Salvador, Bahia – Em uma noite memorável que entrou para a história da cena teatral baiana, o Teatro Sesc Casa do Comércio foi palco da cerimônia de premiação do 30º Prêmio Bahia Aplaude nesta quinta-feira (29). Com uma plateia lotada e a classe artística em êxtase, o evento não foi apenas uma celebração da arte, mas um emocionante tributo à trajetória de sonhos, lutas e conquistas que moldaram as artes cênicas da Bahia nas últimas três décadas.
Os grandes vencedores desta edição comemorativa foram os espetáculos “Torto Arado” (Adulto), “Infinito” (Infantojuvenil) e “Noiva” (Performance). Além dos troféus, os vencedores das categorias Espetáculo Adulto e Infantojuvenil receberam R$ 30 mil cada, enquanto as demais categorias foram premiadas com R$ 5 mil.
Destaques e Reconhecimentos
A noite consagrou talentos que brilharam nos palcos baianos. Thiago Romero levou o prêmio de Melhor Direção pelo trabalho em “Candomblé da Barroquinha”. Na categoria Ator, Diogo Lopes Filho foi reconhecido pela atuação em “Torto Arado”, e Kátia Leal recebeu o prêmio de Melhor Atriz por sua entrega em cena na peça “Os dias lindos de Celina Bonsucesso”.
Paulo Henrique Alcântara foi premiado na categoria Texto pelo espetáculo “Os dias lindos de Celina Bonsucesso”, e Jarbas Bittencourt venceu a categoria Especial pela direção musical e composição de “Torto Arado”. A Revelação da edição foi dedicada a Filêmon Cafezeiro e Liz Novais, pela composição do espetáculo “Mukunã: do fio à raiz”.
Emocionado, o mestre de cerimônia, o ator Fábio Vidal, ressaltou a importância do prêmio: “São 30 edições que celebram a existência e resistência do teatro baiano. Um prêmio que resiste, se transforma, se renova... que já foi Bahia Aplaude, Copene, Braskem, e agora revisita sua origem e recebe de volta o seu primeiro nome. Um prêmio que é mais do que uma celebração à arte e aos artistas baianos. É símbolo de vitória e de crença que o teatro é ferramenta de mudança e transformação.”
Vozes dos Vencedores
Diogo Lopes Filho, impossibilitado de comparecer por estar em cena com “Torto Arado” no Rio de Janeiro, enviou uma mensagem lida pelo diretor da peça, Elísio Lopes Júnior. “Fazer arte é se pôr à prova todos os dias, ao escrutínio da plateia e dos críticos, e viver o risco de provocar emoções e pensamentos. Levei um tempo até entender que esse momento, que parece de disputa, deve ser encarado como celebração. Somos vaidosos, somos humanos. Parabenizo o prêmio pelo mérito de catalogar a produção teatral da Bahia na história recente. Sigamos resistentes. Muito obrigado”, afirmou o ator.
Kátia Leal, ao receber seu prêmio, enfatizou a importância da união pela cultura: “Estar de mãos dadas para a cultura é, antes de tudo, fortalecer as instituições, fortalecer a democracia e fortalecer a cidadania. Essa celebração é a possibilidade da gente dizer: estamos vivos, estamos aqui e estaremos sempre. O melhor está por vir.”
Homenagens e Reconhecimento
Sob muitos aplausos, a noite foi marcada por emocionantes homenagens. Marco Antônio Queiroz, criador do prêmio, e o jornalista José Cerqueira Filho, que juntos idealizaram o Troféu Bahia Aplaude em 1993, subiram ao palco e foram ovacionados. “Não foi fácil chegar até aqui. Houve momentos em que o apoio institucional balançou e ouvimos que a premiação ia acabar. Mas seguimos em frente, com persistência e criatividade. Hoje, vendo o palco ocupado por uma nova geração, me emociona perceber que essa história continua”, declarou Cerqueira. Queiroz também fez questão de agradecer a Jorge Albuquerque, que há 30 anos cuida do prêmio com dedicação.
Também foram homenageados o jornalista, colunista e crítico teatral Marcos Uzel, que lançará um livro sobre os 30 anos do Prêmio Bahia Aplaude, e a atriz Ana Paula Bouzas, reconhecida por sua presença cênica única e aclamada de pé. “Eu estou imensamente grata por estar ocupando esse espaço. Para mim, é um abraço forte, como eu gosto de dar. Um abraço de amor, de respeito, de reconhecimento”, disse Bouzas, agradecendo a todos e especialmente à sua mãe.
O evento também reverenciou figuras que marcaram a história do teatro baiano e deixaram saudades, como Yumara Rodrigues, Antônio Godi e Carlos Pitta, com uma comovente sequência de imagens.
Resgate de Clássicos e Brilho no Palco
Com o tema “Central dos Sonhos: o show começa aqui”, a cerimônia transformou o palco em um verdadeiro portal do tempo, costurado por homenagens, números musicais e cenas originais que fizeram referências a espetáculos icônicos dos últimos 30 anos, como Merlin, A Bofetada, Pariré, O Sapato do Meu Tio, Policarpo Quaresma, Exú, a Boca do Universo, entre outros.
Com roteiro e direção artística de Ridson Reis, direção musical de Jarbas Bittencourt e coreografia de Arismar Adoté, a encenação foi protagonizada pelas personagens Jaqueline e Juliete, interpretadas pelas atrizes Heloísa Jorge e Mariana Borges. A dupla arrancou risadas da plateia e reviveu momentos e canções clássicas da dramaturgia local.
A noite de gala contou com a presença de artistas e convidados que cruzaram o tapete vermelho, incluindo os elencos dos espetáculos indicados, a presidente da Funarte Maria Marighella, o diretor teatral Luiz Marfuz, os atores Frank Menezes e João Lima, a produtora cultural Ramona Gayão e a diretora Global de Marketing e Comunicação da Braskem Ana Laura Sivieri. A transmissão completa da cerimônia, com tradução em libras, está disponível no canal do YouTube Teatro da Bahia.
O 30º Prêmio Bahia Aplaude é uma realização da Aplaude Produções e Ministério da Cultura, sob a coordenação da Caderno 2 Produções, com patrocínio da Braskem e do Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda; e Cateno, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).