quarta-feira, 29 de maio de 2019

Mancha na unha também pode ser sinal de câncer de pele

Um relato recente da Miss Illinois, Karolina Jasko, chamou atenção da população mundial após uma revelação pública viralizar nas redes sociais. O motivo seria a descoberta de uma mancha preta embaixo da sua unha que foi diagnosticada como um melanoma, tipo agressivo de câncer de pele. Segundo a modelo, o tumor seria decorrente da ampla exposição ao longo dos anos à luz UVA de um aparelho utilizado para secar a cola durante a fixação de unhas postiças.

De acordo com Sílvia Fontan, oncologista da Oncoclínica Recife, a radiação ultravioleta é um fator de risco que aumenta as chances de desenvolvimento de câncer de pele, mas ela lembra que isso só ocorre em casos raros e diante de uma exposição exagerada e constante. “É importante lembrar que nem todas as pessoas que fazem uso do alongamento de unha terão esse tipo de problema, mas vale salientar que é preciso estar atento a todos os sinais de alteração que possam sugerir mudanças na coloração das unhas, principalmente com sinais em forma de linha”, explica.

Sílvia Fontan conta que as manchas podem variar entre tons de marrom e cinza. “Muitas vezes pode ser apenas uma lesão benigna - como um hematoma ocasionado por um impacto ou ainda por uma infecção localizada -, mas que não deve ser desconsiderada em um possível diagnóstico de melanoma ou outro tipo de tumor de pele”, reforça a médica.

Os cânceres de pele são os mais incidentes no Brasil, representando cerca de 30% de todos os casos da doença – um número que chega a 180 mil novos casos por ano, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer). O melanoma corresponde a 4% deste total, mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor prevalência entre a população, é considerado o mais grave e com grande potencial metastático.

“É preciso buscar aconselhamento médico especializado principalmente quando a mancha surge repentinamente, sem algum acontecimento relacionado que justifique. Para comprovar se aquela alteração representa de fato um melanoma da unha, é necessário realizar a biópsia”, frisa a especialista.

Feito o diagnóstico da lesão cancerígena, é recomendável a ressecção cirúrgica da área. Considerando o tumor localizado entre a cutícula e a unha, o procedimento consiste na retirada de todo o tecido comprometido, podendo chegar até o osso. Em situações mais graves, pode ser necessária a amputação parcial ou completa do dedo.


Em casos de estágios mais avançados da doença, além da cirurgia, o tratamento pode envolver quimioterapia, radioterapia e/ou uso de terapia-alvo. Adicionalmente, diversos estudos apontam boas respostas de pessoas diagnosticadas com melanoma à chamada imunoterapia, medicação que estimula o sistema imunológico do paciente, fazendo com que o próprio sistema de defesa do organismo passe a reconhecer e combater as células “estranhas”.


“Os sintomas não devem ser ignorados, mesmo que não causem dor ou algum outro tipo de desconforto. O melanoma pode avançar para os nódulos linfáticos e levar ao surgimento de metástases no cérebro, fígado, ossos e pulmões. O diagnóstico precoce é fundamental para o combate ao câncer”, finaliza a oncologista.


Entenda o Melanoma e como identificar sintomas da doença

De acordo com Fontan, esse tipo de tumor surge por conta do crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina, dando cor e pigmentação à pele. “Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância. Vale lembrar que, mesmo áreas não expostas diretamente ao sol e menos visíveis – como o couro cabeludo - podem apresentar manchas suspeitas”, diz.

O câncer de pele melanoma é, na maioria das vezes, agressivo. “São geralmente casos que iniciam com pintas ou manchas escuras na pele, novas ou de nascença, que passam a apresentar modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro”, explica a especialista.

É importante a avaliação frequente de um especialista (dermatologistas) para acompanhamento das lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce. O dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada.