segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

🌿 Paudalho, Território Ancestral: A Cidade que Respira Tradição Afro-Indígena


🕊️ A cidade de Paudalho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, ganhou destaque nacional e internacional com a divulgação do "Dossiê Território Ancestral". O levantamento inédito identificou 19 casas de culto afro-indígena em funcionamento, colocando o município entre as maiores concentrações de terreiros do Brasil. A pesquisa reforça a importância da cidade como guardiã de tradições que atravessam séculos e resistem às tentativas de silenciamento.  

🌍 O projeto foi idealizado por Jaifalerì, Babalossayn do Ylê Axé Xangô Ayrá, em parceria com a produtora cultural Belisa Alves, Filha de Oxum, e o fotógrafo Edgar Lira, Filho de Ogum. Os três jovens, praticantes das tradições ancestrais, assinam o estudo como um gesto político de afirmação identitária e enfrentamento ao racismo religioso. A iniciativa contou com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e gestão da Baobá Produção Cultural.  

📸 A equipe percorreu bairros urbanos, comunidades rurais e áreas de difícil acesso para registrar, com escuta e respeito, a diversidade das práticas religiosas. O dossiê mapeou terreiros de Jurema Sagrada, Umbanda, Candomblé e casas de matriz afro-indígena, revelando a riqueza espiritual que conecta moradores locais e visitantes da Região Metropolitana do Recife.  

🌱 A metodologia seguiu referências do IPHAN e priorizou o protagonismo das lideranças religiosas. Belisa Alves destacou que “mapear não é invadir, é proteger”, ressaltando que a pesquisa só foi possível porque foi conduzida por praticantes da própria cultura. Esse olhar interno garantiu reconhecimento, confiança e troca de saberes que dificilmente seriam alcançados por pesquisas externas.  


🎥 O resultado é o "Dossiê Território Ancestral", disponível gratuitamente em plataforma digital, reunindo textos, geolocalização, fotos e vídeos. Edgar Lira registrou mais de 140 imagens oficiais, captando lideranças, objetos rituais e espaços sagrados. O acervo audiovisual também deu origem a um documentário homônimo, reforçando que tecnologia e ancestralidade podem caminhar juntas.  

✨ Os dados foram apresentados na Mostra Território Ancestral, que reuniu mães e pais de santo, pesquisadores e moradores. Para os coordenadores, o projeto abre caminhos para o fortalecimento de redes, maior visibilidade das tradições e produção de conhecimento acadêmico a partir das próprias comunidades. Jaifalerì resume: “A ancestralidade não é passado: é presente e futuro”.  

🌳 Paudalho, com cerca de 56 mil habitantes, tem suas origens ligadas à expansão dos engenhos de cana-de-açúcar entre os séculos XVII e XIX. A região, formada entre o rio Capibaribe e antigos aldeamentos indígenas, era conhecida como Miritiba, associada às origens de Felipe Camarão. O nome atual vem do pau-de-alho, árvore nativa cujo cheiro forte marcou o território onde o povoado se consolidou.  

🔗 O dossiê completo pode ser acessado em territorioancestral.com.br, o perfil do projeto no Instagram é @mapeamentoancestral e o documentário "Território Ancestral" está disponível gratuitamente no canal do projeto no YouTube. Paudalho, assim, reafirma-se como um território ancestral vivo, onde memória, espiritualidade e resistência se entrelaçam para garantir que as próximas gerações tenham acesso a uma história que sempre existiu, mas que muitas vezes foi silenciada.