Uma transformação de grande impacto está redefinindo a paisagem e a dinâmica urbana do Recife. As obras em andamento no Cais José Estelita prometem entregar à cidade um novo sistema viário moderno, amplas áreas verdes para lazer, o resgate da rica história ferroviária local e uma conexão mais fluida entre o centro e a zona sul. O ambicioso projeto, fruto da colaboração entre o Consórcio Novo Recife, a Prefeitura do Recife, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), representa um marco no desenvolvimento urbano da capital pernambucana.
O coração da intervenção reside na implantação de um novo sistema viário que visa otimizar o fluxo de veículos entre o Centro e a Zona Sul. O antigo traçado da Avenida Engenheiro José Estelita dará lugar a um binário com três faixas de rolamento em cada sentido, acompanhado de calçadas amplas, ciclovias bidirecionais e uma completa infraestrutura subterrânea para redes de energia, internet, gás e saneamento. A nova configuração, com duas avenidas paralelas e retornos estratégicos, busca reduzir o tempo de deslocamento e melhorar a fluidez do tráfego. Com cerca de 90% da obra viária concluída e um investimento total estimado em R$ 50 milhões, a entrega está prevista para junho de 2025.
Para além da mobilidade, o projeto presenteia a cidade com dois importantes parques.
O parque da orla, com mais de 33 mil m², será um novo oásis de lazer à beira da Bacia do Pina. Com previsão de início das obras no primeiro semestre de 2025 e conclusão até o final de 2026, o espaço contará com 1,7 quilômetros de ciclovias, calçadas acessíveis, áreas de convivência, parques infantis segmentados, um "parcão" para pets e a revitalização de três casas históricas para uso público. Uma das inovações será a transformação da antiga alça do viaduto em uma área verde com lago, integrando-se organicamente ao parque. A segurança e a infraestrutura também são prioridades, com videomonitoramento, iluminação em LED e presença da Guarda Municipal.
Em um tributo à história da cidade, o projeto também contempla a criação do Parque da Memória Ferroviária, com 55 mil m² dedicados ao resgate do passado ferroviário do Recife. Localizado entre o Forte das Cinco Pontas e o antigo eixo ferroviário, o parque preservará a memória da segunda linha de trem do Brasil, crucial para o desenvolvimento econômico da região. O projeto, desenvolvido em diálogo com o paisagismo do parque da orla, restaurará bens tombados pelo Iphan, como a antiga estação ferroviária, a caixa d’água e cerca de 30 galpões e casarios históricos, com um investimento de R$ 30 milhões. A primeira etapa de intervenções está prevista para o primeiro semestre de 2025. A proposta é transformar esses espaços em um polo cultural dinâmico, com potencial para abrigar desde ações educativas e eventos culturais até espaços gastronômicos, esportivos e iniciativas do Porto Digital.
Um diferencial do projeto Novo Cais é a quebra do modelo tradicional de condomínios fechados. Os empreendimentos residenciais, como o Mirante do Cais e o Parque do Cais, apresentam fachadas ativas com espaços comerciais abertos ao público, promovendo a vitalidade urbana e a integração com o entorno.
Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, empresa integrante do Consórcio Novo Recife, destaca a visão por trás do projeto: "Estamos promovendo um novo conceito de viver o Recife. Queremos que as pessoas se sintam parte desse lugar, que venham caminhar, pedalar, contemplar e conviver. O Novo Cais é um espaço pensado para todos, onde a cidade se encontra com sua história e com o futuro ao mesmo tempo."
A modernização da infraestrutura urbana também é um pilar fundamental do projeto, com a instalação de uma nova rede subterrânea para energia elétrica e transmissão de dados, garantindo mais segurança e um visual urbano mais limpo. Adicionalmente, o sistema de drenagem pluvial da região foi completamente redesenhado para solucionar históricos problemas de alagamento no bairro de São José.
A entrega do novo sistema viário está prevista para junho de 2025, enquanto a conclusão total do parque da orla deve ocorrer até o final de 2026. A operação dos parques será de responsabilidade da Prefeitura do Recife. O Parque da Memória Ferroviária ainda depende de aprovações e da busca por recursos públicos para sua implantação completa, além da recuperação dos bens tombados, que é uma obrigação contratual do consórcio.
O Novo Cais José Estelita se configura como um projeto transformador para o Recife, unindo mobilidade moderna, espaços de lazer inovadores e o resgate da memória histórica em um complexo urbano que promete impulsionar o desenvolvimento social, cultural e econômico da cidade.