Florestano de nascimento e criado em Tacaratu, Rinaldo
Ferraz poderia ser visto fazendo projetos elétricos ou advogando nos fóruns da
vida, já que fez duas importantes faculdades: Engenharia Elétrica e Direito.
Mas um trio foi fundamental para ele tomar outro rumo de vida: o trio de Forró
Pé-de-Serra, onde a batida da zabumba se fez ritmo em seu coração. E o cabra
entende de forró. Sabe de cor quem são os compositores, conta histórias maravilhosas
e canta as letras enquanto trabalha.
O homem é tão apaixonado pelo forró raiz que, enquanto eu
estava editando esta matéria, ele transmitia ao vivo pelo Youtube e
acompanhando os músicos, cantando e conversando com quem estivesse vendo pela
rede social – detalhe: muita gente com vontade de estar na Sala de Reboco, o
grande point de forró do Recife.
1) Você é engenheiro de formação. Como o forró acabou sendo
determinante pra sua trajetória de vida?
Sou engenheiro eletricista e advogado, mantenho meu CREA/PE
e AOB/PE em dias, mas a paixão pelo forró vem de minha infância. Sou natural do
sertão pernambucano. Nasci na cidade de Floresta e foi criado em Tacaratu até
os meus 14 anos, ouvindo muito forró pé-de-serra (Luiz Gonzaga, Marinês,
Dominguinhos, Trio Nordestino, entre
outros). Muito cedo sai da casa de meus pais para estudar em Recife. O amor
pelo forró veio das minhas raizes.
2) Como foi o desafio duplo de empreender e ao mesmo tempo,
divulgar o forró pé de serra?
O desafio foi grande, pois, em 1999, quando criei a Sala de
Reboco, era o auge das bandas do chamado “forró estilizado “, e muitos me
taxaram de “doido” por andar na contramão da “moda” do forró. Ocorreu
exatamente o contrário: as pessoas estavam com saudades do forró original e
abraçaram a causa de forma surpreendente!
3) Que momentos foram mais desafiadores para a Sala de
Reboco?
A Sala de Reboco, apesar de ser um ambiente bem simples,
exigiu um investimento financeiro alto. Não foi fácil… Comecei com capital
próprio, e o restante a própria Casa me trouxe. Foi um longo período de
trabalho, revertendo todo o lucro na própria Casa, mas valeu muito à pena.
4) Quais shows foram mais emocionantes?
Sempre costumo brincar e dizer que, na Sala de Reboco, só
não cantou GONZAGÃO, pois tinha falecido 10 anos antes do surgimento da Casa! Muito
rapidamente tivemos renomados artistas em nosso palco, a exemplo de:
Dominguinhos, Marinês, Trio Nordestino, Amelinha, Elba Ramalho, Assisão, Genival
Lacerda, Amazan, etc…
5) Por que o nome "Sala de Reboco"?
O nome Sala de Reboco veio de uma inspiração na música
“Numa Sala de Reboco “, parceria do poeta ZÉ MARCOLINO com Luiz Gonzaga. Certa
vez, observando a decoração da Casa, pensei: “este ambiente está parecendo uma
casa de reboco, daquelas lá do sertão, onde nasci…”. Daí veio de imediato a
música na minha mente. Falei pra mim mesmo: “esta será uma Sala de Reboco !”
Para o período junino, ficamos sempre esperando artistas
renomados que estejam nas proximidades, para trazê-los para “presentear” nossos
clientes, mas também damos oportunidades a artistas iniciantes, observando
novos talentos. Já estamos com uma grande atração para a abertura do período
junino: a dupla cearense “SIRANO & SIRINO”, dia 02 de junho! E viva o
forró!!
Bora assistir o vídeo, que estava passando na mesma hora da publicação da matéria?