Desenvolver estratégias escaláveis a médio e longo prazo, a fim de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e adaptar as diferentes realidades aos efeitos das mudanças climáticas. Foi com essa proposta que Pernambuco foi a Berlim, Alemanha, no início de junho, através da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, participar da Conferência Global sobre as NDCs.
O fórum acontece a cada dois anos para realinhar perspectivas para o avanço das metas climáticas. As NDC’s (Contribuições Nacionalmente Determinadas, em tradução livre) são os compromissos estabelecidos por cada país para contribuir com o alcance do Acordo de Paris - tratado assinado em 2015 em que as nações se comprometem a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
“O mundo tem avançado na implementação da agenda climática, mas esse esforço ainda não é o suficiente, precisamos aumentar a ambição e escalar ações a fim de revertermos a curva de emissões de gases de efeito estufa em tempo de evitar catástrofes maiores. A Conferência Global sobre as NDCs reuniu diversos atores e setores, como nações, governos subnacionais, especialistas, jovens e iniciativa privada, para conjuntamente debaterem estratégias para o avanço na elaboração e implementação de compromissos climáticos justos, viáveis e financiáveis”, explicou a Gerente Geral de Mudanças Climáticas da Semas-PE, Samanta Della Bella.
A especialista da Semas-PE integrou a comitiva do Under 2 Coalition - coalizão de estados comprometidos com as metas climáticas globais, que tem sido uma importante rede de apoio ao papel estratégico dos estados e regiões na trajetória global rumo à neutralidade de carbono.
“É de extrema relevância a participação do estado nestas discussões no sentido de catalisar a implementação das ações de descarbonização e adaptação aos eventos extremos, de acordo com a realidade local”, afirmou.
A política de mudança do clima existe em Pernambuco desde 2010. De lá pra cá, foram realizadas ações, estudos e planos visando a mitigação das emissões de GEE e a adaptação aos efeitos da mudança climática, especialmente de regiões mais vulneráveis do estado. Entre elas, destacam-se:
_ Atlas de vulnerabilidade à erosão costeira e mudanças climáticas em Pernambuco (2015)
_ Zoneamento das Áreas Suscetíveis à Desertificação de Pernambuco (2020)
_ Inventário de Gases de Efeito Estufa de Pernambuco (2019 e atualizado em 2022)
_ Adesão à campanha global da ONU, intitulada Race to Zero, para uma recuperação saudável, resiliente e zero de carbono, que evite ameaças futuras, crie empregos decentes e desbloqueie um crescimento inclusivo e sustentável
_ Plano de Descarbonização de Pernambuco (2022)
_ Criação do Comitê Pernambuco Carbono Neutro, responsável pela implementação e monitoramento do Plano (2022)
“Durante a conferência, conseguimos dar voz às demandas estaduais e destacá-las junto à comunidade internacional e também junto aos representantes do Governo Federal, tanto do Ministério do Meio Ambiente, quanto do Ministério das Relações Exteriores. Enfatizamos a necessidade do envolvimento do governo estadual na discussão das metas e na implementação dessas ações para que possamos ser consistentes e termos escala. A integração multinível é essencial para o avanço das ações climáticas, precisamos garantir espaço neste debate, e contribuir para que as ações e recursos tenham de fato a capilaridade necessária”, disse Samanta Della Bella.
Entre as pautas, foi destaque a necessidade de alinhamento das metas climáticas das NDCs com o financiamento, inclusive o privado, sendo imperativo o envolvimento das áreas governamentais que lidam com desenvolvimento econômico e finanças. As ações relacionadas às mudanças climáticas não podem mais estar restritas às áreas de meio ambiente.
“Também tivemos muitos exemplos de como outras regiões estão lidando com as necessidades de implementar as ações climáticas e aumentamos bastante a rede de contatos. Tivemos algumas conversas fundamentais, como com o Banco Europeu de Investimentos, que está disposto a nos apoiar e ajudar na captação de recursos para adaptação dos municípios”, adiantou a gerente.
*Sobre a Coalizão Under 2*
A Under2 Coalition é a maior rede global de estados, regiões, províncias e outros governos subnacionais comprometidos em alcançar emissões líquidas zero até 2050. A coalizão reúne mais de 270 governos que representam 1,75 bilhão de pessoas e 50% da economia global.
A rede é secretariada pelo Climate Group, que vem apoiando os governos a acelerar sua ação climática através de quatro caminhos principais: trajetórias de descarbonização, ação política, transparência e diplomacia, promovendo a liderança estadual e regional para influenciar as agendas climáticas nacionais.
Pernambuco passou a integrar a Coalizão Under 2 em 2018, quando foi contemplado com o Projeto Pegada Climática. O Under 2 Coalition vem possibilitando a participação de Pernambuco em importantes eventos, contribuindo com a troca, capacitações e estabelecimento de rede de contatos.
Imprensa Semas PE