*Ricardo Andrade
Infelizmente, nesse país, a agenda do patrimônio, só repercute, em questões ligadas, ao interesse econômico, como no atual caso, da possível construção do Restaurante (Zeppelin) no Recife Antigo. Até parece que que a memória, a identidade e o pertencimento, se resume apenas a isso. Um case de sucesso, que tem feito o link, entre patrimônio e a sustentabilidade, tem sido o Porto digital, que não precisou ter que derrubar, nenhum equipamento, ou construir nada, que cause impacto negativo, ou um estranhamento, no conjunto arquitetônico. Ao contrário, todas as notícias em rede local ou nacional, sobre o Porto, evidenciam a riqueza cultural do entorno.
A patrimonialização, promove a transversalidade a intersetorialidade, dialogando com várias áreas, como, Educação, Meio Ambiente, TI etc. Talvez, precisemos da criação, de um "Índice de Identidade/pertencimento", para dar mais valor, as questões dessa natureza, onde a sinergia entre o "local" e o "global", possam ser mediatizadas, relativizadas, sem que percamos, nossas singularidades/subjetividades. Mais ou tão importante, quanto o registro, o tombamento e a salvaguarda de nossos bens, materiais e imateriais, é a sua manutenção, monitoramento e seu empoderamento, por parte da sociedade e os diversos atores envolvidos.
Nesse particular, os processo de educação patrimonial precisa atuar em diversos segmentos, dialogando em outras arenas, que não apenas, os campos da Museologia, Antropologia, História, Arquitetura, Arqueologia etc. O patrimônio agoniza, sobretudo, os de natureza mais regional, nos municípios, com o descaso do poder local. É hora de se repensar, seu valor, o potencial, na perspectiva do desenvolvimento e da sustentabilidade, mas sem o descaracterizar, pensando para mais além, que o mero interesse comercial e/ou financeiro.
*Ricardo Andrade é Cientista Político, Historiador, Presidente do IHGAAP(Instituto Histórico, Geográfico, Arqueológico e Antropológico do Paulista)