quinta-feira, 29 de maio de 2025

São João do Recife tem homenageados de peso, 1.200 apresentações e 14 polos espalhados pela cidade


Recife, Pernambuco – A capital pernambucana se prepara para vivenciar o "São João mais autêntico do Nordeste" com a celebração do Recife Junino 2025, que promete agitar a cidade de 12 a 29 de junho. A programação, divulgada nesta quinta-feira (29), abrange mais de 1.200 apresentações de forró, coco, ciranda, xaxado, quadrilha e cavalos marinhos, distribuídas em 14 polos por toda a capital. 

Os festejos juninos terão como palcos principais o Sítio Trindade, a Avenida Rio Branco e o Pátio de São Pedro, mas a descentralização será a marca desta edição, levando a cultura popular para diversas comunidades. "Sabemos que a tradição é a nossa principal marca, fazer uma festa com as manifestações da cultura pernambucana e levar o festejo junino, que é uma expressão muito forte da nossa região, aquilo que é a nossa essência. Temos o Círculo Junino no Recife, presente na cidade inteira com o polo principal e mais outros 14 polos", disse o prefeito João Campos em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (29). 

Grandes Nomes e Tradição nos Polos Principais

No Sítio Trindade, coração do Recife Junino, a programação vai de 12 a 29 de junho, com shows e apresentações da cultura popular. Destaques incluem a Orquestra Sinfônica do Recife no dia 19 de junho, concursos de Quadrilhas Adultas e Infanto-Juvenis (de 12 a 24 de junho), o Festival de Quadrilhas da Liquajur (25 e 26 de junho), e uma programação infantil nos dias 28 e 29 de junho. Um momento especial será a Procissão dos Santos Juninos e a Exposição da Culinária Afro-Brasileira (Comida de Santo) no dia 18 de junho.

Origens do Sítio - O Sítio Trindade, localizado no bairro de Casa Amarela, no Recife, tem uma história que remonta à Invasão Holandesa (1630-1654), período em que abrigou o Forte do Arraial do Bom Jesus, utilizado como resistência contra os invasores até sua tomada em 1635. Após a expulsão dos holandeses, o terreno passou a ser propriedade da família Trindade Peretti, originando seu nome atual. 

Em 1952, foi desapropriado e declarado de utilidade pública, e em 1960 tornou-se sede do Movimento de Cultura Popular (MCP), reunindo intelectuais como Paulo Freire, Ariano Suassuna e Abelardo da Hora, até ser depredado em 1964 com o golpe militar. O IPHAN tombou o local em 1974, e hoje o sítio é um dos principais polos das festas juninas do Recife, abrigando concursos de quadrilhas, apresentações culturais e festivais que celebram a tradição nordestina.

A Avenida Rio Branco também será um ponto de grande efervescência de 12 a 29 de junho. O polo contará com trios Pé de Serra, quadrilhas juninas, shows na Sala de Reboco e apresentações da cultura popular (de 19 a 29 de junho). A “Cidade Cenográfica” promete encantar os visitantes, com eventos marcantes como a Caminhada do Forró e o Quadrilhão, ambos no dia 12 de junho, e o tradicional Desfile das Bandeiras em 14 de junho.

A beleza da avenida - Em 2017, a Avenida Rio Branco passou por uma grande transformação e foi convertida em um boulevard exclusivo para pedestres, tornando-se um espaço de lazer e convivência. O projeto, executado pelo Governo do Estado com investimento de R$ 5,5 milhões financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), incluiu a instalação de bancos, lixeiras, quiosques, uma banca de revista e um novo sistema de iluminação, além da embutimento da fiação elétrica para melhorar a estética urbana. Com sua revitalização, a via se tornou um dos principais pontos de encontro no Bairro do Recife, recebendo eventos culturais, feiras e apresentações artísticas, sendo um dos locais mais visitados por turistas e moradores que desejam apreciar a arquitetura histórica e a vibrante cena cultural da cidade.

Já o Pátio de São Pedro, de 26 a 29 de junho, será palco de shows e apresentações da cultura popular, além da tradicional Festa do Fogo no dia 26 de junho. No dia 29 de junho, o local também celebrará o aniversário da Frei Caneca FM. O Pátio é um dos mais importantes redutos culturais da cidade, preservando características do período colonial e sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além da histórica Catedral de São Pedro dos Clérigos, o espaço abriga ateliês, museus, bares e restaurantes que movimentam a cena artística e boêmia local, recebendo apresentações musicais e feiras de artesanato, além dos memoriais dedicados a Chico Science e Luiz Gonzaga. Durante as festas juninas, o Pátio se torna um dos principais palcos da celebração ao lado do Sítio Trindade e da Avenida Rio Branco, promovendo concursos de quadrilhas, cortejos de sanfoneiros e exposições culturais que reforçam sua importância na preservação das tradições nordestinas.


