quarta-feira, 25 de julho de 2012

Lua Cheia - Capítulo 2


No hotel, Ísis e Osíris se banharam e se amaram mais uma, duas, três vezes. Pareciam se conhecer havia séculos. Ao fim de tudo, resolveram conversar e se conhecer:

- Você disse que denunciou gente grande da ilha... O que foi?
- Eu sou médico infectologista e trabalhava como assistente de um cientista, que queria desenvolver uma vacina polivalente contra infecções.
- Também sou infectologista. O que aconteceu de errado com a vacina?
- Desenvolvi de uma forma que as endemias diminuiriam sensivelmente aqui na ilha, mas esse... Esse... hijo de putana sabotou todas as minhas pesquisas, fortalecendo as bactérias e vírus das vacinas...
- Transformando-as em veneno...
- Exato, esse nojento quer infectar e dizimar a população pobre da ilha porque ali tem uma enorme jazida de petróleo. Além do mais, a indústria farmacêutica iria vender medicamentos mais caros para o governo e assim ganhar dinheiro e comissões em cima da desgraça do povo.
- Isso é muito grave! Você denunciou a quem?
- A quem eu poderia. Governo, Organização Mundial de Saúde, imprensa... Desde a primeira denúncia, estou sendo perseguido, caluniado, ameaçado. Só não cassaram ainda meu diploma de médico porque sou o único que faz alguma coisa pelos pobres da Vila Santa María em meio a essa epidemia.
- Nossa, que horror! Venho do Brasil passar férias e acabo sabendo desse absurdo.
- Mas lá no Brasil você também vê absurdos. Sei porque meu pai também é brasileiro.

Osíris se veste, beija Íris carinhosamente e vai embora. Da janela do hotel, ela o vê partir e pensa em tudo que acontecera nas últimas 24 horas. Ao adormecer, sonha com sua juventude em meio aos livros, lembra de seu passado de menina pobre, de seu juramento na formatura, de seus pais.

Acordando de madrugada, Ísis toma uma decisão. Diante do espelho, ela rasga a passagem de volta ao Brasil e logo cedo, paga a diária do hotel e parte com suas coisas rumo à Comunidade de Vila Santa María.