No outro dia, seria a reunião da banda, que finalmente iria gravar o primeiro DVD. As músicas ainda estavam sendo escolhidas, e seria a oportunidade de Jefferson mostrar a música que tinha feito para a sua amada. Com trechos cantados em japonês, deixou os colegas boquiabertos. Apolo, embora tenha gostado da música , sentiu ciúmes. Mesmo assim, disse que seria uma das principais músicas do DVD, até porque iria conquistar o público otaku (fãs de desenhos japoneses, chamados animes e se fantasiavam em jogos, chamados cosplay).
Apolo aproveitou e mostrou a música que tinha feito para ser o carro-chefe do DVD, com direito a clipe produzido: A história de Apolo e Jacinto, baseada na mitologia. Primeiro, cantou a música, toda em grego. Depois contou a história:
- Quis mesmo aproveitar meu nome, que é baseado no nome desse deus. O Apolo era um deus grego, que havia se apaixonado por um jovem chamado Jacinto. Eles estavam praticando lançamento de disco quando o vento trouxe o disco de volta, atingindo em cheio a cabeça do Jacinto, que morreu na hora. Apolo, por ser um deus, era imortal e não poderia morrer com ele. Aí, ele criou flores que mais pareciam sangrar, em homenagem a Jacinto e deu a elas o nome de Amor Perfeito...
-... Que não por acaso é o nome da nossa banda! – disse Jefferson – Que demais, cara! Já tô imaginando esse vídeo, eu seria o Jacinto, vai bombar esse vídeo, vai ser show de bola!
Nisso, os demais integrantes não paravam de falar e muitas idéias surgiram dessa agitação. Até sugeriram que a banda toda se vestisse de trajes gregos pra fazer o cosplay de Apolo e Jacinto. Apolo anotava tudo, para elaborar a produção das fotos e do vídeo da música principal. E já estava para acertar o lançamento do primeiro single, nas rádios da cidade.
E os dias foram passando, a banda ensaiava, e claro, as roupas estavam sendo criadas por Jeniffer, Afrodite e Maria San. Todos estavam loucos pra ver o lançamento do clipe, que seria uma prévia da gravação do DVD. As músicas principais, claro, eram “A história de Apolo e Jacinto” e “Tōyō no utsukushii purinsesu” (literalmente: “Linda Princesa do Oriente”)
E finalmente, chegou o dia em que o vídeo seria lançado, com Jefferson no papel de Jacinto. A proposta polêmica aliada à criatividade da banda fez com que as rádios não parassem de tocar e a internet bombou de acessos.
Mas quem teve um acesso de raiva foi Jerson, que foi zoado no trabalho o dia todo, porque o filho dele havia “saído do armário”. Roberto Ni foi o único a defender o amigo, pois sabia do amor de Jefferson por sua filha. Mas...
Família assistindo o clipe pela milionésima vez, de repente Jerson chega, chutando a porta e gritando palavrões. Jeniffer, Jéssica, Jemima, Afrodite e Maria correram para o quarto e se trancaram, mas ouviram os gritos de Jefferson, que estava apanhando do pai:
- Seu viadinho, você me envergonha...
- Pára, pai! Não sou gay... Ai! – E o pai batia ainda mais
- Você me irrita... Músico, viado...
- Pai, isso é só meu trabalho, pai! Eu amo a Maria...
- Cala a boca! – E calou a boca do filho com um soco.
Por fim, Jefferson estava caído no chão, chorando muito, enquanto Jeanne chega e ao ver a cena, joga os livros no chão:
- Mas o que está acontecendo aqui????
- Simplesmente, Jeanne, seu filhinho, MÚSICO, agora deu pra ser mulherzinha daquele Apolo
- Mãe, diz a ele que não é nada disso, diz...
- Jerson, agora você passou dos limites! Jefferson namora a Maria San, e esse trabalho com o Apolo é a arte dele, a profissão dele. E ainda que nosso filho fosse homossexual você não teria o direito de bater no nosso filho até sangrar. Pra fora!
- Como é???
- Exatamente, e se você não for agora, chamo a polícia!
- O que?!
- SAI!!!!!!!!!
Jerson sai de casa, inconformado e vai passar a noite na casa do Roberto Ni. Maria San ficaria na casa do namorado.
As meninas saem correndo do quarto e vêem Jeanne cuidando de Jefferson.
A tristeza tomava conta daquele lar.
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