quinta-feira, 30 de maio de 2013

Depoimento de torturadas na época da ditadura repercute fora do Brasil

As mulheres que foram torturadas durante a ditadura militar no Brasil, em alguns casos por agentes ainda vivos, depuseram perante a Comissão da Verdade, criada pela presidente Dilma Rousseff para expor as sombras ocultas ainda nesse período.

Dias atrás, a Anistia Internacional pediu à presidente que contou em público, como ele havia sido torturado pelos militares durante os três anos em que esteve presa. Ainda está sendo decidido se ela vai acabar fazendo antes da Comissão concluir o seu trabalho até o final do próximo ano.

Enquanto isso, as histórias das mulheres são de impressionar a opinião pública brasileira. Por causa da lei de anistia selada por ambos os lados terminou a ditadura militar para facilitar a passagem em torno da democracia, mas quem viveu naquela época, conviveu com uma espécie de silêncio sobre os horrores dos anos de terror.

"Eu chorei e pediu-lhes para me matar. Eles estavam rindo. Eles foram os mestres de nossas vidas e mortes ", disse o cineasta, Lúcia Murat, que foi presa por três anos. Tentou o suicídio duas vezes enquanto ele estava presa. "Eu tive a pior sensação da minha vida, para não morrer."

Seu corpo foi parcialmente paralisado em conseqüências da tortura. Além de choques elétricos, enquanto pendurada, os torturadores colocaram baratas em seu corpo (um dos agressores chegou a introduzir uma  barata em sua vagina). Lucia também sofreu o que descreve como "tortura sexual científica".

"Eu estava nua, com um gorro na cabeça, uma corda em volta do pescoço na parte de trás para as mãos, que foram atadas à cintura." Enquanto era estuprada, não podia se defender. "Se eu tentasse mover meus braços para me proteger eu me enforcaria".

A cineasta queria salientar que não contar a sua história aceito por vingança ou masoquismo, mas porque considera "essencial para ter essas coisas e deixar mostram que durante a ditadura no Brasil foram realizadas crimes contra a humanidade".

Outra mulher que fez a sua confissão para os membros da Comissão da Verdade foi a historiadora Dulce Pandolfi, que era um estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco quando foi capturado. Nesse mesmo ano, 1968, ele se juntou ao grupo Ação de Libertação Nacional (ALN), a organização armada esquerda.

Ela foi presa em 20 de agosto de 1970. Lembrou-se da frase que ela ouviu de um soldado no momento em que entrou na delegacia de polícia do Exército: "Não há nenhum Deus, nenhum país, nenhuma família. Apenas nós. "

Durante uma das sessões de tortura desmaiou. Eles chamaram o médico que examinou e os torturadores disseram: "Ainda perdura. Eles podem continuar ".

"Uma vez eu fui usada como cobaia em uma aula para alunos de torturadores. Ela ouviu enquanto o enforcamento: ". Este é o mais eficaz" No final da aula eles disseram que estavam indo para correr ", eu levantei o capô, eles me mostraram um revólver com apenas uma bala e foram brincar de roleta russa."

A estudante universitária, em seguida, passou por várias prisões. No total, foi presa e torturada durante um ano e quatro meses. "É difícil lembrar que a situação, mas é essencial para que possamos construir uma sociedade mais justa e humana", disse ele no momento da aposentadoria, visivelmente emocionada, antes de toda a Comissão da Verdade.

Pela Lei da Anistia ser constitucional, não se podem condenar torturadores ainda vivos. A Comissão pretende lançar luz somente sobre esses eventos, muitos deles desconhecidos até hoje.

El País - Espanha