quarta-feira, 28 de maio de 2025

Distúrbios alimentares na infância afetam uma em cada quatro crianças e exigem abordagem multidisciplinar


Durante o mês de maio, campanhas de conscientização ressaltam a importância do diagnóstico precoce dos distúrbios alimentares pediátricos, que podem comprometer o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. Especialistas alertam que comportamentos como recusa e seletividade alimentar podem indicar problemas mais complexos e exigem acompanhamento profissional.

A alimentação é uma das primeiras interações sociais do ser humano, conectando-se ao vínculo com os cuidadores e ao bem-estar infantil. No entanto, o aumento dos casos de dificuldades alimentares, especialmente no pós-pandemia, tem preocupado médicos e terapeutas. Segundo a fonoaudióloga Dryelle Azevedo, referência na área, muitos pais acreditam que a recusa alimentar faz parte de uma fase passageira, mas em alguns casos pode indicar neofobia alimentar ou transtorno alimentar seletivo (TAS). “Quando a criança rejeita grupos inteiros de alimentos ou demonstra ansiedade extrema ao comer, é preciso atenção”, explica.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cerca de 25% das crianças saudáveis enfrentam alguma dificuldade alimentar, número que salta para 80% entre neurodivergentes com transtornos do desenvolvimento. A abordagem multidisciplinar é essencial para o tratamento adequado, envolvendo profissionais como fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos. “O fonoaudiólogo, por exemplo, avalia aspectos sensoriais e motores da alimentação, contribuindo para a reabilitação dos comportamentos inadequados”, afirma Azevedo.

Entre os distúrbios mais comuns estão a disfagia infantil, o TAS, os distúrbios sensoriais orais e a recusa alimentar crônica, que podem impactar significativamente a nutrição e o crescimento das crianças. Além disso, o ambiente familiar desempenha um papel fundamental no processo alimentar. “As pressões, recompensas e punições relacionadas à comida influenciam diretamente a relação da criança com a alimentação. Precisamos acolher e orientar os pais sem culpabilização”, reforça a especialista.

A campanha de conscientização busca incentivar a população a reconhecer sinais de alerta e buscar ajuda especializada, garantindo que crianças com dificuldades alimentares recebam o suporte necessário para um desenvolvimento saudável. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento.