A médica psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) revolucionou o tratamento mental no Brasil, com a inclusão da Arte como terapia. Era completamente contrária a métodos violentos de tratamento como eletrochoques e lobotomia e também enxergou benefícios terapêuticos no convívio de pacientes com animais. Nascida em Maceió, filha de um jornalista e professor com uma pianista, era considerada uma estudante muito dedicada. Quando se formou na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1931, foi a única mulher de sua turma. Ela também foi militante do PCB e uma das poucas mulheres a assinar o "Manifesto dos trabalhadores intelectuais ao povo brasileiro". Pouco tempo depois, foi presa após ser denunciada, por uma enfermeira, de ter livros marxistas em casa, sendo encarcerada por um ano e meio. Em 1944, retomou seu trabalho na psiquiatria e por recusar-se a dar eletrochoques em pacientes, foi transferida para o setor de Terapia Ocupacional do Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, considerado um setor inferior. Mas em vez de colocar os internos para fazerem faxina, construiu ateliês de pintura e escultura e assim, revolucionou a Psiquiatria no Brasil. As obras dos pacientes passaram a ser expostas no Museu do Inconsciente, fundado em 1952 e que hoje em dia, abriga mais de 350 mil obras artísticas de pacientes.