha um problema na autodeclaração das pessoas”, lembra.

A campanha criou o lema “Não deixe sua cor passar em branco – Responda com bom c/senso”, fazendo ambiguidade com as palavras branco, censo e senso.
 
Vozes negras - A cofundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) Cida Bento interpreta os resultados do Censo 2022 com um encontro do Brasil.

“O crescimento de pretos e pardos tem a ver com o quanto o Brasil vai se encontrando consigo, como uma nação onde a presença negra, não branca, é grande em termos de fenótipo [características genéticas e proporcionadas pelo ambiente no qual se vive], de cultura, de religiosidade”.
 

Conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades Cida Bento 
Foto: Arquivo Pessoal

Cida Bento considera ainda que houve uma ressignificação do que representa ser negro. “Antes era [um significado] negativo e hoje vem associado a uma cultura plural, diversa, que acolhe outras. Agora é possível se reconhecer negro como uma coisa boa. A discussão disso tem vindo das vozes negras sacudindo a sociedade para olhar para aquilo que o país é”.

Outra ressignificação, segundo Cida, é entender que o branco contou com privilégios da colonização e escravidão e, por isso, ocupa atualmente os postos de mais destaques, melhores remunerações e com mais poderes. “É um lugar não mais visto como mérito, mas como resultante de uma história de atos anti-humanitários”, diz.

 
Estatística como evidência
 
Os números do Censo 2022 são vistos por especialistas e ativistas como uma ferramenta estatística e também uma evidência para a busca por mais representatividade e políticas públicas. Wania Sant’Anna dá como exemplo a campanha de movimentos negros pela indicação de uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal (STF).

“É como se fossem 55% da população pedindo essa vaga”, diz, fazendo referência à proporção de pretos e pardos no país.

Além disso, ela acredita que políticas afirmativas bem avaliadas, como cotas para negros nas universidades, sejam estendidas para outros ambientes de representação, como ministérios e parlamentos.

“Temos que olhar para as representatividades que estão aí e questioná-las”, defende.

Outra utilidade dos dados na visão de especialistas é analisar recortes das informações demográficas com indicadores de trabalho, educação e expectativa de vida, por exemplo. À frente da Diretoria de Avaliação, Monitoramento e Gestão da Informação do MIR, Tatiana Dias Silva defende o uso de informações qualificadas, produzidas por vários órgãos, como embasamento para discussões e elaboração de políticas públicas sobre desigualdades raciais. O MIR, por exemplo, mantém o HUB da Igualdade Racial.
 

Diretora de Avaliação, Monitoramento e Gestão da Informação do MIR, Tatiana Silva - 
Foto: Helio Montferre/Ipea

Cida Bento chama atenção para um cuidado específico que deve haver na hora de se executarem políticas de ações afirmativas. Ela lembra que câmaras de verificação de cotas em universidades já mostraram casos de pessoas brancas se classificando como pardas para poderem usufruir de ações afirmativas.

“É um assunto que precisa estar sempre em debate. As políticas públicas focadas em negros, indígenas e quilombolas têm que ser dirigidas a esses segmentos a sociedade”, diz.
Mão dupla - Tatiana Dias Silva, do Ipea e do MIR, espera que o país e a sociedade brasileira vivenciem uma espécie de círculo virtuoso envolvendo debates sobre questões raciais, reconhecimento e políticas públicas.

Ela faz uma primeira relação ligando a ampliação da discussão nas últimas duas décadas, a criação de órgãos como a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) pelo governo federal, em 2023, e o MIR, em 2023, e o autorreconhecimento da população negra nos questionários de recenseamento.

Para ela, um próximo passo necessário é que haja uma mão dupla, com ampliação e aperfeiçoamento de políticas públicas e ações da sociedade para enfrentamento das desigualdades.

“Para a construção de uma sociedade com mais justiça racial, sem tantos abismos entre os grupos por conta de sua cor ou raça. O enfrentamento ao racismo como um valor cada vez mais importante na nossa sociedade. É um caminho que nos fortalece como sociedade, como país, como democracia”, deseja.

Agência Brasil

Sebrae capacita empreendedores do Agreste para participar de editais e licitações públicas

 

Micro e pequenos empreendedores de Pernambuco estão descobrindo nas contratações de produtos e serviços para prefeituras uma nova oportunidade para crescer no mercado. Este tipo de concorrência, antes restrita a grandes empresas, começa a se tornar realidade também para pequenos produtores de várias áreas. A Unidade Sebrae Agreste Central e Setentrional, sediada em Caruaru, já realiza parcerias com várias prefeituras para capacitar esses empreendedores a participarem de licitações, chamadas públicas, editais e outros tipos de concorrências lançadas pelos governos municipais.

