quinta-feira, 9 de maio de 2024

Convênio da SEAP com empresa privada resulta em projeto social e transforma vida de presas da Colônia de Abreu e Lima


Um convênio firmado entre a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP/PE) e a empresa Arte Pedras vem mudando, há pouco mais de um ano, a vida de mulheres presas da Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL). A transformação vem do trabalho em que pedras viram utensílios de casa e objetos decorativos. O convênio, até então um acordo para dar oportunidade de trabalho às apenadas, se transformou no Projeto Ressignificarte, idealizado pela empresária Taciana Salviano.  

Aline Epifânio, 30 anos, e Manuelle Rayane, 26, estão sob o regime aberto e semiaberto, respectivamente, e trabalham na fábrica da Arte Pedras, instalada na área externa da CPFAL. Do local, saem peças como boleiras, tábuas para mesa posta, porta-copos, porta-talheres e bandejas. A produção varia de acordo com o grau de dificuldade da peça, com uma média de três unidades diariamente. “Uma das coisas que eu trabalho com as meninas é esse olhar da excelência, do capricho, delas fazerem tudo muito bem feito, porque as pessoas não vão comprar as peças por pena, mas porque são bonitas e vale a pena comprá-las”, explicou Salviano. Uma outra reeducanda está em processo de contratação. 

De acordo com a empresária, “o projeto não tem fins lucrativos. É o que eu sempre falei que é para vidas, é sobre vidas. O recurso da venda das peças é revertido para o projeto, para pagar os salários, os custos de energia, internet do espaço, ou qualquer outra coisa. Também a gente faz uma feira mensal para as meninas”, detalhou. Ainda segundo ela, há uma psicóloga no Resignificarte que as atende às segundas-feiras prestando todo o apoio emocional.  

“Muitas dessas mulheres nunca tiveram na vida a oportunidade de trabalhar, então buscamos, com o apoio de empresas privadas e órgãos públicos, ofertar vagas de emprego. O processo se inicia ainda no regime fechado, dentro da unidade, e se estende aos regimes semiaberto e aberto, abrindo os caminhos para a inserção social”, explicou a gerente da CPFAL, Elisângela Santana. Ambas possuem Carteira do Artesão, viabilizada pelo projeto.   

De acordo com a Lei de Execução Penal, entre os benefícios para as reeducandas estão 75% do salário mínimo e a remição de pena de um dia a menos a cada três trabalhados. Para as empresas, há vantagens na isenção de encargos trabalhistas, mão de obra qualificada e baixo número de faltas, entre outras. Há em Pernambuco cerca de 5.400 presos trabalhando e 23 empresas privadas conveniadas. “Faz um ano do projeto e um ano que saímos desse lugar [da CPFAL]. Estamos nos parabenizando, durante esse um ano de projeto aconteceu muita mudança na minha vida, eu não esperava que ia ter tanta conquista. Conquistei tudo que eu queria com o suor do meu rosto”, conta a artesã Rayane.    

*Eventos*: Fazer parte da empresa Arte Pedras e do Projeto Ressignificarte oportuniza às reeducandas participarem de eventos como Fenearte, CasaCor, Casa Pronta, além de desenvolver peças para Estúdio Galho. Na Fenearte de 2023 expuseram suas peças no Espaço Janete Costa, renomada arquiteta, designer e curadora pernambucana. 

Imprensa SEAP PE