domingo, 9 de setembro de 2018

#GenteInteressante: Rainha das redes sociais faz os fãs (de)tremerem

Quem está regularmente no Twitter já viu as hashtags que envolvem os termos #Detremura e #SDV. E foi na curiosidade que fui conhecendo a escritora Denise Tremura, 41 anos, que se tornou ídolo de muitos millenials que lotam o microblog. A escritora e influenciadora digital se considera uma devoradora de livros. Com dois livros lançados pela Amazon.com e um projeto em andamento, Denise tem na internet um estilo de vida, um hobby prazeroso. Com mais de 400 mil seguidores, Denise tem como ídolo o escritor e imortal da ABL Paulo Coelho. 

“Sofri muito bullying na infância e me refugiava na biblioteca e foi assim que fui descobrindo as letras”. Ao ganhar um prêmio estudantil aos 10 anos, Denise viu que seu destino estava ligado às palavras. Chegou a cursar Letras. Mesmo não concluindo, estudou várias disciplinas que a qualificaram para escrever, como Narrativa Brasileira, Poesia Portuguesa, Teoria da Comunicação e Didática, entre outras. 

Escrever para adolescentes acabou sendo uma descoberta para Denise, afinal, os jovens (por estar em fase de descobertas) são intensos em suas expressões, assim como ela. E a identificação foi imediata. Sobre o amor não correspondido, que ela sempre escreve no Twitter, ela resume: “sofrendo por um, flertando com oito, pegando ninguém, (risos)”. 

Com tamanha influência entre os jovens, Denise chegou a ser convidada para a política. Em 2016, candidatou-se a vereadora de São José do Rio Preto, pelo PSD. “Nem fiz campanha, tive tanta vergonha de pedir voto, nunca mais quero passar por isso”. Vocês vão ler agora um ping-pong com a Cristal da Internet, a Rainha do Twitter e a Princesa dos Detrelovers (muitos, aliás, fizeram questão de deixar depoimentos carinhosos): 

Normalmente os influenciadores digitais recorrem ao Instagram ou Youtube pra ter seguidores e você acabou se firmando no Twitter. Foi uma escolha ou aconteceu naturalmente? 

Em 2014 eu criei uma página de humor no Facebook, a Filosofia de Boteco e também a me dedicar ao Instagram. Comecei a usar o Twitter pra divulgar meu Insta, que estava começando a crescer. Chegando na rede, percebi que tinha muitos jovens e adolescentes e minhas piadas de tiozão que eu usava na página de humor não funcionavam com eles. Passei a observar a linguagem e utilizá-la para me comunicar com os jovens e deu certo. Fui crescendo naturalmente na rede e passei a me dedicar mais a ela. Hoje, quase não uso Instagra e Facebook, meu público é mais concentrado no Twitter mesmo e eu adoro. 

Qual é sua formação acadêmica e como vc se tornou escritora? 

Estudei Letras na Unesp. Gostaria de ter me formado, mas tranquei a faculdade pra fazer teatro e minha vida foi tomando outros rumos. Porém sou graduada em algumas disciplinas importantes para minha carreira de escritora, como Narrativa Brasileira, Poesia Portuguesa, Teoria da Comunicação, Didática, entre outras. 

Sempre quis ser escritora, desde criança mesmo. Meu primeiro ~prêmio literário~ foi um concurso de redação promovido pelo maior jornal da cidade, que eu venci com 10 anos. Apareci no jornal, fui tratada como celebridade na escola. Até então eu sofria bullying por ser gordinha e percebi que vencer o prêmio me trouxe um certo respeito. Daí eu soube que queria ser escritora. Quando comecei o quinto ano, o professor de Português mandou fazer uma redação em casa e depois de corrigida ele me perguntou se eu mesma tinha escrito aquele texto. Eu tive certeza, naquele momento, com toda a minha insegurança de pré-adolescente que eu havia nascido pra ser escritora. 

De onde vem tamanha identificação com os adolescentes? 