Descentralização e Celebrações em Toda a Cidade

Assim como acontece no Carnaval, Recife adota a descentralização dos polos culturais durante o São João, garantindo que a festa chegue a diferentes bairros da cidade e ampliando o acesso à celebração para toda a população. Em 2025, a iniciativa se materializa em 11 polos espalhados pelo município, permitindo que cada região viva a tradição junina com suas próprias festividades. Nos dias 22 e 23 de junho, Lagoa do Araçá, Barro, Totó, Campo Grande e Cordeiro realizam seus arraiais, enquanto o Parque das Graças promove atividades entre os dias 21 e 23, com programação voltada para todas as idades. Já o encerramento dos festejos ocorre com a celebração de São Pedro nos bairros de Brasília Teimosa, Bongi, Ibura, Vila Tamandaré e Poço da Panela nos dias 27 e 28 de junho, mantendo vivo o espírito junino até o fim do mês. Essa estratégia de descentralização reforça o compromisso da cidade com a valorização da cultura popular e a democratização do acesso às festividades, permitindo que cada bairro seja protagonista em um dos períodos mais importantes do calendário nordestino.



Diversidade Musical e Cultural

A lista de artistas que prometem animar o Recife Junino 2025 é extensa e diversificada, contemplando grandes nomes da música nordestina e talentos locais. Grandes nomes da música brasileira estão confirmados, como Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldinho Lins, Fafá de Belém, Irah Caldeira, Petrúcio Amorim, Nando Cordel, Novinho da Paraíba, Mestre Ambrósio, César Amaral, Cristina Amaral, Maciel Melo e Anastácia. Todos eles são referências fundamentais nas festas juninas e no universo do forró em todo o Brasil. Com carreiras consolidadas e legados culturais expressivos, esses artistas são responsáveis por levar a tradição nordestina para grandes palcos nacionais, com músicas que embalam o São João e perpetuam a identidade musical da região. Suas vozes e composições atravessam gerações e fazem parte do repertório de celebrações típicas, 

Além desses, a programação contará com a presença de André Lins, Israel Filho, Liv Moraes, João Lacerda, Cascabulho, Forró do Muído, Forró na Caixa, Mestre Genaro, Nailson Vieira, Banda Fim de Feira, Fabiana Pimentinha, Joquinha Gonzaga, Regente Joaquim, Pecinho Amorim, Chico Balla, Savinho do Acordeon, Simara Pires, Angelo Gabriel, Banda de Pau e Corda, André Macambira, Forró Sensação, Andrezza Formiga, Salatiel de Camarão, Ceiça Moreno, Aécio dos Oito Baixos, Patrícia Cruz, Zelyto Madeira, As Januárias, Walkyria Mendes, Aleixo dos Oito Baixos, Diego Cabral, Daniel Gonzaga, Gilmar Leite, Cylene Araújo, Ari de Arimatéia, Seu Januário, Cláudio Rabeca, Roberto Cruz, e muito mais!

A festa promete movimentar a economia local e fortalecer a identidade cultural da cidade, consolidando o Recife como um dos principais destinos para quem busca um autêntico São João nordestino.

Homenagens deste ano

O São João do Recife 2025 celebra suas raízes culturais com homenagens à Banda de Pau e Corda, Bia Marinho e Novinho da Paraíba, três importantes nomes da música nordestina. A Banda de Pau e Corda, formada no Recife em 1972, se tornou um dos ícones da musicalidade regional ao unir poesia e tradição nordestina. Com um repertório marcante, o grupo levou seus acordes até a Argélia, representando o Brasil no Congresso Mundial dos Povos e Culturas dos Desertos em 2006. Bia Marinho, natural de São José do Egito, é herdeira da tradição oral do Sertão do Pajeú e filha do lendário Louro do Pajeú. Em sua trajetória, mantém viva a essência do repente e da poesia nordestina, transmitindo suas raízes através do canto e da rima.

Novinho da Paraíba, cantor e compositor autodidata de Monteiro, representa a força do forró e da música tradicional do Nordeste. Desde criança, ele assumiu a sanfona como parte de sua identidade e trajetória artística, construindo uma carreira marcada pela autenticidade e pelo compromisso com as raízes culturais da região. Com discos gravados e uma trajetória consolidada, segue encantando gerações e perpetuando a paixão pelo forró, reafirmando seu lugar entre os grandes nomes da música popular brasileira.