sábado, 27 de maio de 2023

Todo tempo para ele é pouco quando ele está na Sala de Reboco

 

Florestano de nascimento e criado em Tacaratu, Rinaldo Ferraz poderia ser visto fazendo projetos elétricos ou advogando nos fóruns da vida, já que fez duas importantes faculdades: Engenharia Elétrica e Direito. Mas um trio foi fundamental para ele tomar outro rumo de vida: o trio de Forró Pé-de-Serra, onde a batida da zabumba se fez ritmo em seu coração. E o cabra entende de forró. Sabe de cor quem são os compositores, conta histórias maravilhosas e canta as letras enquanto trabalha.

O homem é tão apaixonado pelo forró raiz que, enquanto eu estava editando esta matéria, ele transmitia ao vivo pelo Youtube e acompanhando os músicos, cantando e conversando com quem estivesse vendo pela rede social – detalhe: muita gente com vontade de estar na Sala de Reboco, o grande point de forró do Recife.


Aos 54 anos, a história de Rinaldo Ferraz se confunde com a da Sala de Reboco, que já recebeu tantos artistas do ramo. “Gonzagão só não tocou aqui porque inauguramos a casa 10 anos depois da partida dele”, lamenta Ferraz. Mas outros artistas igualmente saudosos como Dominguinhos (1941-2013) e Marinês e Sua Gente (1935-2007) tocaram na Sala de Reboco e sim, nessa foto ao lado são esses dois artistas ao lado do Rinaldo. Mas todo final de semana só tem artista arretado tocando na casa. Eu conheci o Rinaldo durante a cerimônia em homenagem aos 60 anos de carreira do forrozeiro Assisão, ou seja, não tinha como ser diferente, tendo o forró como trilha sonora. E assim foi: combinamos de fazer a entrevista, que você vai ler a partir de agora.

1) Você é engenheiro de formação. Como o forró acabou sendo determinante pra sua trajetória de vida?

Sou engenheiro eletricista e advogado, mantenho meu CREA/PE e AOB/PE em dias, mas a paixão pelo forró vem de minha infância. Sou natural do sertão pernambucano. Nasci na cidade de Floresta e foi criado em Tacaratu até os meus 14 anos, ouvindo muito forró pé-de-serra (Luiz Gonzaga, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino,  entre outros). Muito cedo sai da casa de meus pais para estudar em Recife. O amor pelo forró veio das minhas raizes.

2) Como foi o desafio duplo de empreender e ao mesmo tempo, divulgar o forró pé de serra?

O desafio foi grande, pois, em 1999, quando criei a Sala de Reboco, era o auge das bandas do chamado “forró estilizado “, e muitos me taxaram de “doido” por andar na contramão da “moda” do forró. Ocorreu exatamente o contrário: as pessoas estavam com saudades do forró original e abraçaram a causa de forma surpreendente!

3) Que momentos foram mais desafiadores para a Sala de Reboco?

A Sala de Reboco, apesar de ser um ambiente bem simples, exigiu um investimento financeiro alto. Não foi fácil… Comecei com capital próprio, e o restante a própria Casa me trouxe. Foi um longo período de trabalho, revertendo todo o lucro na própria Casa, mas valeu muito à pena.

4) Quais shows foram mais emocionantes?

Sempre costumo brincar e dizer que, na Sala de Reboco, só não cantou GONZAGÃO, pois tinha falecido 10 anos antes do surgimento da Casa! Muito rapidamente tivemos renomados artistas em nosso palco, a exemplo de: Dominguinhos, Marinês, Trio Nordestino, Amelinha, Elba Ramalho, Assisão, Genival Lacerda, Amazan, etc…

5) Por que o nome "Sala de Reboco"?

O nome Sala de Reboco veio de uma inspiração na música “Numa Sala de Reboco “, parceria do poeta ZÉ MARCOLINO com Luiz Gonzaga. Certa vez, observando a decoração da Casa, pensei: “este ambiente está parecendo uma casa de reboco, daquelas lá do sertão, onde nasci…”. Daí veio de imediato a música na minha mente. Falei pra mim mesmo: “esta será uma Sala de Reboco !”

 6) O que podemos esperar para o período junino?

Para o período junino, ficamos sempre esperando artistas renomados que estejam nas proximidades, para trazê-los para “presentear” nossos clientes, mas também damos oportunidades a artistas iniciantes, observando novos talentos. Já estamos com uma grande atração para a abertura do período junino: a dupla cearense “SIRANO & SIRINO”, dia 02 de junho! E viva o forró!!

Bora assistir o vídeo, que estava passando na mesma hora da publicação da matéria?