domingo, 26 de julho de 2020

Entrevista Especial: Padre Cosmo

Todas as noites, às 18h, muitas famílias - a minha inclusive, rs - se reúnem para rezar a Hora da Ave Maria ao redor do rádio. Na rádio Music FM do Recife, quem faz a oração é o Padre Cosmo Francisco do Nascimento no quadro O Poder da Oração. Direto de Roma, na Itália, onde faz estudos de Mariologia, Padre Cosmo pede pelos que sofrem com problemas da vida atual, como a depressão e a violência. Durante a Pandemia do novo coronavírus, o sacerdote faz orações em favor de todos que sofrem desse mal, dos que trabalham na linha de frente no combate ao Covid-19 e para que todos sigam firmes e fortes em meio à quarentena e aos consequentes sofrimentos das pessoas nessa fase difícil da humanidade.

História - Padre Cosmo, 51 anos, nasceu em Aroeiras, na Paraíba e foi ordenado padre em março de 1997 e atuou nas paróquias de Santa Terezinha (Bonanza- PE), São Pedro Mártir (Olinda - PE), Nossa Senhora dos Remédios e Nossa Senhora da Paz, no Recife - PE. Atualmente, Padre Cosmo está em Roma, para estudar Mariologia (estudos teológicos sobre Maria, mãe de Jesus) e a defesa de sua tese está prevista para outubro. "Se Deus quiser, no final de outubro, eu quero voltar ao Recife, que estou com muita saudade do meu povo e da minha família que eu amo".  Em entrevista exclusiva para o blog, Padre Cosmo fala sobre seu trabalho no rádio, sua estada em Roma, sua história de vocação e uma mensagem para nossos leitores.

1) De que forma surgiu a ideia de fazer um momento religioso no rádio? 
Comecei na Rádio Olinda, em 2011. Houve um pedido do arcebispo, ele disse: Padre, você que é muito comunicativo, as pessoas gostam muito da sua pessoa, faça um programa na rádio. Falei para ele que não tinha preparação, conhecia muito pouco e só tinha feito uma disciplina de Rádio e Tv quando estudei na Faculdade Católica de Salvador. Ele me falou para ir assim mesmo, porque as pessoas iam me ouvir e isso era importante. Então, eu fui, comecei a trabalhar na rádio de maneira voluntária, a pedido do Bispo Diocesano Dom Fernando Saburido. Foi muito bom, uma experiência que até hoje tenho saudade, estou feliz porque soube que até hoje os programas são reprisados e as pessoas acompanham. O nome do programa se chama “Falando com Deus”. 

2) Como é seu trabalho eclesiástico aí em Roma? 
Aqui em Roma, a missão é estudar, eu vim fazer um mestrado em Mariologia. De início, pensava em fazer um doutorado, mas chegando aqui, a bolsa (de estudos) que Dom Fernando pediu não saiu, não sabia que tinha uma idade e só dão bolsas aos estudantes até os quarenta anos, eu já passei dos quarenta. Foi a venda dos livros e de um grupo de amigos que me ajudaram a pagar os custos da casa onde eu moro. Mensalmente, pagamos mil e duzentos euros a estadia aqui na casa do Colegio Pio Brasileiro, em Roma, na via Aurelia, só para padres, tem as freiras que colaboraram e tem a equipe de formação, é muito organizado. A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) que são responsáveis por esse colégio, assim a missão mesmo é estudar, então estou estudando. Terminei a licença, estou aguardando a correção da minha tese para apresentá-la em outubro e se Deus quiser, no final de outubro, eu quero voltar ao Recife, que estou com muita saudade do meu povo e da minha família que eu amo. 

