quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Ana de Ferro em nova temporada no SESC Santo Amaro

O espetáculo Ana de Ferro, Rainha dos Tanoeiros do Recife volta a se apresentar no Teatro Marco Camarotti/SESC Santo Amaro nos dias 21 e 22 de setembro, sexta-feira e sábado, ás 20h. Na foto ao lado os atores Pedro Dias e Telma Ratta.

O romance entre o governador de Pernambuco durante o Brasil holandês e uma cortesã no cais do porto do Recife é pano de fundo para narrar os amores impossíveis da boemia do século XVII.

Inspirada no poema de Vital Correia Araújo e em pesquisas do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, a dramaturga carioca Miriam Halfim criou um texto histórico com lampejos de ficção apresentando personagens reais em situações possíveis de terem acontecido.

A encenação do pernambucano Emanuel David D’ Lúcard busca criar uma ponte entre os séculos XVII e XXI, elencando perspectivas sobre gênero, religião e racismo. Disposto numa forma de passarela, a direção insere o público na cena na busca de uma reflexão social. Separando homens e mulheres para conseguir tal feito.

O espetáculo traz em seu corpo imagético elementos cênicos de época; figurinos, cenários e adereços construídos com materiais, texturas e composições contemporâneas. Assim também segue o trabalho dos atores que mesclam com momentos realistas e simbólicos numa dinâmica de graphic novel.

Desde sua chegada em Recife, Ana de Ferro causa alvoroço nas normas da colônia, quando vem da Europa travestida de homem. Na capital pernambucana compra Zambi, um escravo, mas logo o declara amigo. Forma parceria com outra cortesã, Maria Cabelo de Fogo, e abre um dos bordéis mais
frequentados na Rua dos Tanoeiros. Por um ato de racismo, ente Zambi e o mestre do presídio, Maurício de Nassau vive uma apaixonante e breve história de amor com Ana. Já Maria tem que reviver os tormentos do passado num reencontro doloroso, enquanto ecos de Palmares convidam Zambi para o quilombo.

A peça conta com uma trilha sonora contemporânea que traz releituras de músicas que vão desde Edith Piaf a Reginaldo Rossi, passando por obras como Hallelujah e Assum Preto. “É um espetáculo que trata de amores impossíveis, que busca desconstruir o estereótipo dos que vivem nas margens sociais, expondo a humanidade latente por meio dos sentimentos mais profundos. É um espetáculo que propões reflexões de períodos tão distantes, mas que passam pelos mesmos paradigmas sociais.” Pontua D’Lúcard sobre a encenação.

Com informações do ator e divulgador Pedro Dias