quinta-feira, 4 de abril de 2019

Gasolina vai subir outra vez

A Petrobras elevará o preço médio da gasolina em suas refinarias em 5,6 por cento a partir de sexta-feira, para 1,9354 real por litro, maior valor desde 30 de outubro de 2018, enquanto manteve o do diesel, conforme dados publicados pela petroleira em seu site nesta quinta-feira.

O reajuste foi feito após a companhia ter mantido o valor estável da gasolina desde 19 de março, na maior série sem alteração de preço desde que a empresa anunciou em setembro uma política de hedge que permite manutenções de valores nas refinarias por um período de 15 dias sem que haja eventualmente perdas.

Com o reajuste a ser aplicado na sexta-feira, a alta da gasolina nas refinarias da Petrobras é de 28,3 por cento no acumulado do ano, segundo dados da estatal.

A política de hedge da Petrobras busca evitar perdas em um período em que os preços internacionais do petróleo passam por fortes oscilações, sem necessariamente repassá-las aos clientes —o Brent vem subindo neste ano e atingiu nesta quinta-feira 70 dólares o barril, maior valor desde novembro.

A Petrobras tem informado que sua política de preços busca a paridade de importação, tendo como referência indicadores internacionais como câmbio e dólar, em busca de rentabilidade.

No caso do diesel, a empresa definiu na semana passada que o preço médio seria alterado em intervalos não inferiores a 15 dias.

O anúncio foi feito após o preço do diesel nas refinarias ter tocado em meados de março o maior nível desde setembro de 2018.

Atualmente, o diesel é vendido a um preço médio de 2,1432 reais por litro, o mesmo valor desde 22 de março.

O repasse dos preços dos combustíveis da Petrobras para a bomba depende de diversos fatores, como margens da distribuição e revenda, impostos e misturas de biocombustíveis.

Nos primeiros três meses do ano, o preço médio da gasolina nos postos subiu 0,4 por cento, segundo dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto nas refinarias foi registrado avanço de 21,5 por cento.

Já o diesel teve alta de 18,5 por cento nas refinarias, contra 3 por cento nos postos.

Portal Brasil 247 com informações da Agência Reuters

Em três meses, Mais Médicos tem 1.052 desistências após saída de cubanos

Cerca de 15% dos médicos brasileiros que entraram no Mais Médicos após a saída dos cubanos desistiram de participar do programa nos primeiros três meses.

Dados obtidos pela Folha apontam que ao menos 1.052 médicos que assumiram entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano já deixaram as vagas. Ao todo, 7.120 brasileiros ingressaram nas duas primeiras rodadas de seleção abertas após o fim da participação de Cuba no Mais Médicos.

Além desses, a previsão era que outros 1.397 médicos, todos brasileiros formados no exterior, iniciassem atividades até o fim da última semana. O balanço dessas adesões ainda não foi divulgado.

Segundo o ministério, o tempo médio de permanência dos dois primeiros grupos de profissionais variou de uma semana a três meses. Os principais motivos relatados aos municípios para a saída foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização e de residência médica.

Embora desistências já fosse esperadas, o registro de saídas dos médicos em menos de três meses de trabalho preocupa secretários de saúde ouvidos pela Folha. Isso porque, diante da possibilidade anunciada pela nova gestão de mudanças no Mais Médicos, ainda não há data prevista para reposição das vagas.

Enquanto isso, unidades de saúde encaram novo período sem profissionais. Em Embu-Guaçu, interior de SP, oito vagas do Mais Médicos abertas após a saída dos cubanos não têm médico. Destas, quatro chegaram a ser ocupadas, mas foram alvo de desistências.

"Uma das vagas foi de uma médica que apareceu só um dia e não veio mais. Outros três saíram para fazer residência médica", relata a secretária municipal de saúde, Maria Dalva dos Santos.
Ela conta que as outras quatro vagas chegaram a ter médicos formados no exterior inscritos para atuar, mas os profissionais não apareceram até a última semana. "Já estamos sem esperanças", afirma.

Dificuldade semelhante ocorre em Manaquiri, cidade de 22 mil habitantes no Amazonas, onde um posto de saúde que atende cerca de 800 famílias completa dois meses sem médico fixo.

Enfermeiros tentam agilizar o atendimento até a visita semanal de uma médica deslocada de outra unidade. "É uma área de maior vulnerabilidade social. O médico trabalhou por um mês, até que foi chamado para o Exército e optou por ir para a capital", diz a secretária Maria Luiza Souto. "Aqui, apesar de não ser longe, leva duas horas de barco até Manaus. Precisamos de médicos que fiquem aqui."

