quinta-feira, 6 de julho de 2017

Jucá rejeita emendas e reforma trabalhista será votada na terça

O relator da reforma trabalhista (PLC 38/2017), senador Romero Jucá (PMDB-RR), deu parecer contrário a todas as 178 emendas apresentadas ao texto em Plenário. Na sessão desta quinta-feira (6), os senadores encerraram a discussão da proposta, que deve ser votada na próxima terça-feira (11).

Jucá assumiu a relatoria das emendas em Plenário no lugar de Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que havia sido escolhido pelo presidente Eunício Oliveira, mas estava ausente.

O líder do governo informou que o voto dele foi remetido à Mesa, para que os demais senadores tenham acesso, e lembrou que não haverá mais debates sobre o tema, apenas a votação do texto principal e de destaques de bancadas apresentados.

- Vamos fazer o debate de alto nível. É natural que cada um marque sua posição num tema tão importante. Que prevaleça a vontade da maioria - disse Jucá.

Contrário à reforma, o senador Paulo Paim (PT-RS) protestou e disse que se tivesse sido indicado relator das emendas de Plenário, seria favorável a todas elas. Paim foi o autor do relatório que saiu vencedor na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), recomendando a rejeição total do projeto.
Alterações

O prazo para emendas encerrou-se. A maioria das sugestões de mudanças levadas ao Plenário foi apresentada por oposicionistas, mas até senadores do PMDB, partido do governo, também indicaram alterações à proposta, como a senadora Kátia Abreu (TO) e o senador Eduardo Braga (AM). Ambos já tinham criticado o projeto durante a tramitação nas comissões.

A representante do Tocantins, por exemplo, quer suprimir da proposição a autorização para que gestantes e lactantes possam trabalhar em local insalubre. Ela também pretende excluir do texto a parte relativa ao trabalho intermitente, segundo o qual o trabalhador pode prestar serviços com interrupções, em dias alternados ou apenas por algumas horas na semana. Ela entregou 17 emendas no total.

A última sugestão foi apresentada pelo senador Reguffe (sem partido-DF), que quer impedir a "prevalência do negociado sobre o legislado" para trabalhadores que ganham até três salários mínimos.

Agência Senado

Aumento nos preços da carne e do trigo eleva custo global dos alimentos, diz ONU

O aumento internacional dos preços da carne e do trigo fez com que o custo dos alimentos a nível global subisse em junho, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O Índice de Preços dos Alimentos, divulgado hoje (6) pela FAO, em Roma, atingiu uma alta de 1,4% em relação a maio e está 7% acima do mesmo período de 2016. A informação é da ONU News.

O custo dos cereais aumentou 4,2%, influenciado pelos preços do trigo com alto teor de proteína, que teve suas condições de cultivo agravadas nos Estados Unidos. Já os valores do milho diminuíram devido a colheitas recordes na América do Sul. Outra queda ocorreu no açúcar, que baixou 13% em relação a maio. O custo do produto no mercado internacional tem caído desde fevereiro por causa da sua grande oferta de exportações, em particular pelo Brasil.

De acordo com a FAO, as compras de açúcar pelo principal importador mundial, a China, diminuíram depois da imposição de altas tarifas de importação.

Carne mais cara

Também registraram aumentos os preços da carne e dos lacticínios, enquanto o valor das oleaginosas caiu. A FAO prevê ainda que a produção mundial de cereais este ano seja de 2,59 bilhões de toneladas, uma queda de 0,6% em relação a 2016. A redução deve-se a cortes nos produtos de cevada e trigo, principalmente na União Europeia.

A produção mundial de trigo deve chegar a aproximadamente 740 milhões de toneladas, marca que está cerca de 0,4% abaixo da previsão anterior. A principal razão são as fracas culturas no bloco europeu e na Ucrânia.

