quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CEOs estão cautelosos quanto ao crescimento de suas empresas em 2013, diz PwC


DAVOS, SUÍÇA - Janeiro de 2013 – Pouco mais de 1/3 (36%) dos CEOs em todo o mundo estão "muito confiantes" em relação ao crescimento de suas empresas nos próximos 12 meses, de acordo com a 16ª Annual Global CEO Survey da PwC. Em comparação com o ano anterior, houve uma pequena queda de 4%.  Em 2012, os executivos estavam mais otimistas no desempenho de curto prazo de suas companhias com 48% dos entrevistados “muito confiantes”. Apesar dos resultados mostrarem recuo na expectativa de crescimento, ainda está longe do índice mais baixo registrado pela consultoria: o percentual chegou a 21% em 2009 e a 31% em 2010.
Considerando o cenário econômico em geral, a perspectiva dos líderes é mais otimista do que na edição anterior da pesquisa, na qual a maioria dos CEOs (48%) apostava no declínio da economia. Neste ano, 28% acreditam que a economia global irá piorar nos próximos 12 meses e apenas 18% preveem um cenário econômico melhor. Para a maioria (52%), o desempenho econômico será igual ao do ano passado.
Os CEOs da América Latina contrariam a tendência cautelosa revelada pelos executivos de outras regiões do mundo. A confiança deles no crescimento das empresas em curto prazo subiu para 53%, ligeiramente maior que o do ano passado em que 51% previam aumento nas receitas.
Na Europa Ocidental os CEOs são os que demonstram menos otimismo quanto aos resultados de suas empresas em curto prazo. Enfrentando um período de recessão, apenas 22% se declaram “muito confiantes” na expansão dos negócios. O nível de confiança dos executivos da região vem caindo nas recentes edições da pesquisa. No ano passado, 27% deles estavam “muito confiantes” e em 2011, 39%.
A confiança no crescimento em curto prazo também caiu na América do Norte, de 42% em 2012 para 33% em 2013 e na região da Ásia-Pacífico, 42% em 2012 para 36% em 2013. Na África, visto por muitos como a próxima nação a sofrer um boom econômico, a confiança dos CEOs no crescimento das empresas caiu de 57% no ano passado para 44% nesta edição da pesquisa.
Levando em consideração uma amostra de países, a confiança variou muito: a Rússia é onde os CEOS mais acreditam em boas taxas de crescimento (66%), seguido de perto pela Índia (63%) e México (62%). Outros países também chamam a atenção neste ranking, como o Brasil (44%), China (40%), Alemanha (31%), EUA (30%), Reino Unido (22%), Japão (18%), França (13%) e finalmente Coréia, onde apenas 6% dos CEOs estão muito confiantes no crescimento da receita no próximo ano.  
Na perspectiva de longo prazo, a confiança dos CEOs manteve-se estável, 46% deles acreditam que haverá crescimento nos próximos três anos, quase o mesmo índice de 2012. Dividindo por regiões, os altos executivos da África e do Oriente Médio são os mais otimistas, 62% e 56% respectivamente, enquanto os europeus são os mais pessimistas: 34%.  
Os resultados da 16ª Annual Global CEO Survey, da PwC foram divulgados hoje, pouco antes da seção de abertura do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. "Os CEOs continuam cautelosos em relação aos negócios em curto prazo e às perspectivas da economia global. No entanto, considerando o elevado nível de preocupação que demonstram com aspectos como o excesso de regulação, a dívida pública e a instabilidade no mercado de capitais, não nos surpreende que a confiança deles tenha diminuído nos últimos 12 meses, disse o CEO global da PwC Dennis M. Nally, ao divulgar os resultados. E acrescentou: “Eles estão empenhados em lidar com os riscos impostos pelo atual cenário, atuando de maneira estratégica para refinar suas operações e reduzir custos sem perder valor. Buscam oportunidades de crescimento orgânico, evitando grandes gastos que possam comprometer os recursos necessários para o futuro. E, mais importante, demonstram um foco claro nos clientes, trabalhando mais perto deles do que nunca em medidas para estimular a demanda, a fidelidade e a busca conjunta por inovação".

O que mais preocupa os CEOs?

Como condições econômicas continuam difíceis, os CEOs demonstram preocupação com uma quantidade maior de aspectos do que no ano passado. No topo da lista está o receio com a persistente incerteza de crescimento econômico, apontada por 81% dos entrevistados na pesquisa. Numa clara mensagem aos governos em todo o mundo, 71% dos líderes estão preocupados com a reação dos governos ao déficit fiscal, com o excesso de regulação, 69% e com a instabilidade nos mercados de capitais 61%. Importante ressaltar que o nível de preocupação com a excessiva regulação dos mercados é o mais alto desde 2006. Quando questionados especificamente sobre as ações do governo em relação ao tema, executivos são ainda mais contundentes: apenas 12% acreditam que seus respectivos governos reduziram o peso da regulação no ano passado.

Quando se trata das principais ameaças para o crescimento de negócios, os CEOs também citaram o aumento da carga tributária (62%), a escassez de talentos (58%) e os custos de energia e de matérias-primas (52%).


Lidando com a incerteza

A fim de construir organizações que possam sobreviver e prosperar em meio à crise econômica, os CEOs estão perseguindo três estratégias específicas: identificar pólos de oportunidades, foco no cliente e maior eficiência operacional.

