domingo, 14 de setembro de 2025

JeisiEkê de Lundu leva instalação afro-brasileira à França em mostra internacional


A artista visual JeisiEkê de Lundu será uma das representantes brasileiras na itinerância internacional da exposição Raízes – Começo, Meio e Começo, que será inaugurada no próximo dia 18 de setembro, às 18h, no Espace d’exposition Parcs et Jardins de la Maison Blanche, em Marselha, França. A mostra integra a programação oficial da Temporada Brasil–França 2025 e reafirma a potência das expressões afro-brasileiras no circuito artístico global.

Com curadoria de Jamile Coelho e Jil Soares e produção de Paula Vaz, a exposição apresenta um novo recorte da mostra realizada em Salvador em 2024, destacando a diversidade cultural da população afrodescendente e os processos de ressignificação de saberes, imagens e palavras que atravessam a diáspora africana.

Na ocasião, JeisiEkê apresenta uma nova montagem da instalação “quem procura o que não guardou quando encontra não reconhece”, obra originalmente concebida em sua exposição individual Derramei minhas fábulas em seiva de terra com meus olhos d’água (2024) e posteriormente exibida no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador, como parte da mostra coletiva Raízes.

A instalação, que nasceu como um desenho-mensagem ancestral, evoluiu para uma composição tridimensional que reúne elementos orgânicos como cascas de insetos, miolos de árvore, tecidos, pratos com tinta, espelhos e uma árvore de papel. O conjunto cria um espaço ritual que homenageia a ancestralidade e convida à reflexão sobre as urgências históricas do Brasil.

“Esta instalação nasceu como um desenho, uma mensagem ancestral que quis se materializar no mundo. Primeiro surgiu a árvore, depois o gráfico em forma oracular, tentando ser a boca de muitos mundos”, afirma JeisiEkê. “Ao mesmo tempo que é uma ode à ancestralidade, a instalação nos lembra da urgência de olhar para nossas origens e perceber como o estado-nação foi formado.”

Reconstruída em Salvador e enviada para Marselha, a árvore-ícone da obra será remontada pela própria artista, reafirmando o caráter efêmero e processual de sua criação. O título da instalação remete a um provérbio herdado de sua mãe e de seu avô, evocando a força da oralidade e da transmissão de saberes ancestrais.

Natural da fronteira entre Minas Gerais e Bahia, JeisiEkê de Lundu vive e trabalha em Salvador. Formada em Artes pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), constrói uma trajetória marcada pela transversalidade entre linguagens, transitando pela performance, pintura, escultura, instalação e cinema. Sua produção artística emerge como gesto de resistência e invenção, enraizada em experiências de corpo, território e ancestralidade.

Além de exposições individuais e coletivas, JeisiEkê também desenvolve microfilmes, escreve, dirige espetáculos e videoclipes, e assina figurinos, adereços e maquiagens. Sua obra transforma memórias pessoais em fabulações coletivas, propondo uma estética que cruza cura, memória e biopolítica em uma encruzilhada afrodiaspórica sertaneja no Atlântico.

Serviço  
📍 Instalação: “quem procura o que não guardou quando encontra não reconhece”  
👩‍🎨 Artista: JeisiEkê de Lundu  
🗓️ Inauguração: 18 de setembro de 2025, às 18h  
📌 Local: Espace d’exposition Parcs et Jardins de la Maison Blanche, Marselha, França  
🔗 Parte da Temporada Brasil–França 2025  
📲 Mais informações: @jeisieke no Instagram