Agência Brasil

Procurado por tráfico em São Paulo é detido pela PRF em São Caetano-PE

Um foragido da justiça paulista, de 39 anos, foi detido nesta quinta-feira (06) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 232, em frente ao posto de São Caetano, no Agreste de Pernambuco. O homem era procurado pelos crimes de Tráfico Ilícito e Uso Indevido de Drogas, a partir de um mandado expedido em agosto de 2015 pela Segunda Vara Criminal de Sorocaba, em São Paulo.

Durante a fiscalização a uma caminhonete de luxo no quilômetro 145 da rodovia, a equipe realizou uma consulta e descobriu que havia um mandado de prisão em aberto contra o motorista do veículo. Ele estava com a família e não ofereceu resistência quando foi abordado.

O homem foi encaminhado à delegacia de Polícia Civil de Caruaru, para a continuidade dos procedimentos legais. 

Polícia Rodoviária Federal

Pastor acolhe Suzane von Ritchofen como missionária

"Desde que conversei com Suzane, conheci uma outra pessoa. Acredito que ela está mudada". Este é o depoimento do pastor Euclides Vieira, que está ajudando a detenta Suzane von Richthofen e o noivo, Rogério Olberg, a se tornarem missionários na Igreja do Evangelho Quadrangular. "Ela fala olhando nos olhos, se emociona quando ouve sobre o evangelho. Ela me passou confiança de uma recuperação".

Amigo de Rogério desde 2005, Euclides foi procurado no começo de 2016 para se aconselhar sobre o possível relacionamento com Suzane. "Ele queria uma opinião, saber o que eu achava da situação, pois eles estavam praticamente namorando", lembra o pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapetininga, no interior de São Paulo.

Condenada a 39 anos de prisão pela participação na morte dos pais, Suzane converteu-se ao protestantismo e foi batizada pela Assembleia de Deus no presídio. "Neste ano, ele me pediu que os visse. Eu atendi no dia seguinte e conversei com eles, orei pelos dois", conta Euclides. "Eles expressaram a vontade de fazer a obra missionária. Ela iria anunciar o evangelho, dar o testemunho do Senhor."

Para se tornar uma obreira credenciada, como é chamado na igreja, é preciso seguir alguns passos. Primeiro, fazer um curso no Instituto Teológico Quadrangular. Depois, tem de passar por uma avaliação de especialistas e por uma série de entrevistas. "Então, a pessoa é levada para uma convenção e tem de ter uma indicação de um pastor local para ser aceita", explica Euclides. "Ela ficaria numa igreja fixa."

De acordo com o pastor, este processo leva entre dois e três anos. Por isso, ele sugeriu que ela começasse a fazer o curso por correspondência. "Mas se ela conseguir a liberdade em dezembro, como há a esperança, pode fazer presencial mesmo. Ainda está muito incerto, né?"

Euclides conta que vem recebendo duras críticas por apoiar a entrada de Suzane. "Quando a foto vazou e foi parar nas redes sociais, recebi um punhado de críticas, comecei a apanhar mais que pandeiro em samba."

Pastor há 14 anos, ele tem há nove um grupo próprio de auxílio a detentos e ex-usuários de drogas. "Já tive casos muito piores que os dela, mas como não são famosos, as pessoas não falam nada", argumenta Euclides. "Ela quer experimentar o que temos na igreja. Seu noivo é meu amigo, o Rogério é um menino bom, de caráter, mas eles estão sendo bombardeados. Tem dias que ele me liga por que não está aguentando a pressão."

Euclides admite, no entanto, que este é um assunto no mínimo polêmico. "Não é uma unanimidade nem dentro nem fora da igreja, recebo críticas de todos os lados, falando que eu estou defendendo uma assassina. Mas eu não defendo, eu acolho, acredito na recuperação dela. Não é isso que devemos fazer?"

Portal UOL

Jarbas anuncia voto contra Temer

O deputado Jarbas Vasconcelos (PE), é o primeiro peemedebista a divulgar voto favorável à admissibilidade da denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer. Antes indeciso, Jarbas disse que chegou à decisão após ler o material da defesa.

