O Brasil perdeu neste sábado (13), um de seus maiores gênios musicais: Hermeto Pascoal, multi-instrumentista, compositor e improvisador, faleceu aos 89 anos, cercado por familiares e músicos de sua banda, exatamente como desejava — com música ao redor.
A notícia foi confirmada por sua equipe em comunicado oficial: “Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual... A música universal segue viva.”
Conhecido como O Bruxo, Hermeto transformava qualquer som em música — de apitos de chaleira a grunhidos de porcos. Sua obra atravessou fronteiras e gêneros, misturando jazz, forró, baião, e sons da natureza com uma liberdade criativa radical.
Um gênio autodidata
Nascido em 22 de junho de 1936, em Lagoa da Canoa (AL), Hermeto foi albino e não pôde trabalhar na roça, o que o levou a mergulhar no universo sonoro desde cedo. Tocava sanfona com o irmão em festas locais e criava instrumentos com mamona e jerimum.
Na década de 1950, mudou-se para o Recife e depois para o Sudeste, onde integrou a Orquestra Tabajara e o Quarteto Novo, ao lado de Airto Moreira, Heraldo do Monte e Théo de Barros. Em 1969, foi levado aos Estados Unidos por Airto, onde gravou com Miles Davis, que chegou a usar composições de Hermeto sem dar crédito — algo que o brasileiro encarou com humildade.
Reconhecimento e legado
Hermeto é reverenciado mundialmente por sua abordagem única à música. Em 2019, foi premiado com o Grammy de Melhor Disco de Jazz Latino, consolidando seu nome entre os maiores artistas do planeta.
Sua biografia, Quebra Tudo! – A Arte Livre de Hermeto Pascoal, narra sua trajetória e destaca sua inventividade sem limites. Até seus últimos dias, Hermeto seguia compondo, tocando e ensinando — sempre com humor, generosidade e espírito livre.
Uma despedida em tom maior
A família pede que, em vez de tristeza, o público celebre sua vida com som — tocando uma nota, cantando, deixando a chaleira apitar. Como ele dizia: “Tudo é música”. Hermeto Pascoal deixa um legado imortal e uma lição profunda: a música está em tudo — basta ouvir.