Culpando o Ocidente por prejudicar a economia russa ao aplicar sanções "idiotas", o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, disse que Moscou irá adotar medidas para reduzir sua dependência de importações, começando com um aumento na produção de aeronaves nacionais.
Medvedev deu a entender que a Rússia deveria ter reagido com mais força às ações dos Estados Unidos e da UE para punir Moscou por seu papel na Ucrânia, afirmando que seu país foi paciente demais no pior confronto com o Ocidente desde a Guerra Fria.
"Se houver sanções relacionadas ao setor energético, ou novas sanções ao setor financeiro da Rússia, teremos que reagir assimetricamente", declarou ele ao jornal russo Vedomosti, acrescentando que as empresas de aviação de "países amigos" terão permissão de sobrevoar a Rússia.
"Caso as companhias aéreas ocidentais tiverem que contornar nosso espaço aéreo, isso pode levar aquelas com dificuldades à falência. Não é esse o caminho. Esperamos que nossos parceiros percebam isso em algum momento", disse ele na entrevista.
Depois de insinuar que adiaria a imposição de novas sanções para dar a Moscou tempo de mostrar que está resolvendo o conflito ucraniano, a UE declarou que irá levar adiante a aplicação das novas medidas ainda nesta segunda.
A frágil trégua acordada na sexta na Ucrânia pouco serviu para convencer os países ocidentais de que a Rússia está comprometida a solucionar o conflito.
Os bombardeios recomeçaram perto do porto de Mariupol no sábado, poucas horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega ucraniano, Petro Poroshenko, concordarem em uma conversa telefônica que a trégua estava em vigor. O cessar-fogo se mantinha em grande parte nesta segunda-feira, apesar de violações esporádicas.
Medvedev, que era visto como um contraponto liberal em relação a Putin e vem empregando um tom cada vez mais áspero, reconheceu que a economia russa se depara com problemas, mas sustenta que as sanções estimularam os esforços da Rússia para se tornar mais autossuficiente, inclusive na produção de aeronaves.
A Rússia "deve, claro, continuar aumentando o número de aeronaves e peças produzidas no país", disse o premiê, segundo a agência de notícias RIA.
O vice-primeiro-ministro, Dmitry Rogozin, disse que Rússia e China pretendem assinar um acordo em outubro para a produção conjunta de uma aeronave de grande porte e que os russos planejam dobrar a fabricação do caça Sukhoi.
Ele não deu detalhes da parceria em potencial com Pequim, mas a Rússia vem ampliando a cooperação com a Ásia em muitas áreas para reduzir sua dependência da Europa e dos EUA no momento em que as sanções começam a surtir efeito.
Agência Reuters