quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Exploração sexual infantil pode aumentar na Copa e Olimpíadas, alerta estudo


Um estudo que mapeia a relação entre o turismo de lazer e a exploração sexual de menores no Brasil mostra que os riscos de um aumento do turismo sexual infantil no país durante a realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 são grandes. Algo que a gente já imaginava que poderia vir no pacote Copa/Olimpíadas, mas que agora está comprovado em números. Os resultados do estudo mostram que, para cada 372 turistas internacionais, há pelo menos uma denúncia de exploração sexual infantil. Quando a gente lembra que nem tudo vira denúncia, bate uma tristeza maior ainda.
Como o Ministério do Turismo prevê cerca de 600 mil turistas estrangeiros só na Copa do Mundo, a conta chegaria então a aproximadamente 1.600 crianças em situação de exploração sexual neste evento. Minha aposta é que as Olimpíadas devem atrair um número maior ainda, pelo caráter do evento.
O estudo foi divulgado nesta terça-feira durante o seminário internacional “Turismo Sexual Envolvendo Crianças e Grandes Eventos Esportivos”, em Paris. Coordenado pelo pesquisador Miguel Fontes, do Serviço Social da Indústria (Sesi), o estudo analisou o número de entradas de turistas estrangeiros em São Paulo e na Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de exploração sexual infantil nos dois estados na época.
Miguel falou sobre estes resultados à BBC:
“Na Bahia, onde o turismo é de lazer, os resultados demonstram que para cada 372 turistas internacionais, houve aumento de uma denúncia de exploração sexual de crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negócios é maior, somente com o aumento de 2,5 mil turistas se detecta o aumento de uma denúncia de exploração sexual infantil”, diz Fontes.
“A exploração sexual de crianças e adolescentes está ligada às atividades turísticas de lazer, por isso podemos projetar que a realização de grandes eventos esportivos mundiais, ao promover um aumento do fluxo de pessoas [para o Brasil], pode ampliar o número de casos desse tipo”.
O estudo ainda atesta que as crianças exploradas sexualmente no Brasil têm por volta de 11 anos, sendo a maioria delas meninas (quatro em cada cinco casos) e a Região Nordeste concentra 37% dos casos.
Para chamar atenção para a questão, ONGs como a End Child Prostitution, Child Pornography and Trafficking of Children for Sexual Purposes (Ecpat France) e a Fondation Selles vão lançar a campanha “Não desvie o olhar” no ano que vem. Ela deverá focar na conscientização e no combate ao crime e será realizada em parceria com a rede hoteleira e companhias aéreas. As ONGs ainda irão alertar os turistas de que eles podem ser julgados em seus países de origem, uma vez que crimes sexuais se enquadram em acordos internacionais. 

Portal Jezebel