De acordo com a apuração do jornal O Globo, até a manhã desta quinta-feira (6), já eram 148 deputados a favor de denúncia da PGR, 59 contra e 93 indecisos. Outros 212 deputados não responderam.

O posicionamento de Jarbas Vasconcelos contrário à Temer é um alerta vermelho para o presidente, já que o senador pernambucano é um dos maiores e históricos nomes do PMDB.

Notícias ao Minuto (Rio)

Empréstimos do Fies serão pagos com desconto direto no salário dos trabalhadores

A partir do ano que vem, os estudantes universitários que financiarem o pagamento das mensalidades de faculdades privadas por meio do Financiamento Estudantil (Fies) vão começar a pagar o empréstimo assim que tiverem renda formal, após deixar a faculdade. O dinheiro será descontado diretamente do salário do empregado, por meio do eSocial, sistema já utilizado atualmente pelas empresas para pagar contribuições e prestar informações ao governo.

A empresa que contratar um empregado que financiou o estudo superior com o Fies irá fazer o recolhimento do valor mensalmente pelo eSocial, descontando do salário do trabalhador, como é feito atualmente no caso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Se o trabalhador for autônomo, deverá fazer o recolhimento diretamente. Se a pessoa não tiver emprego formal, irá pagar apenas taxa de co-participação, como é feito enquanto está cursando a universidade. Não haverá mais carência estabelecida para o pagamento do financiamento, como existe atualmente.

“A ideia é ser quase um crédito consignado, por isso o risco do crédito também vai ser muito menor. No crédito consignado, o pagamento da parcela é sacado diretamente do salário da pessoa que contraiu o crédito e, no caso do Fies, ele vai usar uma nova sistemática que é o eSocial, que a partir de janeiro de 2018 será obrigatório para empresas grandes”, explicou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.

As mudanças no Fies foram apresentadas hoje (6), em cerimônia no Palácio do Planalto. Serão três tipos de financiamento. A primeira modalidade terá financiamento com recursos públicos e irá oferecer 100 mil vagas por ano, com juro zero para os estudantes que tiverem uma renda per capita mensal familiar de três salários mínimos. Atualmente, a taxa de juros do Fies é de 6,5% ao ano.

O risco do financiamento, que atualmente é apenas do governo, será compartilhado com as universidades privadas. “No mundo todo, as universidades compartilham o custo com o governo. Aqui, grande parte do risco da inadimplência ficava concentrada no Tesouro Nacional, agora se corrige isso”, explicou Mansueto. Segundo ele, o governo vai colocar R$ 2 bilhões nos próximos quatro anos para o Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc).

Outra mudança anunciada hoje foi a fixação de um limite médio de 10% da renda do trabalhador para o pagamento do Fies, no caso do financiamento com recursos públicos. Atualmente, não há limite para o endividamento dos alunos. “O Fies não é o único item consignável, o trabalhador pode consignar para outros fins, até para crédito pessoal. Então, não faz sentido o Fies comprometer mais do que isso. No Fies antigo, não havia limite, agora vai ter esse limite médio de 10%”, explicou o ministro da Educação, Mendonça Filho.

O MEC ainda não definiu quais os cursos serão priorizados nas ofertas de vagas do Fies, mas Mendonça Filho disse que o ministério deverá enfatizar as áreas que possam gerar melhor renda e tenham maior demanda do mercado de trabalho.

As novas regras do Fies vão valer apenas para contratos firmados a partir do ano que vem. Neste semestre, o MEC vai oferecer 75 mil novas vagas de contratos de financiamento, ainda com as regras atuais: podem participar os estudantes com que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 e tiveram média das notas igual ou superior a 450 pontos e nota na redação superior a zero. O estudante também precisa ter renda familiar mensal bruta per capita de até três salários mínimos.