1. Oportunidades

Quase 70% (68%) dos CEOs estão se concentrando em iniciativas cuidadosamente selecionadas. Eles estão pesando todas as suas opções, fazendo investimentos inteligentes e consolidando seus recursos para maximizar as chances de sucesso.

Quase a metade dos CEOs nota que boas oportunidades estão depositando suas esperanças no crescimento nos mercados existentes e apenas 25% estão se voltando para o desenvolvimento de novos produtos. Apenas 17% dos CEOs estão planejando novas fusões e aquisições (F&A). Para os que planejam fusões e aquisições, as regiões mais visadas são América do Norte e Europa Ocidental, o que pode indicar que esses líderes estão procurando tirar proveito de tempos difíceis para barganhar.

Citada por 31% dos CEOs, a China está no topo da lista de países vistos como mais promissores para o crescimento futuro, seguido de os EUA (23%), Brasil (15%), Alemanha (12%) e Índia (10%). A Indonésia foi listada entre os dez primeiros pela primeira vez este ano, com dois pontos acima do Japão. Se considerar apenas as grandes empresas (com faturamento acima de US$ 10 bi), a China aumenta o nível de importância para o crescimento futuro com 45%, enquanto que os EUA caem para 20%.

2. Foco no cliente

Quase a metade dos CEOs (49%) percebeu que mudanças nos padrões de consumo podem ser uma séria ameaça aos negócios e 51% disseram que no topo de suas prioridades de investimento para os próximos 12 meses está o aumento da base de clientes. A maioria dos CEOs (82%) já se antecipou e está mudando a estratégia de negócios para reter e ganhar novos clientes e 31% têm grandes mudanças em mente.

3. Melhorar a eficiência operacional

Melhorar a eficiência operacional está entre as prioridades dos CEOs.  Para isso, a maioria (77%) tem adotando medidas de redução de custos nos últimos 12 meses e 70% planejam fazê-lo nos próximos 12 meses. O corte de gastos, porém, é feito com muita cautela para evitar que inadvertidamente haja perda de valor. Um indicador disso é o fato de 48% dos CEOs terem aumentado o quadro de funcionários de suas empresas nos últimos 12 meses, enquanto 25% mantiveram no mesmo nível.

Busca por talentos


Os CEOs permanecem relativamente cautelosos com os planos de aumento de pessoal neste ano. Boa parte (45%) planeja recrutar em 2013 (contra 51% em 2012), enquanto 23% planeja reduzir sua força de trabalho.

Ao analisar os setores que estão recrutando e os que planejam corte de pessoal, é possível perceber algumas tendências: os maiores índices de contratações são em serviços (56%), engenharia e construção (52%), varejo (49%) e saúde (43%). Por outro lado, os CEOs que planejam reduzir o efetivo são do setor bancário (35%), indústrias de metal (32%) e papel & celulose (31%).

Qualquer que seja a perspectiva de contratação, encontrar e manter as pessoas certas continua a ser um grande desafio para os CEOs. A escassez de talentos foi classificada pelos CEOs como uma grande ameaça para as perspectivas de crescimento, citada por 58% do total dos respondentes. Este problema foi notado especialmente entre as empresas menores e em regiões de alto crescimento, como a África, o Oriente Médio e Ásia-Pacífico.


Os CEOs mais preocupados com a escassez de competências foram os de mineração (75%), engenharia e construção (65%), comunicação (65%), tecnologia (64%) e seguros (64%).

Tendo tudo isso em vista, não é surpreendente que mais de três quartos (77%) dos CEOs anteciparam que farão mudanças em suas estratégias de empresa para gestão de talentos durante os próximos 12 meses e quase um quarto dos líderes (23%) afirmaram que essas mudanças serão grandes. 

Confiança pública

Os CEOs também reconhecem a necessidade de construir confiança com um conjunto mais amplo de stakeholders:alguns (37%) temem que a falta de confiança na indústria poderia pôr em risco o crescimento de sua empresa e 57% planejam focar mais fortemente na promoção de uma cultura ética. Além disso, quase metade dos CEOs (49%) declarou que vão se esforçar para reduzir os impactos ambientais da empresa durante este ano.

Metodologia:

Para a PwC's 16th Annual Global CEO Survey foram feitas 1.330 entrevistas em 68 países durante o último trimestre de 2012. Por região, foram realizadas 449 entrevistas na Ásia-Pacífico, na Europa Ocidental 312, na América do Norte 227, na América da Latina 165, na Europa Central e Oriental 95, na África 50 e no Oriente Médio 32. O relatório de estudo completo com gráficos de apoio pode ser baixado em www.pwc.com/ceosurvey.

Lista de países/regionais onde os CEOs estão otimistas com o crescimento nos próximos 12 meses: Rússia (66%), Índia (63%), México (62%), Oriente Médio (53%), África (52%), África do Sul (45%), Brasil (44%), Canadá (42%), Roménia (42%), ASEAN (40%), China / Hong Kong (40%), Alemanha (31%), Austrália (30%), EUA (30%), Venezuela (30%), Argentina (26%), Reino Unido (22%), Itália (21%), Escandinávia (20%), Espanha (20%), Japão (18%), Suíça (18 %), França (13%), Coréia (6%).