terça-feira, 15 de maio de 2018

Morre atriz trans Cláudia Celeste

A atriz Cláudia Celeste, primeira travesti a atuar em novelas no país, morreu na madrugada deste domingo (13), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família nas redes sociais. Segundo amigos, a atriz estava com pneumonia e o quadro se agravou.

Carioca de Irajá, Cláudia começou a carreira nos anos 1970, após trabalhar como cabeleireira em Copacabana, Zona Sul da cidade. Seu primeiro grande espetáculo foi “O mundo é das bonecas”, em 1973, no Teatro Rival, na Cinelândia. Produzido por Américo Leal, o show de travestis foi o primeiro a obter uma licença do governo, depois que eles foram banidos pela ditadura militar em 1969.

Em 1977, o diretor Daniel Filho assistiu à revista “Transetê no fuetê” e resolveu incorporar um número do espetáculo na novela “Espelho mágico", da TV Globo, sem saber que Cláudia era travesti. A atriz contracenou com a mocinha Sonia Braga. Sua participação na novela, no entanto, foi cancelada depois que a imprensa celebrou a primeira travesti na TV.

"Antes, ninguém sabia que eu era travesti, nem Daniel Filho. Ninguém nunca me perguntou! E, como ficou muito ti-ti-ti, tiraram os capítulos que eu já tinha feito", contou a atriz em entrevista à revista "Geni", em 2013.

Em 1988, a artista foi a primeira travesti a fazer uma novela do início ao fim: “Olho por olho”, na extinta TV Manchete. Em 2016, Claudia foi homenageada na primeira edição do Festival TransArte, evento que trata de identidade de gênero e sexualidade. A atriz era casada com o ator e bailarino Paulo Wagner.

Jornal O Globo (Rio)