Segundo o Ministério da Educação, atualmente há mais de 2,5 milhões de contratos ativos no Fies.

Fundos Regionais

A segunda modalidade de financiamento do Fies será destinada a alunos com renda familiar per capita de até cinco salários mínimos. A fonte de recursos serão os fundos constitucionais regionais, com juros baixos e risco de inadimplência assumido pelos bancos. Serão ofertadas 150 mil vagas em 2018 para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Na terceira modalidade, o Fies terá como fontes de recursos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos regionais de desenvolvimento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com juros baixos, também para estudantes com renda familiar per capita mensal de até cinco salários mínimos. O risco de crédito também será dos bancos. Serão ofertadas 60 mil vagas no próximo ano. Nessa modalidade, o MEC discute com o Ministério do Trabalho uma nova linha de financiamento que pode garantir mais 20 mil vagas adicionais em 2018.

Segundo o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, não há risco de faltar recursos para apoiar os futuros projetos de desenvolvimento para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, pois a programação financeira para os próximos quatro anos é mais do que suficiente para fazer frente às demandas por financiamentos.


Agência Brasil

SBT é proibido de exibir chamadas sobre reformas de Temer

A reforma trabalhista é um dos assuntos mais polêmicos neste momento no Brasil. Sugerida pelo atual presidente Michel Temer, ela contém pontos polêmicos como o aumento da idade para a aposentadoria e não foi fruto de um debate com a sociedade. Contudo, alguns setores da mídia têm se posicionado a favor da reformulação, mesmo com todos os contras que ela possa conter.

Um desses setores da mídia é a emissora SBT, de Silvio Santos. O canal começou a exibir nesta semana chamadas sobre a reforma trabalhista sugerindo que o telespectador se informe sobre a reformulação proposta pelo governo. O teor do vídeo é diferente de outros anteriores, veiculados pela emissora entre abril e junho, que diziam, em tom alarmista, que "o Brasil quebra se a reforma da Previdência não for aprovada".

A mudança das chamadas tem uma explicação. O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) abriu inquérito e constatou que o SBT exibia "chamadas publicitárias com informações duvidosas sobre o tema".

A emissora assinou Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a exibir mensagens que "motivassem a reflexão sobre o tema" e explicou que as chamadas deixaram de ser exibidas desde 12 de junho. O SBT começou a exibir as chamadas favoráveis às reformas após um encontro entre Temer e Silvio Santos, em abril.

Notícias ao Minuto (Rio)

A saga do estudante Mateus Ferreira, vítima de agressão da PM goiana

O estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mateus Ferreira, 33 anos, recebeu a reportagem do Brasil de Fato para falar sobre a agressão sofrida pela Polícia Militar (PM) no último 28 de abril, quando participava de um protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB).

O encontro foi no Campus Samambaia da UFG, exatos dois meses após a agressão, e Mateus, que já voltou a frequentar as aulas, respondeu a todas as perguntas, mas, por conta de sua situação, recusou-se a fazer fotos ou gravar vídeo.

Natural de Osasco (SP), o estudante de Ciências Sociais já tem curso superior em Informática, com ênfase em Gestão de Negócios. Veio para Goiânia em março de 2016 e começou a frequentar manifestações de rua em 2013, aquelas que ficaram conhecidas como Manifestações dos 20 Centavos.

Na Greve Geral de 28 de abril, enquanto exercia seu direito de protestar, foi brutalmente agredido pelo capitão da PM goiana Augusto Sampaio. Um vídeo que viralizou na internet mostra claramente a violência sofrida por Mateus, que levou um golpe de cassetete no rosto. De tão forte, a pacanda quebrou o cassetete. O momento pode ser verificado aos 50 segundos da gravação, no lado esquerdo das imagens.

