Recife, PE — A noite de celebração no Instituto Ricardo Brennand ganhou um tom de delicadeza e força com a interpretação da música “Devagar (que o santo é de barro)”, composta por Petrúcio Amorim nos anos 1980 e eternizada na voz de Jorge de Altinho. A jovem cantora Letícia Barros assumiu os vocais com sensibilidade e presença marcante, acompanhada pelo sanfoneiro Beto Hortis, em uma performance que emocionou o público do São João Sinfônico 2025.
A canção, que se tornou um clássico do forró romântico, carrega a sabedoria popular da expressão “devagar que o santo é de barro” — um alerta sobre a fragilidade dos sentimentos e a importância de agir com cuidado nas relações amorosas. Com arranjos sinfônicos da Orquestra de Câmara de Pernambuco, sob regência do maestro José Renato Accioly, a música ganhou nova roupagem sem perder sua essência afetiva.
Letícia Barros, pernambucana de 22 anos, é uma das revelações da nova geração musical do estado. Com mais de 100 composições autorais e um estilo que mistura MPB, pop rural e folk, ela vem conquistando espaço com sua voz doce e firme. Sua interpretação de “Devagar” foi recebida com silêncio reverente e aplausos calorosos, marcando um dos momentos mais íntimos da noite.
A participação de Beto Hortis na sanfona trouxe o timbre tradicional do forró para dialogar com os instrumentos da orquestra, criando uma atmosfera de encontro entre o erudito e o popular — exatamente a proposta do São João Sinfônico, que celebra os 40 anos de carreira de Petrúcio Amorim e os 23 anos do Instituto Ricardo Brennand.
“Devagar (que o santo é de barro)” foi mais do que uma canção: foi um lembrete poético sobre o tempo do amor, da escuta e da entrega — e Letícia Barros mostrou que sabe conduzir esse tempo com maturidade e emoção.