Segundo ela, essa é a segunda vez que a cidade registra dificuldade em ocupar as vagas. As primeiras desistências, diz, ocorreram ainda na época de inscrições, o que acabou por prorrogar o processo.
Souto diz que outros municípios do interior do Amazonas têm enfrentado problema semelhante para fixar os médicos recém-selecionados.

Dados do Ministério da Saúde apontam que o perfil de cidades onde ocorreram as primeiras desistências varia.

O perfil com maior volume de saídas é o de cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza —324 desistências, ou 31% do total. Em seguida estão capitais e regiões metropolitanas, com 209 desistências, ou 20%.

Segundo Mauro Junqueira, presidente do Conasems (conselho secretários municipais de saúde), isso ocorre porque boa parte das vagas nas capitais estão em regiões carentes e com altos índices de violência. "Quando se fala em capital [com vagas no Mais Médicos], não estamos falando nos Jardins, em São Paulo, mas em favelas e áreas mais distantes, onde é difícil ficar com essa violência toda.

Já Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, aponta outro fator: o maior volume de oferta de vagas de trabalho em cidades de maior porte. "Em cidades menores, a desistência pode ser mais relacionada às condições de trabalho e qualidade de vida. Mas quando essas vagas que estão inseridas em redes, em cidades maiores, há uma competição do mercado de trabalho do entorno", diz.

Na visão de Scheffer, o aumento na rotatividade já era esperado diante da saída de médicos cubanos do Mais Médicos. "O que garantia a permanência sem rotatividade era a peculiaridade do contrato dos médicos cubanos, que tinha proibição de exercer a medicina fora do vínculo do Mais Médicos."

Para ele, o novo cenário exige maior rapidez na reposição de vagas para evitar a desassistência. "É preciso haver uma política em que a vaga não fique ociosa por muito tempo", defende ele, que sugere discussão de incentivos à atração de recém-formados como alternativas, além de planos de carreira.

Ainda que em parte esperada, secretários de saúde ouvidos pela Folha, dizem que a taxa de desistência chama a atenção em comparação à média anual dos últimos anos ""conforme mostrou a Folha em dezembro, entre 2013 e 2017, cerca de 20% dos médicos brasileiros que ingressaram no programa desistiram em até um ano. A duração do contrato é de três anos.

Em nota, o Ministério da Saúde diz que as vagas oriundas das desistências "poderão ser ofertadas em novas fases do provimento de profissionais ainda em análise".

Em audiência no Senado na última semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a previsão é enviar ao Congresso um novo projeto para substituir o Mais Médicos ainda neste mês.

Números do programa Mais Médicos

7.120 médicos brasileiros ingressaram em duas rodadas de seleção abertas após o fim da participação de Cuba
1.052 desses profissionais deixaram as vagas
1.397 médicos brasileiros formados no exterior também foram selecionados para o programa

Folha SP - Repórter Natália Cancian

Endividamento de famílias brasileiras atinge maior patamar desde 2015

O percentual de famílias brasileiras com dívidas (em atraso ou não) chegou a 62,4% em março deste ano. O índice é superior aos 61,5% de fevereiro deste ano e aos 61,2% de março do ano passado. Esse também é o maior patamar de endividamento das famílias desde setembro de 2015, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada hoje (4) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Já as famílias inadimplentes, ou seja, aquelas que têm dívidas ou contas em atraso, ficou em 23,4% em março deste ano, acima dos 23,1% do mês anterior. Na comparação com março do ano passado (25,2%), no entanto, o indicador teve uma queda de 1,8 ponto percentual.

O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso aumentou de 9,2% em fevereiro para 9,4% em março deste ano. No entanto, continuou abaixo do patamar de março do ano passado (10%).

Segundo a economista da CNC Marianne Hanson, além da recuperação gradual das concessões de crédito e do consumo das famílias, há um fator sazonal que influi nos resultados: a incidência dos gastos extras de início de ano, ocasionando uma demanda maior por empréstimos.

O cartão de crédito foi apontado como o principal motivo das dívidas por 78% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 14,4%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 10%.

Agência Brasil

Abaixo-assinado “Nazismo é de extrema direita” pede retratação de Bolsonaro e Araújo

Indignado com a declaração de Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, e de Jair Bolsonaro, que afirmaram que “Nazismo foi um movimento de esquerda”, Mauro Nadvorny (foto), “cidadão brasileiro e israelense, antifascista militante dos direitos humanos”, como se apresenta, criou o abaixo-assinado “Nazismo é de extrema direita”.

