Podcast Taís Paranhos

quarta-feira, 8 de março de 2017

#DiaDaMulher - Ana Lídia

Ana Lídia Braga, de sete anos, foi assassinada brutalmente no dia 12 de setembro de 1973. Seu corpo foi encontrado num matagal próximo à Universidade de Brasília. O cadáver desenterrado e encontrado por policiais estava com os cabelos cortados, rente ao couro cabeludo, cheio de escoriações e pancadas. Ela estava nua e com sinais de violência. Laudo do IML atestou que ela fora estuprada depois de morta.

Segundo o blog Perseguição Arquivística, antes de ser assassinada, Ana Lídia foi torturada. Seus cabelos loiros foram cortados de forma irregular, bem rente ao couro cabeludo. Os cílios da metade interna da pálpebra superior esquerda foram arrancados. Havia escoriações e manchas roxas por todo o corpo, sinais de que ela foi comprimida ou arrastada pelo cascalho. 

O laudo do exame cadavérico, realizado em 12 de setembro, constata que Ana Lídia foi estuprada depois de morta, por apresentar lesões características post-mortem. A vagina e o ânus ficaram dilacerados. No local foram encontradas duas camisinhas usadas e papel higiênico com esperma. Laudos do Instituto de Medicina Legal e do Instituto de Criminalística comprovariam depois que os espermas eram de uma mesma pessoa. Ana Lídia foi morta entre 4h e 6h da manhã do dia 12 por asfixia. Ela teve o rosto comprimido contra a terra, sem chances de respirar pela boca e nariz. Ela passou 17 horas com o assassino.

Com o andamento das investigações, começaram a aparecer os suspeitos. O irmão da vítima, Álvaro Henrique Braga, junto de sua então namorada, Gilma Albuquerque, venderam a menina a traficantes e, entre eles estava Raimundo Lacerda Duque, o algoz da pequena Ana. Duque era funcionário público e trabalhava subordinado à mãe de Ana Lídia. Outros nomes, como Alfredo Buizaid Junior (Buzaidinho), filho do então ministro da justiça; Eduardo Eurico Rezende (Rezendinho), filho do senador Eurico Rezende (Arena-ES) e um filho do ex-ministro Jarbas Passarinho, cujo nome não foi mencionado à época.

Vendo que os nomes de pessoas influentes da época estavam aparecendo e despertando o interesse da imprensa e da opinião pública, o Departamento de Censura da Polícia Federal divulgou o seguinte comunicado aos veículos de comunicação de todo o País: "De ordem superior, fica terminantemente proibida a divulgação através dos meios de comunicação social escrito, falado, televisado, comentários, transcrição, referências e outras matérias sobre caso Ana Lídia".

Raimundo Lacerda Duque, apontado como o assassino de Ana Lídia, era álcoolatra e viciado em drogas. A justiça acabou absolvendo-o por falta de provas. Ele morreu de câncer, em 2005, aos 64 anos. Álvaro Braga, também absolvido, hoje é médico e mora no Rio de Janeiro. Não se soube de maiores informações de como está Gilma Albuquerqre hoje.

O crime prescreveu em 1993.

O túmulo de Ana Lídia é um dos mais visitados em Brasília, no dia de Finados.