A montagem “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”, da Zózima Trupe, entra em suas últimas semanas de temporada em São Paulo. Com sessões gratuitas até o dia 28 de setembro, o espetáculo é encenado dentro de um ônibus estacionado na Praça Franklin Roosevelt, na região central da cidade.
A peça parte de uma cena real vivida pela atriz Ma Devi Murti — uma mulher negra em cadeira de rodas ignorada por um motorista de ônibus — para abordar temas como racismo, capacitismo, patriarcado e desigualdade social. A dramaturgia é assinada por Shaira Mana Josy e Piê Souza, com direção de Anderson Maurício.
Inspirada na trajetória da ativista Flávia Diniz (1983–2024), a narrativa acompanha Rosa, trabalhadora da limpeza, que exige que o motorista pare para uma passageira invisível. A metáfora conecta o ônibus ao navio negreiro, reforçando a luta por visibilidade de mulheres negras e pessoas com deficiência.
Desde 2007, a Zózima Trupe utiliza ônibus como palco, transformando o transporte coletivo em espaço de reflexão e resistência. O espetáculo também dialoga com o gesto histórico de Rosa Parks, que em 1955 desafiou a segregação racial nos Estados Unidos.
A temporada soma 30 apresentações e foi contemplada pelo Prêmio Zé Renato. As sessões acontecem às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados pelo Sympla.
