sábado, 12 de junho de 2021

#RlP Marco Maciel

 

O ex-senador e ex-vice-presidente da República, Marco Antônio de Oliveira Maciel, de 80 anos, morreu na manhã deste sábado (12) em Brasília. Maciel estava acometido pelo mal de Alzheimer, que havia piorado em 2014 e recentemente, havia sido diagnosticado com covid-19, mas teve sintomas leves e pôde ser tratado em casa. O ex-senador deixa esposa, a socióloga Anna Maria Maciel; três filhos, João Mauricio, Cristiana e Gisela; e quatro netos: João Pedro, Luiza, Maria Isabel e Marco Antônio.  

Ele também era membro da Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira nº 39 (antes pertencente ao então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho). É autor de três livros:  Ideias Liberais e Realidade Brasileira (1984); Educação e Liberalismo (1987); Liberalismo e Justiça Social (1987). Também integrava a Academia Pernambucana de Letras.

Trajetória - Formado em Direito, Maciel era professor da Unicap e trabalhou como advogado antes de entrar na politica. Começou sua trajetória pública como liderança estudantil e foi eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco, em 1963, realizando uma gestão que o levaria a romper com a cúpula da União Nacional dos Estudantes. A eleição para a UME contou com o apoio financeiro do IPES - Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, organização de direita criada no fim de 1961. Ainda nos  1960 foi eleito deputado estadual. 

Sua chegada ao Congresso Nacional foi em 1970, ao ser eleito pela primeira vez, deputado federal, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena, que depois se tornaria PDS, em 1980), partido de sustentação ao Regime Militar (1964-1985). Em 1977 foi eleito presidente da Câmara dos Deputados e no ano seguinte, foi nomeado pelo então presidente Ernesto Geisel, como Governador de Pernambuco ("governador biônico", sem ser eleito). Em 1982, fez seu sucessor, Roberto Magalhães e foi eleito senador, retornando a Brasília.

Frente Liberal - Com a redemocratização, Maciel teve seu nome ventilado para ser o sucessor dos governos militares, pois era considerado articulador politico. No entanto, o PDS conseguiu indicar Paulo Maluf para ser o candidato do partido à Presidência da República. Assim, Maciel e outros políticos deixaram o PDS formando a Frente Liberal e em um acordo, apoiariam o PMDB (cujo candidato era Tancredo Neves) em troca da candidatura à vice-presidência e assim, José Sarney - que também era da Frente Liberal e chegou a apoar o nome de Macel - foi o nome escolhido. 

O que se sucedeu depois, tornou-se história: Tancredo faleceu em abril de 1985 e Sarney (que assumira interinamente o Pais no mês anterior) foi empossado Presidente da República. Na Nova República, Marco Maciel assumiu o Ministério da Educação e depois a Casa Civil.

Vice presidência - Na década de 1990, foi aliado de primeira hora do Governo de Fernando Collor de Mello e chegou a ser o líder da bancada collorida no senado. Após romper com Collor em 1992, Maciel foi o nome indicado pelo PFL para ser candidato à vice-presidência da República na chapa de Fernando Henrique Cardoso sendo vice-presidente até 2002. Depois da vice-presidência, voltou ao senado em 2003 e em 2010 tenta a reeleição, mas é derrotado - os vitoriosos naquele ano foram Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB) - e assim, deixa a vida pública depois de décadas em Brasília. 

Políticos lamentaram a morte do ex-senador:

O Partido Progressistas de Pernambuco lamenta profundamente a morte de Marco Maciel, recifense e grande quadro da política nacional.

Homem público honrado, será sempre reconhecido pelo estilo conciliador e por sua grande capacidade pacificadora.

Nosso sentimento de pesar aos familiares, especialmente a esposa Ana Maria e aos três filhos e netos, e aos amigos. Que Deus conforte o coração de todos.

Eduardo da Fonte
Presidente do Partido Progressistas/Pernambuco

Lamento profundamente o falecimento do ex-vice-presidente da República e ex-governador de Pernambuco, Marco Maciel. Um homem que desde muito jovem ocupou funções destacadas e assumiu grandes responsabilidades como deputado estadual, federal, presidente da Câmara, senador, ministro da Educação, além dos cargos anteriormente citados e outras honrosas missões assumidas por ele.

A cidade de Olinda e todos os olindenses têm uma gratidão histórica com Marco Maciel. O nosso título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido pela Unesco, foi obtido em 1982, último ano da administração dele no governo de Pernambuco. Tendo a sua gestão papel importante sobretudo na organização da complexa documentação que sacramentou a Marim dos Caetés como monumento mundial.

Um dos traços mais marcantes da personalidade de Marco Maciel foi a sutileza, que ele soube utilizar junto com o diálogo e a tolerância no bom trato de fazer política. Professor Lupércio Me solidarizo com familiares e amigos de Marco Maciel.

Professor Lupércio
Prefeito de Olinda


Hoje é um dia de tristeza e despedida de um dos homens públicos mais importantes de Pernambuco e do Brasil. Para mim, um líder, um grande amigo meu, de meu pai e de minha mãe, o padrinho de meu marido, uma das minhas principais inspirações na política, Marco Maciel.

Com ele me orgulho de ter aprendido a fazer política com ética, diálogo e respeito à coisa pública. Tive a honra e sorte de ainda jovem vivenciar de perto experiências e exemplos do que na prática é democracia, baseada nos mais nobres preceitos da República: A Escola Macielista.

Foi um homem marcado pela busca do entendimento. Como o próprio dizia, a política nunca foi para ele um exercício ou desfrute de poder. Ele a entendia e praticava como possibilidade de transformar a sociedade. E assim viveu a política defendendo Pernambuco e o Brasil como governador, vice-presidente da República, deputado, senador e ministro.

Marco Maciel também viveu para sua família. Com o coração apertado, deixo meu abraço especial para Anna Maria, seu amor de uma vida inteira, seus filhos Gisela, Cristiana e João Mauricio, em nome de toda a família e a seus inúmeros amigos.

Marco Maciel era imortal da Academia Brasileira de Letras. Não só: em tempos difíceis da política brasileira, é também imortal nos exemplos de como exercê-la. Levantar e honrar o seu legado é um compromisso nosso.

Deputada Estadual Priscila Krause (DEM)

Com a morte de Marco Maciel, o Brasil perde um político que sempre esteve aberto ao diálogo e ao entendimento. Ao longo de sua trajetória como deputado, governador, senador, ministro e vice-presidente da República, defendeu suas posições com ética e elevado espírito público. Características que também o destacaram na Academia Brasileira de Letras. Fica decretado luto oficial de sete dias, em homenagem a esse grande pernambucano

Paulo Câmara
Governador de Pernambuco