O Acervo RecorDança, coletivo de pesquisadoras atuantes em Pernambuco que vêm catalogando, organizando e difundindo as memórias das danças do Estado em um acervo digital (www.acervorecordanca.com) comemora 20 anos através de programação que irá lançar os resultados dos projetos “Memória da Dança em Pernambuco: artistas com deficiência e acessibilidade” e “Comunidades-Dança: que mundos movem?”, com ações presenciais e virtuais nos dias 07, 14 e 15 de dezembro, em Olinda e no Recife.
O primeiro projeto mapeou artistas da dança com deficiência no Estado, assim como criações artísticas do campo com acessibilidade comunicacional. O segundo investigou o conceito de comunidade no campo da Dança e se debruçou sobre as realidades das danças frevo e vogue. Após a programação oficial de lançamento, os novos conteúdos serão disponibilizados no site do Acervo RecorDança com acesso público e gratuito. Os dois projetos têm incentivo do Funcultura-PE.
Na quinta-feira (07/12), às 19h, no Clube Vassourinhas de Olinda, que fica na Rua Nossa Senhora do Guadalupe, 15, bairro do Amparo, as pesquisadoras do Acervo RecorDança farão a apresentação dos conteúdos englobando o frevo e a realidade de artistas, mestres e mestras que vivenciam o universo da dança que rege o Carnaval pernambucano. O projeto resultou em uma entrevista em vídeo com a passista e mestra Adriana do Frevo e na obra audiovisual intitulada “Comunidades dança: Cia Brasil por Dança”. Os dois vídeos revelam as memórias e o cotidiano da Cia Brasil por Dança, que há 35 anos é referência do frevo em Olinda. A companhia realiza suas aulas e ensaios na sede do Vassourinhas agregando pessoas de todas as faixas etárias. Adriana do Frevo, coordenadora do grupo desde sua fundação em 1988, é quem conta um pouco dessa história. A exibição dos vídeos será gratuita e contará com interpretação em Libras.
Já na quinta-feira seguinte (14/12), a partir das 16h, haverá a apresentação pública do projeto que envolve a pesquisa sobre artistas da dança com deficiência e obras que disponibilizam ferramentas de acessibilidade comunicacional, com transmissão ao vivo no canal do acervo no Youtube (@AcervoRecordanca) e interpretação em Libras. Na live, haverá o lançamento de cinco entrevistas em vídeo. Três delas realizadas com artistas da dança que têm algum tipo de deficiência, sendo eles John Lopes, Matheus Pimentel e Victor Marley e outras duas com Andreza Nóbrega e Jefferson Figueirêdo, profissionais que possuem experiência com a produção e participação em criações de artistas com deficiência e obras com acessibilidade. Além disso, também será apresentado um ensaio, em texto e áudio, sobre como foi o processo de mapeamento e pesquisa com esse recorte específico e o resultado da recriação da audiodescrição do espetáculo Leve, do Coletivo Lugar Comum, primeira obra de dança em Pernambuco que contou com audiodescrição ao vivo no ano de 2010. Para reafirmar esse marco histórico, o RecorDança lança uma versão do registro em vídeo do espetáculo, que já integrava o acervo, com audiodescrição.
Na sexta-feira (15/12), às 15h, fechando a programação de 20 anos em 2023, o coletivo Acervo RecorDança estará no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), situado na Rua da Aurora, 265, Boa Vista, centro do Recife, para lançar um episódio especial do podcast “Histórias ao Pé do Ouvido – Vogue” e também a obra audiovisual “Comunidades-dança: Vogue 4 Recife”, que revelam o dia a dia de artistas que trabalham e praticam a dança vogue no Brasil, ainda pouco explorada e conhecida pelo público em geral. O vogue é uma das modalidades de dança das comunidades Ballroom, e em Recife tem como pioneiro o artista Edson Vogue, da House of Guerreiras, um dos participantes do podcast que será lançado. Alexandre Roiz, integrante da Casa Akará de Uberlândia (MG), é o outro entrevistado do podcast. Juntos conversam sobre histórias e os contextos das comunidades Ballroom no Brasil. Já a obra audiovisual conta com imagens de balls realizadas em Recife, que fazem parte do acervo do coletivo Vogue 4 Recife. O lançamento também contará com interpretação em Libras e tem entrada gratuita.
