domingo, 15 de junho de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba

 


Além da Geopolítica: o Apelo do Papa Leão XIV
em Defesa dos Vulneráveis em Gaza

Por *Mariângela Borba

 

Olá você, leitor do #SendoProsperidade  tudo bem? Vocês também vêm acompanhando que o Papa Leão XIV vem, de forma firme, apelando pelo cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza? Não se trata,  apenas,  de um posicionamento diplomático qualquer,  mas de um grito humanitário diante de uma tragédia que já ultrapassou os limites morais.  As tensões entre Irã e Israel escalaram drasticamente, com ambos os países realizando ataques militares um contra o outro.  A preocupação do Papa está,  justamente,  nos menos vulneráveis: crianças,  idosos, doentes. Ele pede que o Direito Internacional Humanitário seja respeitado, que os reféns sejam libertados e que a ajuda humanitária chegue com dignidade até os que estão cercados pelo terror da guerra. A perda humana  não pode apenas ser tratada como efeito colateral de uma disputa política.

Irã e Israel não estão à beira de uma guerra total não é só por armas, nem só por religião. Essa guerra não começou em 07 de outubro de 2023. É uma batalha secular, que vem acontecendo desde o século XIX, quando começaram as primeiras ondas de imigração de judeus radicais para a região. A situação é muito tensa, com ataques e contra-ataques devastadores. Até hoje,  o Palestino tem vivido sob tensões, expulsões,  violência e ocupações (https://www.reuters.com/world/middle-east/israel-says-it-strikes-iran-amid-nuclear-tensions-2025-06-13/).

Em 1948, com a criação do Estado de Israel,  mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas casas. Esse evento ficou conhecido como “Nakba”, a catástrofe, que resultou no deslocamento de muitos palestinos em 1948. É um período histórico complexo e doloroso (https://www.aljazeera.com/news/liveblog/2025/6/13/live-explosions-reported-in-ira). E, desde então,  a resistência palestina tem assumido muitas formas: da luta armada à resistência cultural e cotidiana.

Durante o século XX a Palestina enfrentou guerras, ocupações militares e repressões sistemáticas. O surgimento de organizações da Palestina, o bloqueio de Gaza e as sucessivas construções de assentamentos ilegais mostram que o conflito não é apenas uma disputa entre dois povos: é também uma crise de justiça e de direitos humanos (https://hrw.org/pt/world-report/2024/country-chapters/israel-and-palestine).

Diante disso,  o Papa não se coloca só como um analista político, nem como líder de aliança internacional.  Ele é um bom pastor e age como tal. O olhar dele é o da mãe que perdeu o filho sob os escombros, do pai que não consegue voltar-  e quando consegue – com alimento, da criança que cresceu com medo de aviões e de barulho.  O que o Papa apelando é para que essa dor não vire estatística.

Na tradição cristã,  a paz não se trata de um acordo entre governos, mas de um fruto de justiça.  E não há justiça onde há bombardeios diários, cerceamento de circulação,  impedimento de ser atendido em hospitais ou de enterrar seus mortos com dignidade. A questão não é tomar partido,  mas dizer com clareza: há um povo sendo massacrado. Nada justifica os ataques terroristas do Hamas; porém é preciso ver que Israel não está se defendendo, mas dizimando uma comunidade inteira. A busca por uma solução justa e pacífica é fundamental (https://www.intercept.com.br/especiais/israel-estado-genocida/).

Quando Jesus disse: “bem aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (MT 5,5), ele quis reescrever a lógica da conquista,  uma vez que Jesus fala por parábolas logo,  é preciso decifrar.  Para o Evangelho, não serão os violentos que herdarão a terra,  mas os que confiam em Deus e não agridem. A verdadeira herança não é fruto da ocupação,  mas da mansidão. A postura do Papa Leão XIV segue essa linha: ele não propõe uma solução armada,   nem toma partido entre bandeiras. Ele se alinha com os fracos, com os que perderam tudo, com os que ainda têm fome, medo e saudade. O cessar-fogo que ele pede é, antes de tudo,  um gesto de humanidade. Por isso a fala do Papa incomoda. Porque ela não se baseia em geopolítica, mas em Evangelho. E o Evangelho não se presta ao confronto de quem lucra com a guerra.  Ele denúncia, à sua maneira silenciosa, toda forma de violência que se disfarça de segurança. Trata-se de afirmar,  como Jesus afirmou,  que a paz verdadeira é dom de Deus,  mas também tarefa humana.  Ora, o grupo terrorista Hamas não é o povo palestino.

Que o pedido do Papa Leão XIV não seja visto como discurso religioso ingênuo,  mas como um chamado à consciência.  Num mundo cada vez mais acostumado a ver o sofrimento como efeito colateral,  é urgente recuperar a dignidade da vida. Após Jesus,  o chamado de Israel como nação filha de Deus, não é mais para que lute pela terra,  mas sim pela paz. “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Unifafire, fez parte da Pastoral de Comunicação da AOR e da Paróquia de Nossa Senhora do Ó e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.

 

Papa Leão XIV - Foto: Vatican News PT