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Foto: Silvio Tanaka - Wikimedia Commons |
Nascido e criado em Madureira, bairro tradicional da zona norte carioca, Arlindo Cruz construiu uma carreira marcada por inovação, lirismo e profunda ligação com as raízes do samba. Influenciado pelo pai, Arlindão, iniciou sua trajetória musical ainda na adolescência, tocando cavaquinho e participando de rodas de samba.
Nos anos 1970, foi um dos fundadores da roda de samba do Cacique de Ramos, onde introduziu o banjo como instrumento no gênero e ajudou a formar o grupo Fundo de Quintal. Com o grupo, gravou clássicos como Nos pagodes da vida, O mapa da mina e Seja sambista também, consolidando-se como referência do chamado “samba de raiz”.
Em carreira solo, iniciada em 1993, Arlindo lançou nove álbuns e emplacou sucessos como Saudade louca e Só pra contrariar. Ao lado do parceiro Sombrinha, formou uma das duplas mais prolíficas do samba moderno. Ao todo, são mais de 795 músicas registradas, interpretadas por nomes como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Mart’nália e Alcione.
Arlindo também teve forte atuação no carnaval carioca, como integrante da Ala de Compositores do Império Serrano, assinando sambas-enredo marcantes como Jorge Amado, Axé Brasil (1989) e O tempo não para (1995). Compôs para outras escolas como Grande Rio, Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu.
Casado com a produtora Babi Cruz, com quem viveu por mais de 26 anos, Arlindo era pai de Arlindinho, que segue os passos do pai na música, e de Flora Cruz. Após o AVC em 2017, o artista enfrentou uma longa batalha contra as sequelas da doença, permanecendo sob cuidados médicos e recebendo homenagens por todo o país.
Mesmo afastado dos palcos, Arlindo Cruz manteve-se como símbolo do samba brasileiro. Sua obra, marcada por poesia, malandragem e consciência social, segue viva nas rodas de samba, nos desfiles e na memória afetiva de milhões de brasileiros.