O chef Ywri Rafael, à frente do restaurante Manuê, está redefinindo os sabores da gastronomia pernambucana com uma proposta que une ancestralidade, sustentabilidade e afeto. Após conquistar os holofotes na Fenearte 2025, onde apresentou uma culinária profundamente conectada às raízes nordestinas, Ywri segue expandindo sua atuação — agora também com destaque na Mara Cakes Fair, evento nacional voltado à confeitaria criativa.
No coração do Manuê, cada pão, cada bolo, cada torta conta uma história. O brioche, por exemplo, é feito com farinha, massa e amido de mandioca, além de um toque de grão-de-bico, garantindo textura e sabor únicos. Sem leite, açúcar ou trigo, ele carrega apenas ovos como ingrediente não vegano. Já o pão integral multigrãos — inspirado nos pães industrializados que muitos consomem no dia a dia — é uma versão artesanal e nutritiva, feita no fogo e com ingredientes 100% naturais.
A estrela da casa, no entanto, é a baguete de fubá branco de milho crioulo, carinhosamente chamada de “nosso pão querido”. Produzida com dedicação e respeito à terra, ela representa o compromisso do Manuê com a agricultura orgânica e livre de transgênicos. “Até a gordura que usamos é orgânica”, afirma Ywri, reforçando que tudo ali é feito com paixão e propósito.
O Manuê está prestes a ganhar um ponto físico no Bairro das Graças, em Recife. A escolha do imóvel foi estratégica: longe de qualquer produção industrial de pães, respeitando a filosofia da casa de não competir com estruturas que não compartilham dos mesmos valores. “A diversão de luta é tenebrosa”, diz Ywri, referindo-se ao desafio de manter a integridade do processo artesanal em meio à lógica industrial.
O espaço será mais do que uma padaria — será um espelho de praça, onde o público poderá acompanhar o preparo dos alimentos, ver os murais e sentir o calor humano que move o Manuê. “A gente preza pela saúde e pela felicidade. A Manuê tá aqui pra provar que tem fogo”, declara o chef, com a intensidade de quem acredita que comida é resistência, é cuidado, é vida.
Enquanto o novo capítulo se desenha, os seguidores acompanham cada passo pelas redes sociais do Manuê. “Acho que o roteirista da minha vida é doido”, brinca Ywri, sobre os altos e baixos da jornada. Mas o fogo segue aceso — e com ele, a promessa de uma gastronomia que alimenta muito além do corpo.