Cirurgias

Mateus ficou inicialmente 11 dias internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Depois mais três dias para a segunda cirurgia. O primeiro procedimento removeu os estilhaços de osso da testa e o segundo colocou uma prótese “para tapar o buraco”, conta. O resultado foi uma grande cicatriz, quase em formato de coração, que ele diz não pretender retirar.

Enquanto o estudante lutava pela vida no Hugo, uma rede de solidariedade se formou em torno dele e de sua família. “Essa ajuda foi muito bem vinda. Em nenhum momento o Estado se manifestou para prestar qualquer auxílio”, lembra Mateus.

No entanto, a outra face da moeda foi o assédio. “Às vezes acho positivo. Depende do canal e das perguntas. Já participei de rodas de debate sobre violência após o ataque. São comuns as abordagens na rua também. As pessoas querem saber como estou. Eu até lido com isso com tranquilidade. Mas o fato é que minha vida mudou”.

“Agora todo mundo me conhece e isso gera ansiedade”

Após a agressão do capitão da PM goiana, Mateus foi catapultado para uma fama indesejada. “Agora todo mundo me conhece. Isso gera ansiedade. Isso deixa um peso. Sempre vou estar relembrando essa violência e nem sempre você está tranquilo para abordar o assunto”.

Se por um lado a agressão sofrida por parte da PM despertou a indignação e a solidariedade de muita gente, por outro há muitas pessoas que têm aversão aos movimentos sociais e externalizam esse ódio em comentários ácidos pelas redes sociais.

“Rola uma desqualificação do sujeito como atuante político. As forças conservadoras não querem perder seus privilégios, então tentam te diminuir. Aí você vira só o cara que tem 33 anos e ainda está estudando ao invés de trabalhar”, relata Mateus, que fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e passou para a UFG e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas optou por Goiânia.

Militância

Mateus diz se considerar um militante. “Sempre tive a preocupação de conhecer melhor as ciências políticas. O que mais me incomoda é a desigualdade". O estudante cita a teoria rousseauniana da propriedade privada e o consequente surgimento da desigualdade social. “Rousseau, que era um liberal, dizia que a propriedade privada estabeleceu uma superioridade e uma desigualdade entre os homens”, comenta.

Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 1712 em Genebra e morreu 1778 em Ermenoville, na França. É considerado um dos principais filósofos do Iluminismo: suas ideias influenciaram a Revolução Francesa (1789).

Rousseau escreveu uma obra chamada "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens", onde defendia que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. O homem corrompido passa a agir com a força, transformando o Estado em uma sociedade violenta, criminalizada e obscura, sem justiça social.

Partindo desse princípio de que o mal é a propriedade privada, Mateus pontua que a democracia brasileira não criou mecanismos para a efetiva participação popular. “É oligarca”, afirma, entendendo que poder é exercido na sociedade brasileira é exercido por um pequeno grupo de pessoas.

“Não me lembro de nada daquele dia”

Embora Mateus Ferreira afirme que não ficou com sequelas da agressão sofrida, o estudante diz não se lembrar dos fatos ocorridos na data, o fatídico dia 28 de abril. “Só sei o que me contaram e o que vi depois em vídeo e nas redes sociais. Fui socorrido por manifestantes, que tiveram de me carregar até a ambulância. Da PM, não recebi socorro nenhum”, relata.

O estudante diz que o socorro deve ter sido rápido, já que a agressão foi por volta das 12 horas e às 13 horas ele já havia dado entrada no Hospital de Urgências de Goiânia. “Só lembro do impacto do cassetete na testa. Mais nada.”

Segurança

Atualmente a segurança é uma das maiores preocupações de Mateus. “Tenho cuidado com a exposição. Dá medo. Existe um ódio rondando os militantes sociais. Mas minha rotina é a mesma”, conta.

O estudante diz sofrer de enxaqueca, “mas já tinha antes”. Hoje, Mateus tem de fazer acompanhamentos médicos frequentes, principalmente quanto à visão. “Sinto um reflexo no olho esquerdo e faço fisioterapia no ombro. O golpe também quebrou a minha clavícula”, lembra.