O texto de apresentação da petição diz: Nós, judeus e não judeus brasileiros, estarrecidos diante de suas declarações e de seu chanceler, Ernesto Araújo, de que o Nazismo foi um movimento de esquerda, demandamos


1-A imediata retratação diante da verdade histórica de que o Nazismo foi e é um movimento de extrema direita em concordância com o governo Alemão, renomados historiadores e o Museu do Holocausto de Israel

2-Um pedido de desculpas ao povo brasileiro por fazer o país ser motivo de chacota internacional

3-O envio de uma correspondência oficial da presidência da República ao Yad Vashem que explique as declarações anteriores como equivocadas.

Repúdio - Na segunda-feira (1), o coletivo Judeus pela Democracia havia divulgado uma nota de repúdio às declarações do ministro Ernesto Araújo, ratificadas por Bolsonaro.

A defesa do chanceler, de que o nazismo e o fascismo são “fenômenos da esquerda” é “chocante” por “ignorância, má-fé e cinismo”, diz a nota do grupo, que acusa Araújo e a tentativa do governo de Jair Bolsonaro de promover um “revisionismo histórico”.


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Brasil diz à ONU que não houve golpe em 64 e que governos militares afastaram ameaça comunista e terrorista


O governo de Jair Bolsonaro enviou telegrama à ONU (Organização das Nações Unidas) afirmando que "não houve golpe de Estado" em 31 de março de 1964 e que os 21 anos de governos militares foram necessários "para afastar a crescente ameaça de uma tomada comunista do Brasil e garantir a preservação das instituições nacionais, no contexto da Guerra Fria".

O governo afirma que "os anos 1960-70 foram um período de intensa mobilização de organizações terroristas de esquerda no Brasil e em toda a América Latina" e que a derrubada do então presidente João Goulart contou com o apoio da "maioria da população".

A BBC News Brasil teve acesso ao conteúdo integral do telegrama confidencial enviado pelo Itamaraty nesta quarta-feira a Fabian Salvioli, relator especial da ONU sobre Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição. O conteúdo do texto foi confirmado por membros do governo Bolsonaro e fontes que atuam dentro das Nações Unidas.

O texto é uma resposta a críticas feitas pelo relator Salvioli na última sexta-feira aos planos do governo de celebração do 31 de março, então classificadas como "imorais e inadmissíveis".

Na oportunidade, o argentino afirmou em comunicado que "tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo".

"Comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no Estado de Direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes", escreveu Salvioli.

Em sua resposta, o governo brasileiro subiu o tom e classificou as críticas como "sem fundamento". Também disse à autoridade das Nações Unidas que ele "deve respeitar os processos nacionais e procedimentos internos em suas deliberações".

Disputa judicial - Segundo o telegrama do Itamaraty, o "governo defende o direito à liberdade de expressão e de pensamento e saúda o debate público sobre os eventos ocorridos no período 1964-1985 no Brasil".

"Neste contexto, o presidente Bolsonaro está convencido da importância de colocar em perspectiva a data de 31 de março de 1964", continua o texto.

"O presidente reafirmou em várias ocasiões que não houve um golpe de Estado, mas um movimento político legítimo que contou com o apoio do Congresso e do Judiciário, bem como a maioria da população. As principais agências de notícias nacionais da época pediram uma intervenção militar para enfrentar a ameaça crescente da agitação comunista no país."

Segundo a gestão Bolsonaro, a decisão de instruir as Forças Armadas brasileiras a lembrar a data de 31 de março de 1964 "foi tomada com pleno respeito à lei nacional, incluindo a Constituição Federal".

O governo também destaca que a instrução para a comemoração do golpe foi confirmada pelo Poder Judiciário em 30 de março, "quando o Tribunal Regional Federal declarou que a decisão do presidente é compatível com as prerrogativas de seu alto cargo, respeita a legislação nacional e não viola as obrigações de direitos humanos, de acordo com o direito internacional".

Horas após o comunicado enviado pelo relator da ONU, no último dia 29, uma juíza federal de Brasília atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União e proibiu que o governo realizasse eventos relacionados aos 55 anos do golpe militar.

Na decisão, a juíza Ivani Silva da Luz argumentava que a proibição pretendia "a não repetição de violações contra a integridade da humanidade, preservando a geração presente e as futuras do retrocesso a Estados de exceção".

No dia seguinte, um sábado, a desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogou a liminar e liberou comemorações, argumentando que "tendo em vista que existem eventos agendados para amanhã e domingo, dado o tamanho do Brasil e capilaridade das Forças Armadas, algumas unidades estão devidamente preparadas para a realização das cerimônias, as decisões recorridas colocam em risco gravemente a organização da administração, devendo a suspensão das mesmas ser imediata".

