A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte de um jovem de 19 anos, suspeito de se matar após participar do jogo suicida 'Baleia Azul'.
Gabriel Antônio dos Santos Cabral tinha mulher e uma filha de apenas 40 dias e, segundo sua mãe, Maria de Fátima Santos, de 37, vinha tentando deixar esse grupo, mas sofria uma pressão muito grande. De acordo com a polícia, o corpo do jovem foi encontrado pela mulher sobre a cama do casal. No local, as autoridades encontraram cinco cartelas vazias de um antidepressivo.
O caso está sendo investigado na Delegacia Regional de Pará de Minas, onde o telefone celular da vítima está sendo periciado. "Pedi a ele para sair disso. Que isso era coisa do diabo, de quem tem pacto com o demônio e está coletando as almas dos outros. Ele disse que tentava sair, mas que as pessoas do grupo adicionavam ele de volta, atormentavam meu filho, ele não sabia mais o que fazer", relata Maria de Fátima, que descobriu a participação do filho no jogo no último domingo (9).
À polícia, a mãe do jovem disse que ele já tinha cumprido alguns dos desafios, como tirar uma fotografia vendo filme de terror; se filmar do alto de um prédio; e fazer cortes na pele desenhando uma baleia.
Mato Grosso - A Polícia Civil de Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá, instaurou inquérito para investigar o caso de uma adolescente de 16 anos, encontrada morta em uma lagoa na região central do município na manhã de terça-feira (11). A principal suspeita da polícia é de que a jovem participava de um jogo online que incitava desafios.
Ao G1, o delegado André Rigonato, que conduz as investigações, afirmou que a mãe da adolescente relatou informalmente à polícia que a filha teria apresentado cortes nos braços há cerca de dois meses. A ação, segundo o relato, teria sido uma das "tarefas" impostas aos membros do suposto jogo online do qual a jovem participava. "A família tomou conhecimento desses cortes, mas não sabia da gravidade da situação", disse.
De acordo o delegado, alguns colegas, familiares e o namorado da adolescente já foram ouvidos informalmente pela polícia. Além disso, foram apreendidos os equipamentos eletrônicos usados pela jovem, como celular e notebook, que devem ser analisados pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).
Mônica Strege Médici, professora de ciências e biologia na escola onde Maria de Fátima estudava, disse que a jovem era uma aluna excelente e raramente tirava notas abaixo de 8. “Sem dúvidas, era uma das melhores alunas da turma. Adorava a disciplina e fazia sempre as tarefas”, diz a professora. As amigas de sala, que pediram para não se identificar, contam que ela costumava ser extrovertida, sorridente e brincalhona, mas que vinha mudando o comportamento desde o final do ano passado.
“Ela estava mais introvertida, não sorria mais, não saía da sala de aula na hora do intervalo. Não queria mais conversar, ficava só no mundinho dela. Uma vez chegou a dizer que a vida não tinha mais sentido algum”, diz K.S., de 16 anos. “Ela nunca foi superficial, sem dúvida, era das mais inteligentes. De repente, começou a ficar calada. Estamos em choque”, afirmou J.M., outra amiga.
Dentro de casa também havia sinais de que algo estava errado. Segundo Antônia Carlos da Silva, de 39 anos, mãe de Maria de Fátima, a jovem tinha alguns cortes nos braços e nas coxas há cerca de dois meses. Além disso, a mãe chegou a encontrar um papel em que a estudante havia escrito com a própria letra regras a serem cumpridas, como “abrace os seus pais e diga a eles que os ama”, “peça desculpas”, “tire a sua vida”. O documento está com a polícia.
Antônia disse que em nenhum lugar do papel havia referência ao jogo Baleia Azul, mas disse que tinha uma cronologia a ser seguida. Assustada, ela chamou a filha para conversar sobre o assunto. “Perguntei o que era aquilo e ela me respondeu que não era nada. Que era uma bobagem. Disse: ‘você acha que vou me matar, mãe?’”, conta Antônia. “Perguntei se ela precisava de ajuda e ela disse que não. Na hora, eu preferi acreditar nela. Aquilo não podia estar acontecendo comigo”, diz a mãe.
O jogo - De origem russa, o jogo começa por meio de contatos pelo Facebook, onde o administrador do grupo secreto repassa 50 desafios aos participantes até chegar à última tarefa: por fim à própria vida. Na Rússia, em 2015, uma jovem de 15 anos se jogou do alto de um edifício; dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem. Depois de investigar a causa destes e outros suicídios cometidos por jovens, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com 50 missões, sendo a última delas acabar com a própria vida.
A preocupação aumentou ano passado, quando fontes diversas chegaram a divulgar, sem confirmação, 130 suicídios supostamente vinculados a comunidades online identificadas como “grupos da morte”.
Tudo na internet se espalha muito rápido, mesmo as coisas mais inacreditáveis. Neste caso não é diferente. O fenômeno ganhou visibilidade e vem se alastrando pelo mundo. Em alguns países, como Inglaterra, França e Romênia, as escolas têm feito alertas às famílias, depois que adolescentes apareceram com cortes nos braços, queimaduras e outros sinais de mutilação.
Jogos com apelos de riscos letais têm virado moda entre os adolescentes. Um exemplo é o jogo da asfixia, que gerou vítimas no Brasil. Outro é o “desafio do sal e gelo”, no qual, para serem aceitos no grupo, os adolescentes devem queimar a pele e compartilhar as imagens nas redes sociais. Embora exista há anos, o desafio voltou com força recentemente. Sem falar no “Jogo da Fada”, que incita crianças a ligarem o gás do fogão de madrugada, enquanto os pais dormem.
As recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul. Também as escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.
Com informações do Notícias ao Minuto (Rio), Portal G1 e Revista Veja
Nota do Blog: Depressão é coisa muito séria. Mas não é doença "da alma", "falta de Deus", "cabeça vazia", nada disso. A depressão chega na pessoa como qualquer doença, a exemplo de diabetes, pressão alta, asma, e tantas outras. Mas como qualquer doença, tem tratamento. Na adolescência, o jovem é uma "bomba ambulante", pois some um cérebro ainda não-formado com os hormônios em ebulição, a necessidade de ser aceito em qualquer grupo e as descobertas potencializadas. Pais, professores, lideranças, educadores: estejam atentos a quaisquer mudanças de comportamento de seus filhos/alunos/sobrinhos etc.
Quanto ao jogo em si, ainda que seja mentira, é só a ponta do iceberg em relação ao perigo que ronda os jovens: a falta de diálogos e perspectivas.
Depressão e outros transtornos podem ser mais comuns do que imaginamos.
Quanto ao jogo em si, ainda que seja mentira, é só a ponta do iceberg em relação ao perigo que ronda os jovens: a falta de diálogos e perspectivas.
Depressão e outros transtornos podem ser mais comuns do que imaginamos.