segunda-feira, 1 de março de 2021

#ProjetoXegamiga Somos uma só voz

 


Meu nome é Daniela, Dani Mello para a grande maioria das pessoas que me conhece. Sou advogada trabalhista com expertise em processos estratégicos. Mãe de uma criança linda de onze anos, extremamente alegre e sensível.

Desde que comecei a descobrir quem sou tenho tanto para falar dessa caminhada inclinada ao autoconhecimento. Sou buscadora de uma felicidade que todos nós merecemos. 

Enquanto mulher, tenho os mesmos sonhos de tantas outras. Ser feliz, ter um lar de harmonia, paz, construir minha vida ladeada por pessoas queridas e poder criar meu filho, vê-lo crescer.

Creio que nós todos estamos conectados. Vivemos algo muito maior e nosso legado transcende circunstancias que envolvem o microcosmo de nossa jornada existencial. Essa é a razão do meu depoimento.

Sou Daniela, mãe, profissional, professora, mulher e vítima de violência doméstica.

Tive minha integridade violada e é sobre a dor da humilhação e do desrespeito que me proponho a falar deste momento em diante. A partir desse hogar de dor, ameaças, perversão psicológica e moral.  

Escutei tudo e Sou fruto de uma família estruturada, onde respeito sempre foi à tônica. A violência não fazia parte de minha vida.

E desde o evento violência até agora muitas aguas rolaram, ocorrências policiais, processos diversos, para enfrentar o que, por medo, havia deixado adormecido, varridos para baixo do tapete.

Tantas foram às dores revividas, batalhas travadas, que somente agora tenho coragem de falar sobre o tema com nenhum propósito outro senão de defender o direito à liberdade e o respeito que deve nortear as relações interpessoais entre todos os seres viventes que habitam esse planeta.

Ao deitar ainda ouço a voz do algoz ecoando um ressonante puta, vagabunda, dentre outras coisas que não ouso repetir, mas não me deixo abalar. Faço da dor e da dificuldade a argamassa de minha própria fortaleza.

Anos após ter sido agredida, persistem as ameaças e ofensas morais, voltadas a denegrir minha imagem e honra perante terceiros.

Sou Daniela, vítima de violência física e moral. E, enquanto mulher, faço valer meu direito de ter minha integridade física respeitada, minha honra preservada para resguardar a dignidade e a paz que tanto mereço, condição básica de humanidade e tenho fé no Estado para fazer a justiça prevalecer.
Não devemos temer por vergonha ou qualquer outro motivo agressões, por mais próximo que seja o ofensor. 

Digam não a violência contra a mulher e que esse mantra e reverbere, como necessita.

Daniela Mello