Brasília - Comprar eletrodomésticos, carro e casa própria. Esses são alguns dos benefícios que passaram a fazer parte da vida dos 81 agricultores da Associação dos Produtores da Agrovila Formosa (Agroform), na Grande Dourados, região atendida pelo programa nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania, em Mato Grosso do Sul. Há cerca de dez anos, o grupo produzia com baixa qualidade e, por não ter para quem vender, ficava nas mãos de atravessadores. A reviravolta ocorreu quando a instituição passou a apoiá-los, na comercialização, na gestão e na produção.
O trabalho na localidade teve início em 2009. Este ano, o projeto, que dará continuidade às ações já desenvolvidas, foi aprovado pelo Sebrae. A proposta é promover o desenvolvimento econômico em 12 municípios do estado, no prazo de três anos, até o primeiro semestre de 2014. A expectativa é atender 2.154 empresas rurais e urbanas de pequeno porte.
Ao todo são 81 produtores, que atuam direta ou indiretamente na Agrofon. Eles produzem 15 itens, entre alface, mandioca, café, couve-flor, cenoura, rúcula, milho verde, gergelim, mel, frutas e até arroz preto. A produção atual é de 30 toneladas de alimento por semana, com destino garantido. A maior parte, aproximadamente 12 toneladas, vai para o Mesa Brasil, programa de segurança alimentar e nutricional sustentável do Serviço Social do Comércio (Sesc). O restante segue para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), merenda escolar e mercado atacadista local.
Foco - Mas nem sempre foi assim. Cansados de serem explorados por atravessadores, sem perspectiva de mercado, os produtores buscaram apoio do Sebrae. “Atuamos com foco na melhoria da produção, a partir do trabalho de apoio à certificação de produtos orgânicos. Hoje, 18 produtores já possuem essa certificação e a meta é que até 2012 esse número chegue a 41”, explica o gestor do projeto Territórios da Cidadania na Grande Dourados, Vamilton Furtado dos Santos Junior.
A comercialização também foi trabalhada. “Prospectamos mercados, tanto local quanto em outras localidades, via projeto Comércio Brasil, que aproxima pequenas empresas de canais de comercialização”. Segundo Vamilton, há um agente de comercialização responsável por buscar potenciais compradores para a produção da Agroforn.
Por meio do Sebraetec, outro programa da instituição, foram desenvolvidas embalagens com designer inovador para os produtos. “Os produtores agora trabalham para conseguir o código de barras para as embalagens. Isso agrega valor ao produto”, afirma.
O presidente da Agroform e produtor, Juracir Gomes de Souza, lembra que, a partir do trabalho do Sebrae na região, houve uma melhora na qualidade de vida das pessoas, conseqüência do aumento da produtividade, de ganhos e do poder aquisitivo dos produtores. “Aqui o Sebrae iniciou do zero. Não tínhamos estímulo para trabalhar porque não havia para quem vender a produção, que era pouca e de baixa qualidade.
Hoje cada um tem seu carro, sua casa, seus eletrodomésticos. Antes não tínhamos condições de comprar nem uma bicicleta”, afirma. Juracir conta que, antes, sua renda não chegava a um salário mínimo. Hoje ele tem líquido, no fim do mês, cerca de R$ 2 mil. “Tivemos vários encontros com o Sebrae e fizemos vários cursos sobre associativismo, plantio, gestão e comercialização”, disse. Ele ressalta como o grupo de produtores era explorado pelos atravessadores. “Pelo alface, que hoje vendemos ao preço justo de R$ 1, o atravessador pagava R$ 0,50. Uma caixa de mandioca, vendida atualmente por R$ 17, rendia apenas R$ 5 para os produtores”, relata.
Agência Sebrae
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