3) O senhor pode nos contar sobre sua trajetória? 
Desde cedo tinha vocação para ser padre. Desde criança, eu lembro que ficava olhando o famoso quadro de Leonardo Da Vinci, A Santa Ceia. Esse quadro é muito comum aqui em Roma, por sinal comprei um e tenho vontade de ir a Milão, onde o quadro original está, mas com a pandemia não podemos viajar muito. Quando era criança, via Jesus falando e os discípulos parados, minha mãe dizia que eu estava com fome. Depois que cresci, entendi que a missa é isso, as vezes o padre está sempre falando, orando e os fiéis observando. Minha trajetória foi estudando, pertenci à diocese de Nazaré da Mata, depois fui para Olinda e Recife, passei um ano em Salvador/BA, voltei para Olinda e Recife, onde fui ordenado Padre há 24 anos, uma trajetória muito abençoada por Deus. Sou muito feliz por ser Padre, mesmo com os altos e baixos, até porque nós padres também sentimos dor, choramos, somos machucados por palavras de pessoas que ferem a gente, mas por outro lado, temos uma vida abençoada por Deus. Nas orações que faço a Deus, sinto que ele me atende e fico feliz por essa graça. Como devoto de Maria Santíssima e São José, pude perceber quão poderosa é essa mulher, a Virgem Maria, que ainda é uma mulher desconhecida na humanidade, se soubéssemos o poder que ela tem, recorreríamos a Deus através da Virgem. E por que a Virgem? Por que não ir direto a Jesus? Ela é chamada de cheia de graça, porque ela é mergulhada na graça de Deus. Se somos plenos de amor, damos amor, se somos plenos de alegria, damos alegria, se estamos cheios de tristeza, damos o que temos. Não é à toa que praticamente o mundo inteiro mantém o cristianismo. Maria é muito cultuada, amada e venerada, não como uma deusa, mas como uma pessoa que está próxima de Deus, que pode nos ajudar e que já temos milhares de testemunhas que foram agraciadas por Deus através da Virgem Santíssima. 

4) E como o senhor descobriu sua vocação? 
A gente morava no interior, no Alto do Sertão, em Custódia. Eu não frequentava a igreja, fiz minha primeira comunhão aos 10 anos, porque era muito longe, a cidade tinha três léguas de distância, então a gente participava da missa pela Rádio Cultura, todo sábado. Minha mãe acendia uma vela, abria o santuário com as imagens dela e ali ligava na Rádio Cultura, não sei se existe ainda essa rádio. Era bonito, era uma festa especial, depois rezava o Santo Terço, tomava um suco com Bolacha Maria, depois rezava a oração Salve Rainha, com todo mundo sentados em uma esteira, porque éramos muitos, nós somos em quinze. Deus já levou minha mãe, hoje meu pai está com noventa e quatro anos e está com câncer, e assim é a vida, mas eu sou realmente muito abençoado por Deus e sou feliz por ser Padre. Se eu nascesse de novo, queria ser Padre, apesar dos desafios e dos espinhos, às vezes a gente esquece que o próprio Cristo recebeu uma coroa de espinhos para dizer que quem segue o caminho de Cristo e recebe a coroa de espinhos, não de rosas. É ilusão pensar que a vida da gente é um mar de rosas ou que se deve receber coroa de rosas. O Cristo recebeu uma coroa de espinhos para mostrar a humanidade que quem ama Jesus de verdade, quem vive no amor e para o amor passa pelos espinhos, ou seja, ninguém consegue a glória sem o sofrimento, sem a batalha, a conquista sem uma luta, assim é a vida de cada cristão e de cada ser vivo que está na face da Terra. 

5) Pra finalizar, uma mensagem para nossos leitores 
Uma mensagem que gosto muito de Santa Teresa de Jesus, uma santa mística que vivia na Idade Média, diz assim: Nada te perturbe, nada te espante, a paciência tudo alcança, quem tem Deus nada lhe falta, só Deus basta. Outra mensagem é um convite. As pessoas precisam rezar mais, não deixe de rezar, lute mais, se esforce mais na vida espiritual para crescer. No Evangelho de São Lucas, diz que Jesus Cristo tem sabedoria, santidade e graça, assim todos nós somos obras das mãos de Deus, como seres que carregam a semelhança, imagem de Deus, na alma e no coração. Quando a gente ama, também devemos crescer em saúde, santidade e graça, é Deus que nos concede. A palavra devoção vem do grego tornar-se amigo, dedicar-se. Se você tem uma pessoa amiga de verdade, ela vai lhe ajudar nas horas que você mais precisar. Não esqueçam de ter devoção à Virgem Santíssima, rezar diariamente o Santo Terço, tem orações belíssimas como o Ofício da Virgem Santíssima, rezar os Salmos, rezar o Santo Evangelho, rezar doze Pai-Nossos, doze Ave-Marias ou ainda o Magnificat. São orações importantes, que devemos ter se queremos mesmo estar em comunhão com o céu. Com Deus, devemos buscar as coisas de Deus também.

Serviço:
O Poder da Oração
De segunda a domingo - 18h
Rádio Music FM - 88,7 MHz (Recife e Região Metropolitana
Rádio Music FM - Aplicativo (disponível em lojas de apps)