Jullie Dutra, a jornalista pernambucana que se tornou a primeira brasileira a conquistar o prêmio de R$ 1 milhão no quadro "Quem Quer Ser Um Milionário" do programa "Domingão com Huck", da Rede Globo, transcende a imagem de uma simples vencedora de game show. Com uma trajetória inspiradora, marcada por superação e um compromisso inabalável com causas sociais, Jullie Dutra concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Taís Paranhos, onde detalhou seus próximos passos e as motivações por trás de suas escolhas.
A decisão de participar do programa, segundo Jullie, foi
impulsionada pela busca por estabilidade financeira, visando um ano sabático
para focar em seus estudos para o concurso do CACD (Diplomacia). No entanto, a
vitória no programa trouxe uma nova dinâmica à sua vida. "Confesso que
depois que eu ganhei o prêmio eu continuo estudando, só que minha agenda ficou
ainda mais desafiante", revela Jullie. Além de sua agência, filha e avó,
agora ela concilia uma intensa agenda de palestras e visitas, que incluem compromissos
como o Centro das Mulheres do Cabo e o IMIB.
Uma Jornada de Inspiração e Engajamento Social
A jornalista, que chegou a cursar medicina em Cuba antes de
se dedicar ao jornalismo, é fundadora do Grupo Coros Comunicação, uma agência
de marketing digital com atuação nacional e internacional. Jullie também é
autora do livro "Caro Haiti", que aborda os eventos relacionados ao
terremoto no Haiti em 2010.
A visita ao Centro das Mulheres do Cabo representou um
"divisor de águas" para Jullie, direcionando-a para a pauta do poder
feminino e o combate ao racismo por meio de ações resolutivas. Ela busca
aperfeiçoamento em programas da ONU para "entrar nessa engrenagem de
mulheres potentes que têm o poder de mobilizar e de empoderar outras
mulheres". Para Jullie, é fundamental levar a educação ao máximo de
meninas e mulheres, como base para a construção do indivíduo e a libertação
feminina.
A principal inspiração de Jullie é sua mãe, uma professora
que acreditava no poder transformador da educação. "Ela dizia, Júlia,
conhecimento é libertação", conta Jullie. Essa crença é um pilar em sua
vida, levando-a a levantar a bandeira da educação, que, para ela, é o que
levará o Brasil a se tornar um país potência. "Eu não vou descansar
enquanto eu não puder influenciar o máximo de meninas possíveis, sobretudo
meninas, porque a gente sabe que a mulher, ela abdica de seus sonhos para poder
cuidar de um lar, abdica de seus sonhos para privilegiar uma relação",
enfatiza Jullie, que defende que a educação e o trabalho são o porto seguro
para as mulheres.
Maternidade e Autismo
Além da educação, Jullie Dutra abraça com paixão a causa
autista. Mãe de Maria Helena, de três anos, diagnosticada com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), ela se dedica a informar pais e profissionais sobre o
tema. Jullie busca mostrar que o diagnóstico não é um fim, mas um novo começo,
e que o apoio profissional adequado pode promover autonomia e independência
para as crianças autistas.
Em sua agenda multifacetada, Jullie Dutra se dedica a causas
que considera "caras": autismo, educação, poder feminino e combate ao
racismo. Sua história de superação, que inclui a perda dos pais e a luta contra
a depressão, a fortalece ainda mais em sua missão de inspirar e empoderar
outras pessoas. Com a visibilidade conquistada, Jullie reafirma seu
compromisso: "A Educação salva, empodera e liberta". Vamos conhecer
mais essa incrível mulher?
Fotos: Jadson Cezar
Você é uma pessoa multifacetada: jornalista, profissional de mídia, concurseira, futura diplomata, mãe e neta. Como você concilia todas as suas faces?
Então, eu tento conciliar todas essas tarefas, né? De mãe, de concurseira, de neta. Não é fácil, mas eu tento fazer um cronograma de estudos, um cronograma de atividade de Maria Helena e, às vezes, eu tô fazendo duas coisas no mesmo horário. Por exemplo, eu estou com Maria Helena na terapia, mas eu estou estudando. E aí, dessa forma, é que eu tento otimizar mais o meu tempo. Mas eu acho que o fato de eu estabelecer metas, isso ajuda muito eu saber exatamente como administrar meu tempo, porque eu sei o que eu quero pra mim.