Quando eu criei a conta no Twitter em 2010 eu não entendia direito como funcionava e acabei abandonando. Em 2015 eu voltei pra ajudar a divulgar meu instagram e eu tava vivendo uma relação meio complicada, dessas que a gente se apaixona e a pessoa não. Eu percebi que o bom do Twitter é que você é meio anônimo lá, porque seus amigos da vida real e familiares não usam muito, é uma rede meio elitizada culturalmente. Então eu usava pra desabafar sobre minhas trapalhadas amorosas, um dia postei algo sobre a pessoa visualizar e não responder e como eu sofria com isso. Alguém me respondeu "ih tamo junto, tia" Eu pensei, quem tá me chamando de tia? Entrei no perfil, era uma jovem de 14 anos. Pensei, poxa, que legal, eu com 38 anos tenho a mesma maturidade emocional de uma menina de 14. OK, vamos falar sobre isso, então. Eu passei a interagir com os adolescentes, me interar dos problemas deles, dos seus dramas. Adultos não os levam muito a sério, acham que tudo é fase e passa. Mas se um adolescente me conta que brigou com o melhor amigo ou tá sofrendo por alguém que nem sabe que ele existe eu vou escutar com atenção e seriedade, pois eu sei que aquilo é muito importante pra eles. 

Eu penso que os jovens gostam de mim por eu compreender o quanto seus problemas são complicados e seus sentimentos, intensos. 

Como surgiram as Tags SDV? 

Quando eu cheguei no Twitter em 2015 já existia do Sigo de Volta, eu só organizei os esquemas. O bom do SDV é que ajuda as pessoas a interagirem. Quando você cria um perfil no Twitter você não segue ninguém e não tem seguidores, você posta as coisas e ninguém interage. Isso me fez desanimar da rede lá em 2010. Porém, quando eu voltei, percebi que essas tags de SDV davam muita interação e quado eu seguia as pessoas que estavam tuitando com esse tema elas me seguiam de volta. Eu percebi uma forma de conhecer pessoas e usava as tags todos os dias, quando tinha. E eu fui ficando meio viciada nas tags e amiga das pessoas que mais usavam também. Tinha dia que chegava no Twitter e ninguém tinha subido tags de SDV, mas eu queria tuitar nelas, e pensava: outras pessoas devem estar querendo também e comecei a eu mesma subir quando não tinha nenhuma subindo. Peguei o jeito da coisa e passei a subir todos os dias. Um dia, alguém me sugeriu colocar meu nome, já que outras pessoas faziam isso, mas ultimamente era só eu que tava ajudando a subir essas tags. Eu coloquei meu nome Detremura e para minha surpresa, deu super certo! 

Eu falo que não sou eu quem sobe as tags, quem sobe é o Twitter. Eu só ajudo a conduzir a brincadeira do segue que te sigo. 

Tirando Paulo Coelho, que é seu maior ídolo, que escritores você admira e quais deles te influenciam? 

Como eu disse, sofri bullying quando era criança, e pra fugir das outras crianças eu me escondia na biblioteca da escola. Os livros para minha idade acabaram muito cedo, e muito cedo também eu comecei a ler Jorge Amado, José de Alencar. Eu era meninona ainda já lia Kafka, Eça de Queiroz, Alexandre Dumas Filho. Eu gosto muito do Paulo Coelho porque ele causou uma revolução no mercado literário. O livro é uma mídia muito cara, as editoras não investiam em novos talentos porque tinham medo de arriscar em um campo precário como o brasileiro. Porém, depois de Paulo Coelho com seus best-sellers um seguido do outro, as editoras passaram a arriscar mais. Todas, afinal, queriam ter o seu próprio Paulo Coelho. Sem contar que ele foi pioneiro em novas formas de distribuição de livros, como venda de livros em bancas de revista e catálogos da Avon, alcançando cada vez mais um público não habituado à leitura. Só por formar novos leitores por esse Brasil adentro já merece todo nosso respeito. Autores da contemporaneidade eu gosto muito do Carpinejar, Fernanda Young, Tati Bernardi, Mario Prata, Marcelo Rubens Paiva 

Dá pra ganhar dinheiro como influenciadora digital? 

Muitos influenciadores ganham bastante dinheiro na rede, mas eu encaro isso daqui como um hobby, quase vício. Eu gosto muito da minha liberdade na rede de falar o que eu penso sem me preocupar com anunciantes e tals... Eu sou seguida por pessoas influentes e poderosas, como o Paulo Coelho, por exemplo. Não gosto de aborrecer meus seguidores com propaganda, já basta o Instagram que tem um anúncio atrás do outro. 

Às vezes aparece alguma campanha, mas eu penso muito antes de aceitar. No final do ano passado, uma agência me procurou pra fazer anúncio de cerveja. Eu não posso falar pra uma criança de 14 anos que cerveja é legal, mesmo porque eu nem gosto, acho amargo. Eu penso que a gente tem que ter alguma ética quando tá lidando com jovens e adolescentes. E não negocio com as hashtags: não acho ético cobrar pra puxar assunto. O Twitter tem um departamento comercial pra isso.


Veja as mensagens carinhosas dos #Detrelovers














Da Redação