terça-feira, 30 de maio de 2023

Filmes em Super 8 da construção do Porto de Suape são digitalizados

 

Projeto do Laboratório de Antropologia Visual (LAV) realizou a digitalização do acervo do cinegrafista Carlos Cordeiro, pertencente ao Mispe, que retrata a Vila de Suape nas décadas de 1970 e 1980. No dia 1º de junho, no Cinema da UFPE, haverá exibição de documentário, trechos de obras, e debate reunindo convidados, o realizador e moradores de Suape

O Laboratório de Antropologia Visual (LAV) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) lança, no dia 1º de junho, às 14h, no Cinema da UFPE, o documentário produzido a partir do projeto “Crônicas de Uma Transformação: Preservação do Acervo Fílmico Sobre a Construção do Porto do Suape”. A iniciativa é resultado da digitalização do acervo de 75 bitolas em Super 8, produzidas pelo cinegrafista Carlos Cordeiro e pertencentes ao Mispe, que registram a vida e a paisagem de Suape à época em que começou a ser erguido o complexo portuário.

No lançamento, haverá debate com a participação do crítico de cinema, Luiz Joaquim; o coordenador de Audiovisual da Fundarpe, Martin Palácios; o líder comunitário da Vila de Suape Rildo Plínio, o cinegrafista Carlos Cordeiro, a museóloga e responsável pela catalogação do acervo, Polly Cavalcanti; o doutorando em arqueologia (UFPE) Lucas Alves da Rocha, o professor Departamento de Cinema da UFPE Paulo Cunha, além do coordenador do LAV e do projeto, o antropólogo Alex Vailati.

O projeto, que ficou em segundo lugar no 7º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, na categoria Acervos Documentais e Memória Cultural, ganha relevância não só por resgatar parte da história recente do Estado, mas principalmente, da comunidade local que passou por fortes transformações desde a construção do porto. Ainda é responsável por manter vivo e dar acesso a um momento determinante do cinema local, que foi toda a produção em Super 8. As cerca de quatro horas de filmes digitalizados ficarão à disposição no Mispe, Acervo Público Estadual João Emerenciano e no site do Museu Suape (www.suapemuseu.com.br), a ser lançado também no dia 1º. O projeto tem apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, via Funcultura (edital do Audiovisual - 2020).

“No lançamento, exibiremos um pequeno recorte do material, um filme que encontramos editado, de 12 minutos, e mais três gravações de três minutos cada uma. Uma delas é uma gravação aérea, outra retrata a visita do presidente João Figueiredo a Suape, e a terceira é uma sequência de uma draga que afundou, entrando no porto”, explica Alex Vailati, que é documentarista e professor do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE.

O pesquisador reforça a importância do material. “O conteúdo dos filmes é parte importante da história de Pernambuco, pelo tema, que desperta reflexões a partir da construção do porto e tudo o que isso gerou e, em particular, para a comunidade. Outra contribuição é que também fizemos as fichas catalográficas das obras. Elas foram construídas de forma colaborativa, com informações de Carlos Cordeiro, que foi parceiro de Jommard Muniz de Brito em vários trabalhos, e de moradores”, conta Vailati.

O projeto “Crônicas de uma transformação: preservação do acervo fílmico sobre a construção do Porto do Suape” integra o Museu Suape, iniciativa que envolve uma coleção maior, com fotografias, informações e os vídeos digitalizados. A pesquisa foi iniciada no fim de 2019, ano marcado pela emergência do óleo no litoral pernambucano. São 15 pesquisadores no time e, só no projeto de digitalização, são mais cinco profissionais, além de Vailati: Júlia Morim (produção executiva e pesquisa), Polly Cavalcanti (museologia) e os pesquisadores Rayana Mendonça, Walter Andrade e Akuenda Translésbicha Buarque de Souza. Durante a digitalização, foi realizada oficina pelo LAV e a Cinelimite, organização sediada em Nova Iorque, percorrendo as etapas do processo, da higienização à pós-produção.

“Há muito o que se discutir ainda porque o Porto de Suape está em constante expansão, então as dinâmicas que ocorreram nos anos 70, 80, continuam. Temos uma doutoranda trabalhando acervo de sete mil fotografias, tiradas nos anos 70 e esquecidas. Estas comunidades perderam muito, dentro de processos políticos e sociais que se sucederam, e as imagens são suporte para estudar isso. Há dezenas de outras histórias que podem ser reveladas a partir do museu”, salienta o professor.

SERVIÇO:

Exibição de filmes digitalizados do projeto “Crônicas de Uma Transformação: Preservação do Acervo Fílmico Sobre a Construção do Porto do Suape”

Quinta, 1º de junho, 14h, no Cinema da UFPE (campus universitário)