Como foi a decisão de participar do “Quem Quer Ser um Milionário”?
A decisão de participar do “Quem Quer Ser Um Milionário” é porque eu precisava de ter uma grande estabilidade financeira para eu poder me dar mais um ano sabático e trabalhar menos e estudar mais para o meu concurso do CACD. Então, eu me inscrevo com esse desejo de ser diplomata. Então, se eu ganho o prêmio e esse era o tempo todo a minha intenção, Eu tenho estabilidade para eu sentar a bunda na cadeira e estudar, mas confesso que depois que eu ganhei o prêmio eu continuo estudando, só que minha agenda ficou ainda mais desafiante. Se eu antes eu tinha agência, minha filha e minha avó, hoje eu tenho uma agenda de palestras a cumprir, eu tenho também uma agenda de visitas a fazer. Eu estive, por exemplo, no Centro das Mulheres do Cabo recentemente, estava no IMIP, via entrevista aqui e outra por lá. Então, eu tento fazer, agendar, fazer essa agenda o mais sincronizado possível com minhas atividades. No entanto, isso tem sido realmente um grande desafio. É uma agenda muito atípica para qualquer concurseiro.
A visita do Centro das Mulheres do Cabo, para mim, é um divisor de águas na minha vida pós-programa, porque ela me direciona realmente, de fato, na pauta do poder feminino, no combate ao racismo, por meio de ações, de fato, resolutivas. Então, assim, eu estou buscando me aperfeiçoar, eu estou tentando me inscrever em programas da ONU para trazer informações de lá pra cá e assim o poder realmente entrar nessa engrenagem de mulheres potentes que têm o poder de mobilizar e de empoderar outras mulheres. Então, pra mim, o Ser das Mulheres do Cabo, ele entra nesse momento da minha vida em que eu preciso realmente levar ao máximo de meninas, ao máximo de mulheres à educação como base de construção de um indivíduo e de libertação de uma mulher.
Você é uma pessoa certamente inspiradora para muitas
meninas. E quem você teve ou ainda tem como inspiração para ser a Jullie que
você é hoje?
A minha grande inspiração
sempre foi e sempre será a minha mãe. Minha mãe era uma professora vocacionada
que acreditava no poder da educação como transformação de uma sociedade. Ela
dizia, Jullie, conhecimento é libertação. Então, ela me inspira o tempo todo e
ela tá dentro de mim em tudo que eu faço, em tudo que me proponho a realizar e
eu não tenho dúvida que essa será a minha grande influência. Eu não tenho outra
influência na minha vida a não ser a minha mãe.
Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Eu sou uma pessoa que sempre levantei, muito antes de ter qualquer visibilidade, a bandeira da educação. Com aquele programa que, de fato, me dá esse referencial e essa credencial de conhecimento, eu me sinto na obrigação ainda maior de dizer para todo mundo, everybody, que a educação é o que vai realmente levar esse país a uma condição de país potência. Enquanto... Eu não vou descansar enquanto eu não poder influenciar o máximo de meninas possíveis, sobretudo meninas, porque a gente sabe que a mulher, ela abdica de seus sonhos para poder cuidar de um lar, abdica de seus sonhos para privilegiar uma relação.
E eu preciso dizê-las que não, que elas precisam realmente se agarrar naquilo que realmente vai dar um porto seguro a ela. E o porto seguro a ela é um trabalho, o porto seguro a ela é educação. Então essa é a bandeira que eu vou levantar e essa é a bandeira que eu vou sempre dizer e afirmar. Educação, ela salva, ela liberta, ela empodera. Além disso, eu também tenho hoje uma missão, que é levar a causa autista. para pais, para profissionais, defender ela com as dentes, porque eu tenho em minha casa uma criança autista. Então, para mim, enquanto eu puder informar como eu fiz o diagnóstico de Maria Helena, que isso não é o fim, é um novo começo, que você é cercado de profissionais certos, você é cercado de boas influências, você vai, de fato, conseguir ajudar muito seu filho, a poder ter mais autonomia e independência. Então, são maneiras caras a mim que eu vou levar sempre para onde eu passar. Autismo, educação, poder feminino, combate ao racismo. Eu vou estar sempre levantando isso.