No comunicado enviado nesta quarta à ONU, o governo brasileiro ressaltou seu "compromisso com a democracia, o estado de direito e a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais" e ressaltou que "atos semelhantes (as comemorações do 31 de março neste ano) foram realizados por unidades militares em anos anteriores, sem qualquer efeito deletério ao corpo político brasileiro".

BBC Brasil

Preço da cesta básica sobe em todas as capitais

O custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em todas as capitais em março de 2019, como mostra o resultado da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 18 cidades. As altas mais expressivas ocorreram em Brasília (11,09%), Florianópolis (7,28%), São Luís (7,26%) e Curitiba (7,20%).

A capital com a cesta mais cara foi São Paulo (R$ 509,11), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 496,33) e Porto Alegre (R$ 479,53). Os menores valores médios foram observados em Salvador (R$ 382,35) e Aracaju (R$ 385,62).

Em 12 meses, entre março de 2018 e o mesmo mês deste ano, todas as cidades acumularam alta, as mais expressivas em Goiânia (20,25%), Salvador (18,42%) e Brasília (17,39%). Nos primeiros três meses de 2019, todas as cidades mostraram alta acumulada, com destaque para Recife (17,85%), Vitória (17,84%) e Natal (16,87%). A menor alta foi registrada em Porto Alegre (3,19%).

Com base na cesta mais cara que, em março, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em março de 2019, o valor necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.277,04, ou 4,29 vezes o mínimo de R$ 998. Em fevereiro de 2019, o piso necessário correspondeu a R$ 4.052,65, ou 4,06 vezes o mínimo vigente. Já em março de 2018, o valor necessário seria de R$ 3.706,44, ou 3,89 vezes o salário mínimo, que era R$ 954.

Preços dos produtos

Entre fevereiro e março de 2019, os preços dos produtos in natura ou semielaborados apresentaram tendência de alta: tomate, batata (pesquisada na Região Centro-Sul), feijão e banana. Já as cotações da carne bovina de primeira e do açúcar tiveram redução média de valor na maior parte das cidades.

O preço do quilo do tomate aumentou em todas as capitais de fevereiro para março. As taxas variaram entre 10,12%, em Campo Grande, e 54,33%, em Florianópolis. Em 12 meses, as altas acumuladas oscilaram entre 10,09%, em Porto Alegre, e 58,59%, no Recife. A redução da oferta devido ao fim da safra de verão explica a elevação expressiva dos preços no varejo.

A batata, pesquisada no Centro-Sul, ficou com o preço alto em todas as cidades. Os aumentos mais expressivos foram registrados em Brasília (79,11%), Porto Alegre (34,27%) e São Paulo (20,84%). Em 12 meses, as taxas acumuladas variaram entre 52,68%, em Goiânia, e 130,92%, em Belo Horizonte. A menor oferta de batata, com as chuvas e o fim da safra das águas, elevou o preço no varejo.

O preço médio do feijão subiu em 17 capitais em março de 2019. O tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, só não apresentou aumento em Campo Grande (-10,92%). Destacam-se as elevações em Brasília (102,13%), Belém (26,55%) e São Luís (17,55%). Já o feijão-preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, apresentou elevação de valor entre 6,94%, em Porto Alegre, e 19,84%, em Curitiba. Em 12 meses, o preço médio do grão carioquinha acumulou alta acima de 100%, em todas as capitais: as taxas variaram entre 112,84%, em Aracaju, e 191,44%, em Belém.

As variações acumuladas do tipo preto também foram positivas, mas em patamares menores: entre 37,93%, no Rio de Janeiro, e 69,27%, em Vitória. A redução da área plantada do feijão-carioca na chamada safra das águas e as chuvas intensas diminuíram tanto a disponibilidade quanto a qualidade do grão. No caso do tipo preto, o aumento médio de cotação se deu pela maior demanda, uma vez que o consumidor teve a opção de substituir o grão carioca pelo preto.

Já a dúzia da banana aumentou em 15 cidades e diminuiu em três. A pesquisa coleta os tipos prata e nanica e faz uma média ponderada dos preços. As altas mais expressivas foram registradas em Brasília (35,04%), Belo Horizonte (20,79%), Curitiba (18,98%) e Campo Grande (18,32%). Bananas prata e nanica apresentaram diminuição de oferta, em decorrência de problemas climáticos. No caso da nanica, também ocorreu antecipação de safra, devido ao calor. Os preços aumentaram no varejo na maior parte das cidades.