Mateus voltou a frequentar as aulas de Ciências Sociais, mas o processo não é tranquilo. “Tenho de recuperar um mês de conteúdo e agora existe toda uma rotina de médicos, advogados, de pessoas que querem falar comigo. Tenho que pensar em me recuperar – ainda tenho fraturas na face - e também na minha segurança”, pontua.

Inquérito

Desde a divulgação do vídeo da agressão, o capitão da Polícia Militar (PM) Augusto Sampaio foi afastado do patrulhamento das ruas e está exercendo atividades administrativas enquanto o Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga sua conduta não é concluído. Em entrevista a uma televisão de Goiânia, o comandante geral da PM-GO, coronel Divino Alves de Oliveira, admitiu que houve excesso.

A Polícia Civil também investiga o caso, a pedido do Ministério Público de Goiás. “Já prestei depoimento na Polícia Civil e na PM e vou processar o estado de Goiás”, informar Mateus, que por enquanto diz que não vai participar de manifestações de rua, por uma questão de segurança. “Mas posso ser um ator político de outras maneiras. Me preocupo com as causas sociais e o sistema político brasileiro. Espero contribuir de várias formas”, conclui.

Brasil de Fato

Polícia Federal acaba com força-tarefa da Lava Jato em Curitiba

O desmonte da força-tarefa da PF em Curitiba coincide com um momento de forte tensão política em que o presidente Michel Temer enfrenta acusação formal de corrupção.

As especulações de que o governo lançaria uma ofensiva contra a Lava Jato que incluiria o cerceamento das condições de trabalho investigativo da PF ganharam corpo a partir de 31 de maio, quando Temer nomeou Torquato Jardim para o Ministério da Justiça.

Em todas as entrevistas que concedeu, Jardim evitou garantir a manutenção de Leandro Daiello no cargo de diretor-geral da PF.

O fim da força-tarefa da PF em Curitiba é simbólica. Ao lado do Ministério Público Federal, os delegados que atuaram naquele núcleo conduziram as investigações desde a descoberta do esquema de cartel e desvio de dinheiro na Petrobras, em 2014.

A mudança na PF causou indignação entre os procuradores do Ministério Público Federal, segundo apurou o BuzzFeed. O coordenador da força-tarefa da Procuradoria, Deltan Dallagnol, ainda não se manifestou oficialmente.

Segundo a PF, os servidores passaram a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas, também em Curitiba.

"A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário", diz a Polícia Federal, em nota. Leia a íntegra abaixo.


1. Tendo em vista que cada delegado do Grupo de Trabalho da Lava Jato possuía cerca de vinte inquéritos cada um, essa equipe, juntamente com o Grupo de Trabalho da Operação Carne Fraca, passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (DELECOR);

2. A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;

3. Com a nova sistemática de trabalho, nenhum dos delegados atuantes na Lava Jato terá aumento de carga de trabalho, mas, ao contrário, ela será reduzida em função da incorporação de novas autoridades policiais;

4. O número de policiais dedicados a essas investigações chega a 70;

5. A iniciativa da integração coube ao Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado do Paraná, delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Operação Lava Jato no estado, e foi corroborada pelo Superintendente Regional, delegado Rosalvo Franco;

6. O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros;

7. Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo os delegados Márcio Anselmo e Luciano Flores, ex-integrantes da Operação Lava Jato;

8. O atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade;

9. Conforme nota divulgada no dia 21/05/2017, deve-se ressaltar que as investigações decorrentes da Operação Lava Jato não se concentram somente em Curitiba, mas compreendem o Distrito Federal e outros dezesseis estados;

10. Desde o início, a Polícia Federal, de forma republicana e sem partidarismos, trabalha arduamente para o êxito das investigações, garantindo toda a estrutura e logística necessária para o esclarecimento dos crimes.


Buzfeed Brasil