segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Famílias no vermelho: inadimplência no Brasil atinge maior índice em quase dois anos


A inadimplência das famílias brasileiras voltou a preocupar especialistas e instituições financeiras. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de inadimplência atingiu 30,2% em julho — o maior percentual registrado nos últimos dois anos.

Em Pernambuco, o cenário é ainda mais alarmante. Dados divulgados pelo Serasa apontam que o estado teve uma taxa de inadimplência de 46,9% em janeiro de 2025, liderando o ranking da região Nordeste. Em junho de 2024, o número de inadimplentes ultrapassava os 3,39 milhões, com leve redução em relação ao mês anterior.

Para Petra Fernanda, coordenadora do Núcleo de Negócios da Wyden, a principal causa do endividamento é a ausência de planejamento financeiro familiar. “É importante que toda a família conheça a situação financeira em que vive. Assim, todos podem contribuir em casa, ajudando a utilizar os recursos de forma mais racional, evitando o consumo excessivo, priorizando as necessidades e mudando hábitos que prejudiquem o orçamento”, alerta.

A especialista também chama atenção para o uso indiscriminado do crédito rotativo, especialmente no cartão de crédito, como um dos principais agravantes da inadimplência. “Essa modalidade exige muito cuidado, já que rapidamente pode transformar dívidas pequenas em uma bola de neve e, consequentemente, tornar a pessoa inadimplente”, ressalta.

A preocupação é respaldada por dados do Banco Central do Brasil: em maio de 2025, a taxa média de juros do crédito rotativo no cartão de crédito chegou a 449,9% ao ano, com aumento de 5,7 pontos percentuais em relação a abril.

Apesar do cenário desafiador, Petra reforça que é possível reverter a situação com organização e disciplina. “Saber exatamente o quanto se pode gastar é essencial para evitar o endividamento. Além disso, ter uma reserva de emergência é fundamental. O ideal é que se mantenha uma quantia equivalente a pelo menos três vezes a renda líquida da família para enfrentar imprevistos”, conclui.