O mês de junho marca a campanha Junho Preto, voltada para a conscientização sobre o câncer de pele, em especial o melanoma, considerado o tipo mais agressivo e letal por sua elevada capacidade de provocar metástases. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar mais de 220 mil novos casos de câncer de pele por ano entre 2023 e 2025. Na Bahia, são estimados 10.520 casos do tipo não melanoma e 250 de melanoma para o mesmo período.
Segundo estudo publicado na revista Archives of Dermatology, pacientes com melanoma têm 28% mais chances de desenvolver outros tipos de tumores, como de mama, próstata e linfoma não Hodgkin. O oncologista Marco Lessa, da Oncoclínicas, reforça a gravidade do quadro: “O melanoma é o tumor de pele mais agressivo e letal por sua alta capacidade de evoluir rapidamente e formar metástases em outros órgãos.”
Pessoas com pele clara, sardas, muitas pintas, olhos ou cabelos claros e histórico familiar estão mais propensas a desenvolver a doença. O oncologista André Bacellar destaca que a exposição solar sem proteção adequada e queimaduras também aumentam o risco. “Indivíduos que ficam vermelhos ao sol, mas nunca se bronzeiam, também devem redobrar a atenção.”
A boa notícia é que, quando diagnosticado precocemente, o melanoma pode ter até 95% de chances de cura com a remoção cirúrgica do tumor. Os principais sinais de alerta incluem pintas escurecidas com bordas irregulares, coceira, descamação e mudanças de cor ou tamanho. “O autoexame mensal e a visita anual ao dermatologista são medidas essenciais de prevenção”, orienta Marco Lessa.
Embora mais raro em pessoas negras, o melanoma acral — subtipo agressivo que aparece na palma das mãos, planta dos pés ou unhas — é mais comum nessa população e pode ser confundido com micoses ou sinais benignos. “Uma linha escura na unha ou uma pinta na planta do pé devem ser avaliadas com atenção”, alerta Bacellar.
A fotoproteção é outro fator decisivo na prevenção. O uso diário de filtro solar com FPS mínimo de 30 deve fazer parte da rotina, mesmo em dias nublados ou frios. “A exposição solar acumulada desde a infância é o principal fator de risco para o câncer de pele”, completa Bacellar.
Nos casos mais avançados de melanoma, os tratamentos evoluíram significativamente. Além da cirurgia, terapias complementares como imunoterapia, radioterapia e medicamentos orais têm aumentado as chances de controle da doença e melhorado a qualidade de vida dos pacientes.
“Apesar de todos os avanços, a melhor estratégia ainda é a prevenção e o diagnóstico precoce”, reforça Marco Lessa.