Podcast Taís Paranhos

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

No Recife, bancários suspendem serviços e fazem atos em agências

As agências bancárias da região central do Recife estão fechadas na manhã desta terça-feira (30), primeiro dia da paralisação nacional da categoria. Funcionam nas agências apenas os caixas eletrônicos de autoatendimento. O sindicato da categoria promove, ao longo do dia, atos na frente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste, na Avenida Conde da Boa Vista, e no Banco do Brasil, na Avenida Rio Branco. Aderiram ao movimento 55% das agências bancárias do estado, segundo o sindicato.
De acordo com a presidente do sindicato em Pernambuco, Jaqueline Mello, ao menos os 46 bancos privados e 17 públicos da região central do Recife aderiram ao movimento. “Em todas as agências, pedimos que se oriente a população a utilizar o autoatendimento. Alguns gerentes podem fazer atendimentos excepcionais, como a entrega de um primeiro cartão da conta”, explica a presidente. O G1 constatou que, na Avenida Conde da Boa Vista, as agências aderiram de fato ao movimento.
A capital conta com 215 agências, enquanto em todo o estado são 600 agências e 12 mil funcionários. A categoria pede melhores salários e condições de trabalho e saúde para os bancários. “A pauta de segurança é um dos nossos pontos, a começar pelo pedido de fim da guarda da chave da agência com os bancários. Isso tem que ficar na mão de uma empresa especializada, para não vermos mais sequestros de funcionários”, destaca Jaqueline.
Desde a semana passada, a categoria vem avisando que vai paralisar as atividades. Ainda assim, muitas pessoas foram pegas de surpresa. Após oito meses desempregado, o pedreiro Bruno Pinheiro conseguiu uma colocação no mercado de trabalho e precisou abrir uma conta, mas não conseguiu. “Isso complica muito a minha vida, são meses de contas atrasadas para pagar. Eu fico muito preocupado”, explica Pinheiro.
A balconista Lane da Silva tinha pagamentos em dinheiro para fazer e se viu sem alternativa. Passou por três bancos e não conseguiu quitar o débito. “Eu ainda não entendo porque eles fazem tanta greve. Fui fazer os pagamentos e não consegui, vim de longe procurando banco”, reclama a balconista.
Morando em Barreiros, na Zona da Mata Sul do estado, a pensionista Edivânia Vicente se organizou durante dois meses para vir ao Recife tentar conseguir um empréstimo no Banco do Nordeste para o filho abrir o próprio negócio. “São umas três horas de viagem, não sabia que ia estar fechado. Não sei o que fazer agora”, afirma a pensionista.
Apesar de não conseguir resolver o que precisava no banco, a comerciante Marilene César apoia o movimento da categoria. “Trabalhador brasileiro só consegue aumentar o salário se fizer greve. A gente trabalha de domingo a domingo para poder ter uma condição melhor de vida e fica nessa situação”, aponta.
A dona de casa Sílvia dos Santos também entendeu a categoria e acha que dá para resolver todas as questões pelo telefone mesmo. “Eles estão é certos de lutarem por melhores condições de trabalho e salário. Todo mundo tem os seus direitos”, destaca.
Reivindicações dos bancários
Os trabalhadores que decidiram pela greve pedem reajuste salarial de 12,5%, além de piso salarial de R$ 2.979,25, PLR de três salários mais parcela adicional de R$ 6.247 e 14º salário. A categoria também pede aumento nos valores de benefícios como vale refeição, auxílio creche, gratificação de caixa, entre outros.
Além do aumento de salário e benefícios, os bancários também pedem melhores condições de trabalho com o fim de metas consideradas abusivas, combate ao assédio moral, igualdade de oportunidades, entre outras demandas.
No sábado (27), o Comando Nacional dos Bancários confirmou o indicativo de greve mesmo após uma nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). As instituições financeiras elevaram o reajuste de 7% a 7,35% para os salários, enquanto o aumento no piso da categoria foi de 7,5% para 8%. No entanto, os novos índices foram considerados insuficientes pelos bancários em reunião realizada em São Paulo.

Em 2013, os trabalhadores do setor promoveram uma greve de 23 dias, que foi encerrada após os bancos oferecerem reajuste de 8%, com ganho real de 1,82%. A duração da greve na época fez a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) pedir um acordo para o fim da paralisação, temendo perdas de até 30% nas vendas do varejo do início de outubro.
Portal G1