Recife, PE – O comércio pernambucano deve movimentar cerca de R$ 183 milhões no Dia dos Pais deste ano, uma projeção que representa uma retração de 2,3% em comparação com o mesmo período de 2024. A estimativa, divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE), leva em conta o histórico da data, os preços atuais e os indicadores econômicos regionais.
De acordo com a Fecomércio-PE, a inflação em itens tradicionalmente procurados como presentes, além da alta taxa de desemprego no estado, são os principais fatores que explicam a expectativa de recuo nas vendas. Segundo dados do IBGE, no acumulado de 12 meses até junho de 2025, o vestuário acumulou alta de 4,68%, enquanto calçados e acessórios subiram 3,03% e os relógios de pulso, 3,04%. Videogames, uma alternativa de presente de maior valor agregado, registraram uma inflação ainda mais expressiva, de 9,38% no mesmo período.
Outro fator que impacta negativamente as projeções é a elevada taxa de desocupação. Pernambuco registra a maior taxa de desemprego entre todas as unidades da federação, atingindo 11,6% da população economicamente ativa. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), que vinha apresentando uma tendência de queda desde o primeiro trimestre de 2024, houve uma reversão, com novo avanço. Entre as regiões metropolitanas brasileiras, o Recife lidera o ranking de desocupação, seguido por João Pessoa (11,4%) e Rio de Janeiro (11,3%).
Para Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE, o Dia dos Pais ainda é uma oportunidade relevante para o varejo. “A data favorece o relacionamento com os consumidores, seja por meio de produtos com apelo afetivo, seja por condições promocionais. A ampliação dos canais de atendimento, inclusive digitais, pode ser estratégica para atrair novos públicos e ampliar as vendas”, afirmou.
Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE, complementa a análise: “O valor estimado aponta para leve queda nas vendas em relação ao ano anterior, considerando a margem de variação estatística. O atual cenário, com taxa básica de juros ainda elevada e persistência do desemprego, limita a propensão das famílias ao consumo, especialmente diante das pressões inflacionárias sobre itens comumente adquiridos nesta data, como vestuário e calçados”.
A estimativa de vendas foi obtida a partir de um modelo de regressão linear múltipla baseado em dados mensais da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC/IBGE) para Pernambuco, utilizando variáveis como número de pessoas ocupadas, taxa de inflação (IPCA) e número de estabelecimentos comerciais (RAIS).