De acordo com Fabiana Santos, analista do Sebrae/PE, as capacitações estão acontecendo em diversos municípios da região. Entre eles, Taquaritinga do Norte, Sairé, Gravatá, Bezerros, Belo Jardim e Santa Cruz do Capibaribe. A maioria dos empreendedores é do ramo da agricultura.

"O Sebrae fechou várias parcerias com os municípios para a elaboração do plano de compras, tendo em vista o pequeno negócio e a agricultura familiar. E, simultaneamente, preparamos as empresas para elas venderem para o governo, tanto com a formalização quanto com palestras sobre como participar de licitações e vender para o governo. Eles ficaram sabendo, por exemplo, quais as documentações necessárias para participar de editais. Assim, conscientizamos tanto as prefeituras para comprar, quanto capacitamos os clientes para venderem seus produtos. As ações foram realizadas em parceria com a Sala do Empreendedor", detalha a analista.

Segundo ela, o apoio do Sebrae/PE é importante porque muitas vezes a falta de qualificação técnica e regulamentação jurídica impedem os micro e pequenos empresários de ingressarem nesses mercados.

Uma das áreas em que eles já participam das licitações das prefeituras é o fornecimento de alimentos para a merenda escolar nos estabelecimentos de educação dos municípios. Nesses casos, os governos municipais priorizam os agricultores familiares locais nas chamadas públicas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), garantindo custos mais baixos, alimentos mais saudáveis e geração de emprego e renda nas cidades. A expectativa é que outros setores sigam o mesmo caminho. "A ideia que defendemos é a valorização das empresas locais e a movimentação do recurso e da economia do município", conclui Fabiana Santos.

EMPREGABILIDADE NO SETOR

No decorrer deste ano, o setor de pequenos negócios em Pernambuco registrou um desempenho positivo na geração de empregos. De janeiro a outubro, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por uma parcela de 79% do total de empregos formais criados no estado, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Essa marca expressiva representa um destaque significativo, colocando Pernambuco à frente da média nacional. Enquanto o Novo Caged aponta que a média nacional foi de 71%, o estado superou essa estatística.

Imprensa Sebrae PE

Vai ter concurso público em Santa Cruz do Capibaribe

 

A Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe informa a abertura de um concurso público com 221 vagas disponíveis para candidatos nos níveis Médio, Técnico e Superior. As inscrições estarão abertas a partir desta terça-feira (26) e vão até o dia 05 de fevereiro de 2024, proporcionando flexibilidade aos interessados em participar do processo seletivo. O concurso terá validade de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período.

O certame abrange diversas áreas, oferecendo oportunidades para profissionais como Agente Comunitário de Saúde, Analista de Controle Interno, Assistente Social, educadores, enfermeiros(as), médicos de diferentes especialidades, farmacêuticos e fisioterapeutas, entre outros. Além disso, o processo seletivo contempla vagas para técnicos em enfermagem, radiologia, saúde bucal e segurança do trabalho. Esta iniciativa representa uma significativa oportunidade para a comunidade local contribuir e se destacar em diversos setores cruciais para o município.

Os candidatos devem ficar atentos às taxas de inscrição, estabelecidas em R$105,00 para cargos de Nível Médio e Técnico, e R$125,00 para Nível Superior. Para obter informações detalhadas sobre o concurso e realizar a inscrição, os candidatos devem acessar o site oficial do Instituto Darwin, responsável pela seleção, disponível em https://institutodarwin.com/portal/descricao-selecao/40/.

Cargos e vagas
As oportunidades são para os seguintes cargos:

* Agente Comunitário de Saúde (15)
* Agente de Combate às Endemias (5)
* Auxiliar de Farmácia (1)
* Técnico em Enfermagem (10)
* Técnico em Radiologia (2)
* Analista de Controle Interno (2)
* Assistente Social (1)
* Biomédico (2)
* Educador Físico (1)
* Enfermeiro (5)
* Enfermeiro Hospitalar (5)
* Farmacêutico (1)
* Fisioterapeuta (3)
* Fonoaudiólogo (2)
* Médico (4)
* Médico em várias especialidades
* Terapeuta Ocupacional (2)
* Professores em várias disciplinas