As pesquisadoras ressaltam a importância de jogar luz na temática da presença de acessibilidade na dança: “Você já viu artistas da dança com deficiência? Já foi em espetáculo com intérprete de Libras, com audiodescrição? Na dança, pessoas com deficiência têm pouco espaço para atuar e há poucos trabalhos com acessibilidade. Para nós, Acervo RecorDança, é importante mapear esses artistas e criações acessíveis a esse público. O mapeamento foi parte dos resultados da nossa pesquisa ‘Memória da Dança em Pernambuco: artistas com deficiência e acessibilidade’, os quais serão divulgados, agora, com a apresentação pública, e ficarão disponíveis gratuitamente no site do RecorDança. Contribuímos, assim, com o reconhecimento de artistas PCDs e espectadores com deficiência, e também com a salvaguarda dessa memória das danças de Pernambuco”, explicam Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer e Taína Veríssimo, pesquisadoras do Acervo RecorDança e realizadoras desse projeto.
Elas complementam falando um pouco sobre do que se trata o projeto “Comunidades-dança: que mundos movem?”, que nesta etapa tem o recorte do frevo e do vogue: “Ao longo de cinco meses, nos reunimos em um grupo de estudos com artistas das diversas áreas da dança em Pernambuco, a exemplo de danças ciganas, quadrilha, frevo, dança contemporânea, vogue, do contato e improvisação, etc. E foi nesse processo de troca que o frevo e o vogue foram as comunidades escolhidas para serem abordadas neste momento. Essas pessoas que contribuíram com o grupo de estudos também participaram da criação dos conteúdos finais que agora serão lançados pelo Acervo RecorDança. Nossa intenção com a pesquisa foi a de discutir as relações sociais, políticas, econômicas e estéticas dos contextos das danças frevo e vogue. Cada dança traz suas cosmovisões específicas em diferentes facetas e acaba por delimitar uma comunidade, uma maneira de viver. É a partir dessa perspectiva que entendemos a palavra comunidade. Um espaço que não precisa ser geográfico, mas um campo desenhado pela convivência comum e por visões de mundo que se conectam. Comunidade como uma prática política de convivência”, detalham as pesquisadoras Liana Gesteira e Valéria Vicente, que fazem parte da equipe de pesquisadoras desse projeto no RecorDança.
As comemorações dessas duas décadas de atividades do Acervo continuam em 2024. Já no primeiro semestre, a equipe do RecorDança irá realizar uma residência com artistas convidados no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, a partir do projeto “RecorDança 20 anos: política do encontro”, incentivado pelo SIC Recife 2021/2022. Mais informações em breve no perfil do Instagram @acervorecordanca.
*Sobre o Acervo Recordança* - O Acervo RecorDança vem, ao longo de 20 anos, catalogando, organizando e difundindo a memória da dança do Estado de Pernambuco a partir da realização de exposições, livros, seminários, publicações de textos, realização de documentários, produção de podcasts e atualização constante do acervo on-line. Hoje, o acervo reúne mais de 1000 fotos, 200 vídeos, 60 biografias, 13 históricos de grupos e 200 fichas de espetáculos. O RecorDança é um pioneiro no Brasil em organizar, digitalmente, a memória da dança que vem através da constante atuação de suas pesquisadoras em eventos nacionais e internacionais, divulgando as narrativas dos artistas, grupos e acontecimentos da dança local. O trabalho de memória demanda uma constante atualização de seus conteúdos, plataformas de difusão e renovação das ferramentas voltadas para os diferentes públicos, e é nisto que o acervo tem investido atualmente.
*SERVIÇO: 20 anos do Acervo RecorDança*
Calendário de ações:
Projeto “Comunidades-dança: que mundos movem?”
· Lançamento da entrevista com Adriana do Frevo e do vídeo “Comunidades-dança: Cia Brasil por Dança”: 07/12/23, 19h, no Clube Vassourinhas de Olinda. O evento é gratuito, aberto ao público e contará com interpretação em Libras.
· Lançamento do episódio especial do podcast “Histórias ao Pé do Ouvido – Vogue” e o vídeo “Comunidades-dança: Vogue 4 Recife”: 15/12/23, às 15h, no MAMAM. O evento é gratuito, aberto ao público e contará com interpretação em Libras.
Projeto “Memória da Dança em Pernambuco: artistas com deficiência e acessibilidade”
· Apresentação pública do projeto: 14/12/23, às 16h, pelo canal do YouTube do Acervo (lançando cinco novas entrevistas em vídeo - Andreza Nóbrega, Jefferson Figueirêdo, John Lopes, Matheus Pimentel e Victor Marley; um ensaio sobre o projeto em texto e áudio; e versão do registro em vídeo do espetáculo Leve, do Coletivo Lugar Comum, com audiodescrição). O evento contará com interpretação em Libras.