O preço do quilo da carne bovina de primeira diminuiu em 11 cidades e subiu em sete. Os recuos variaram entre -2,71%, em Brasília, e -0,22%, em Curitiba. A maior alta foi registrada em Vitória (1,39%). Em 12 meses, o produto teve alta em 17 cidades, entre 1,24%, em Belém, e 11,75%, em Goiânia. A única redução ocorreu em Florianópolis (-1,60%). A maior oferta de animais abatidos e o decréscimo no preço dos insumos aumentou o volume de carne comercializada e diminuiu o preço no varejo.

O quilo do açúcar diminuiu em dez cidades, ficou estável em Belo Horizonte e João Pessoa e aumentou em seis capitais. As quedas mais expressivas foram registradas em Florianópolis (-5,99%) e São Paulo (-5,96%). A maior alta ocorreu em Brasília (6,35%). Em 12 meses, o preço do açúcar subiu em 11 cidades, com variações entre 3,26%, em Fortaleza, e 30,87%, em Goiânia.

Agência Brasil

Fabricante de bala de borracha aposta em protestos contra reformas



Protestos contra a reforma da Previdência e outras medidas do polêmico governo Jair Bolsonaro não são usualmente associados a oportunidade de negócios. Uma exceção pode ser encontrada na Condor, empresa que domina o mercado nacional de armamentos não letais, onipresentes quando a situação engrossa nas ruas: granadas de efeito moral, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.

“É um dos pontos em que prevemos crescimento neste ano, que deverá ao todo ser na casa de dois dígitos sobre os números de 2018”, diz Luiz Monteiro, diretor de Relações Institucionais da empresa.

Segundo ele, a promoção de políticas para armar a população pelo governo Bolsonaro não afeta em nada seu negócio, que é o de vender produtos que não matem pessoas. “Podemos imaginar até a criação de um mercado intermediário civil para nosso produto. Não vejo uma cultura de armas do brasileiro, mas sim a vontade de ter o direito de tê-las, então por que não uma alternativa?”, disse, citando o spray de pimenta e o Spark, pistola de imobilização por descarga elétrica.

A Condor, com sede em Nova Iguaçu (RJ), é a única fabricante nacional desse tipo de produto e uma das dez existentes no mundo. Com uma competição tão fechada, tem virtual monopólio no Brasil, onde fornece para todas as polícias e para as Forças Armadas. “Nenhum estrangeiro quer bancar o custo Brasil e abrir fábrica aqui”, diz.

O grosso de sua produção, de 150 itens em catálogo, vai para o exterior. Como a empresa tem capital fechado, não existe balanço disponível, e nenhum número é divulgado. “Seria fatal, meus competidores lá fora saberiam onde estamos mirando”, afirma Monteiro, que apenas diz que bem mais de 50% das vendas ocorre para outros países, grande parte em áreas conturbadas como África e Oriente Médio.

“Empresa de defesa no Brasil precisa exportar, senão morre”, disse. Ele nega preconceitos: a empresa estuda atentamente a todos os embargos de fornecimento de armamentos para países sob sanções internacionais. “Invariavelmente há a exceção para a venda de armas não letais, e aí nós entramos."

Assim, a Condor enfrenta inevitável má publicidade toda vez que seus produtos aparecem em atos repressivos mundo afora, da Venezuela à África. Monteiro dá de ombros, dizendo que o que ele vende, se bem aplicado, evita mortes por regimes opressivos. “Quando começou a Primavera Árabe, a Tunísia foi à França e aos EUA atrás de gás lacrimogêneo. Recebeu um não deles, alegando motivos políticos. Nós fornecemos”, disse, sobre os eventos iniciados no país norte-africano no fim de 2010, que se espalharam por todo o Oriente Médio.

Em resumo, seu ponto de venda é que é melhor fornecer armas que não matam do que o contrário ou, pior, não fazer nada.

É uma noção contraintuitiva, admite o diretor. “Dizem que o Estado tem o monopólio da violência. Errado, ele tem o monopólio da força. Quando abusa dela, está sendo violento, ilegal. Nosso papel é tentar mostrar que é possível ter proporcionalidade em todo confronto.”

Ele admite, contudo, que o discurso não encontra exatamente eco nas ações policiais, como se viu durante os protestos de junho de 2013. “Por isso precisamos investir muito em treinamento”, afirmou ele no estande da empresa na LAAD, a maior feira de defesa e segurança da América Latina, que ocorre no Rio. A Condor tem um centro de treinamento, mas não possui convênios específicos com ONGs ou universidades.

“É difícil convencer as pessoas, mas o fato é que segurança é política pública que vem antes da educação e da saúde. Sem a segurança, você não permite o acesso do cidadão às outras duas.”

Folha SP - Repórter Igor Gielow