Além da Geopolítica: o Apelo do Papa Leão XIV
em Defesa
dos Vulneráveis em Gaza
Por *Mariângela Borba
Olá você, leitor do #SendoProsperidade tudo bem? Vocês também vêm acompanhando que o
Papa Leão XIV vem, de forma firme, apelando pelo cessar-fogo imediato na Faixa
de Gaza? Não se trata, apenas, de um posicionamento diplomático
qualquer, mas de um grito humanitário
diante de uma tragédia que já ultrapassou os limites morais. As tensões entre Irã e Israel escalaram
drasticamente, com ambos os países realizando ataques militares um contra o
outro. A preocupação do Papa está, justamente,
nos menos vulneráveis: crianças,
idosos, doentes. Ele pede que o Direito Internacional Humanitário seja
respeitado, que os reféns sejam libertados e que a ajuda humanitária chegue com
dignidade até os que estão cercados pelo terror da guerra. A perda humana não pode apenas ser tratada como efeito
colateral de uma disputa política.
Irã e Israel não estão à beira de uma guerra total não é só
por armas, nem só por religião. Essa guerra não começou em 07 de outubro de
2023. É uma batalha secular, que vem acontecendo desde o século XIX, quando
começaram as primeiras ondas de imigração de judeus radicais para a região. A
situação é muito tensa, com ataques e contra-ataques devastadores. Até
hoje, o Palestino tem vivido sob
tensões, expulsões, violência e
ocupações (https://www.reuters.com/world/middle-east/israel-says-it-strikes-iran-amid-nuclear-tensions-2025-06-13/).
Em 1948, com a criação do Estado de Israel, mais de 750 mil palestinos foram expulsos de
suas casas. Esse evento ficou conhecido como “Nakba”, a catástrofe, que
resultou no deslocamento de muitos palestinos em 1948. É um período histórico
complexo e doloroso (https://www.aljazeera.com/news/liveblog/2025/6/13/live-explosions-reported-in-ira).
E, desde então, a resistência palestina
tem assumido muitas formas: da luta armada à resistência cultural e cotidiana.
Durante o século XX a Palestina enfrentou guerras, ocupações
militares e repressões sistemáticas. O surgimento de organizações da Palestina,
o bloqueio de Gaza e as sucessivas construções de assentamentos ilegais mostram
que o conflito não é apenas uma disputa entre dois povos: é também uma crise de
justiça e de direitos humanos (https://hrw.org/pt/world-report/2024/country-chapters/israel-and-palestine).
Diante disso, o Papa
não se coloca só como um analista político, nem como líder de aliança
internacional. Ele é um bom pastor e age
como tal. O olhar dele é o da mãe que perdeu o filho sob os escombros, do pai
que não consegue voltar- e quando
consegue – com alimento, da criança que cresceu com medo de aviões e de
barulho. O que o Papa apelando é para
que essa dor não vire estatística.
Na tradição cristã, a
paz não se trata de um acordo entre governos, mas de um fruto de justiça. E não há justiça onde há bombardeios diários,
cerceamento de circulação, impedimento
de ser atendido em hospitais ou de enterrar seus mortos com dignidade. A
questão não é tomar partido, mas dizer
com clareza: há um povo sendo massacrado. Nada justifica os ataques terroristas
do Hamas; porém é preciso ver que Israel não está se defendendo, mas dizimando
uma comunidade inteira. A busca por uma solução justa e pacífica é fundamental
(https://www.intercept.com.br/especiais/israel-estado-genocida/).
Quando Jesus disse: “bem aventurados os mansos, porque
possuirão a terra” (MT 5,5), ele quis reescrever a lógica da conquista, uma vez que Jesus fala por parábolas
logo, é preciso decifrar. Para o Evangelho, não serão os violentos que
herdarão a terra, mas os que confiam em
Deus e não agridem. A verdadeira herança não é fruto da ocupação, mas da mansidão. A postura do Papa Leão XIV
segue essa linha: ele não propõe uma solução armada, nem toma partido entre bandeiras. Ele se
alinha com os fracos, com os que perderam tudo, com os que ainda têm fome, medo
e saudade. O cessar-fogo que ele pede é, antes de tudo, um gesto de humanidade. Por isso a fala do
Papa incomoda. Porque ela não se baseia em geopolítica, mas em Evangelho. E o
Evangelho não se presta ao confronto de quem lucra com a guerra. Ele denúncia, à sua maneira silenciosa, toda
forma de violência que se disfarça de segurança. Trata-se de afirmar, como Jesus afirmou, que a paz verdadeira é dom de Deus, mas também tarefa humana. Ora, o grupo terrorista Hamas não é o povo
palestino.
Que o pedido do Papa Leão XIV não seja visto como discurso
religioso ingênuo, mas como um chamado à
consciência. Num mundo cada vez mais
acostumado a ver o sofrimento como efeito colateral, é urgente recuperar a dignidade da vida. Após
Jesus, o chamado de Israel como nação
filha de Deus, não é mais para que lute pela terra, mas sim pela paz. “Felizes os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional,
revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura
Pernambucana pela Unifafire, fez parte da Pastoral de Comunicação da AOR e da
Paróquia de Nossa Senhora do Ó e é membro da Associação de Imprensa de
Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista
Edmundo Celso.