quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Infância Refugiada - Retratos de um conflito

O livro fotográfico bilíngue intitulado “Infância Refugiada - Retratos de um Conflito” da fotógrafa cearense Karine Garcêz (foto), que percorreu desde 2012 países do Oriente Médio como Faixa de Gaza, Palestina e Síria sob conflito e ocupação, Líbano e Turquia, despertou sua sensibilidade para dar um testemunho visual do que presenciou, dentro de uma missão da Organização Não-Governamental Holandesa Al Wafaa Campaign. 

De volta ao Ceará e como fruto dessa experiência, a fotógrafa desenvolveu a Exposição “Infância Refugiada” no Museu da Imagem e do Som. Dessa iniciativa nasceu a ideia de produzir um livro fotográfico de fácil manuseio e compreensão didática, acessível e bilíngue (português/inglês), onde se possa levar esses registros e suas reflexões para todo o País. A proposta conceitual se consolida de caráter documental, cujas imagens em preto e branco variam de tamanho conforme expressão estética, divididas por blocos de países e apresentadas textualmente. Com muita sensibilidade no olhar, soube captar em formas delicadas e belas expressivas imagens com cenas do cotidiano de meninos e meninas, suas expressões de espanto, ternura e de afetos, cenas de descontração e lazer, mesmo em meio à dura realidade da guerra. Por fim, teremos essa vivência em texto juntamente com os desenhos feito por crianças palestinas, convidando o leitor a colorir encerrando o livro, que contará com texto de apresentação do Professor de Filosofia e ex Diretor do Museu da Imagem e do Som do Ceara Dilmar Miranda . 

Esta publicação compreende a força da imagem enquanto fonte de estímulo e memória histórica neste assunto delicado e perturbante, bem como na relevância de propagá-lo. Inovador pela circunstância que o envolve e pelo desafio enfrentado pela fotógrafa no registro das imagens. Cientes que lidamos com um assunto presente, transversal, multidisciplinar, cujo paralelo nos remete de pronto aos cearenses, nordestinos que fogem da seca e migram e se refugiam nos “campos favelas” urbanos. 

Desse modo, abordar o tema do refúgio é trazer o diálogo da diversidade e tolerância inter-religiosa e dos direitos de crianças e adolescentes para nível nacional nos imputa um importante desafio: instigar através desse produto cultural como a diversidade dos problemas globais são também locais , sobre o que nos une e nos difere, sobre os direitos conquistados e negados. Quando pensamos em propor um diálogo entre o que nos é familiar e o que nos é estranho, ocasionam um esforço de trazer antigas questões para outros caminhos, olhares e valores. Aproximar o leitor ao universo do outro que se vê é lembrar o questionamento do escritor Gonçalo M. Tavares: “o que vês quando olhas para onde todos olham?”

Esperamos proporcionar reflexão sobre direitos humanos e infância, refúgio, tolerância religiosa e migrações forçadas. Acreditamos que por meio da fotografia é possível perceber a negação dos direitos e a proximidade com a nossa realidade. Cientes da temática inovadora, pioneira localmente, esperamos agregar valor ao campo da fotografia Brasileira. 

Memorial Descritivo sobre o tipo de Conceito: 

Luz e cor obedecem à lógica muito diversa. A luz se manifesta nas imagens por meio de uma escala linear que contrapõe valores diversos: claridade e escuridão. Assim, a luz é regida por uma dialética dos opostos. Ressaltam os conflitos, as contradições. 

O emprego do claro-escuro aparentemente aumenta a nossa capacidade de expressar as paixões humanas, as fotos em preto e branco destacam a oposição entre dois termos luz e treva, baseando-se numa contraposição de valores antagônicos. As fotos em preto e branco são mais propícias à expressão de juízos éticos sobre a realidade, pois o claro e o escuro estão tradicionalmente associados a conceitos polares: vida e morte, bem e mal, verdade e falsidade, encontramos o dualismo de forças antagônicas na mitologia e filosofia de muitas culturas. Esse é o conceito que nos levou a escolha do formato em preto e branco. Já pelo sensibilidade no olhar, Karine soube captar, em formas delicadas e belas, expressivas imagens do cotidiano de meninos e meninas - expressões de espanto, ternura e de afetos, gestos e sorrisos. 

Por fim, a proposta conceitual se consolida de caráter documental.



Apoie a campanha no Catarse: https://www.catarse.me/infancia_refugiada_retratos_de_um_conflito_44aa?ref=project_link