segunda-feira, 16 de junho de 2025

Especialista alerta: falta de apoio e preparo emocional pode sabotar os primeiros passos no mercado de trabalho


Começar a carreira profissional é um marco para muitos jovens — mas, longe de ser um momento de celebração, essa etapa costuma vir acompanhada de ansiedade, frustrações e insegurança. A psicóloga e especialista em desenvolvimento humano Michéli Meira, que atua há mais de 16 anos com recursos humanos, alerta: entrar precocemente e despreparado no mercado pode gerar impactos emocionais duradouros.

"É como tentar montar um quebra-cabeça sem ver a imagem da caixa", compara Michéli, ao descrever o sentimento de muitos jovens iniciando seus primeiros empregos, cheios de expectativas e sem noção clara das exigências técnicas e emocionais que encontrarão.

Entre os principais fatores para esse despreparo está a desconexão entre a escola e o mundo do trabalho. Segundo Michéli, o ambiente escolar ainda falha em desenvolver habilidades comportamentais, trabalho em equipe e gestão emocional — competências essenciais para navegar ambientes corporativos. A consequência direta disso é um aumento nos níveis de ansiedade, insegurança e até desistência precoce da profissão.


A psicóloga também observa que a autoestima dos jovens costuma ser abalada com facilidade, especialmente quando não há apoio ou espaço para o aprendizado por tentativa e erro. "Muitos associam seus tropeços a falhas pessoais, não a um processo natural de amadurecimento", afirma. Isso pode levar à permanência em funções aquém do potencial ou até ao abandono de suas trajetórias.

Outro ponto alarmante é a cultura do “se vira”, ainda presente em muitas empresas brasileiras. A ausência de orientação, feedback e acolhimento contribui para ambientes tóxicos e prejuízos à saúde mental. "O Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo. Deixar jovens à deriva é alimentar uma bomba-relógio emocional", reforça Michéli.

A especialista defende que práticas simples podem transformar a experiência dos iniciantes no mercado: onboarding estruturado, tutoria nos primeiros meses, conversas frequentes e ambientes seguros para perguntas são ações que favorecem o engajamento e reduzem o turnover. Para ela, "um check-in honesto vale mais do que um manual".

Apesar dos desafios, Michéli reconhece avanços: "Vejo empresas mais conscientes sobre o valor dos jovens talentos e da importância de acolher suas vulnerabilidades. Cuidar custa menos do que remediar."


Como mensagem final, a psicóloga deixa um recado direto para quem está começando: "Você não precisa saber tudo agora. Começar exige coragem, não perfeição. Se organize, busque cursos gratuitos, mentorias e converse com pessoas da área. Sua trajetória está só começando — e você não está sozinho."

Mais informações estão disponíveis no perfil @pontisconsultoria no Instagram.